Dentro de sensivelmente três semanas, e como tem vindo a acontecer desde de há dois anos a esta parte, vou trocar temporariamente o Algarve pelo Allgarve, “um destino turístico de qualidade, associado ao glamour e sofistação”. Apesar da pouca distância temporal até ao início desta “experiência que marca”, a agenda ainda não está definida, embora se saiba desde já que ocorrerão eventos nas áreas do desporto, da música (no qual se inclui o Festival Med, o meu preferido), da gastronomia, da arte, entre outros.
Quanto aos preparativos, alguns já se iniciaram e um pouco por toda a cidade de Faro, e presumo que por todo o Algarve, já se vai percebendo que tudo irá ficar pronto a tempo. Este ano existem algumas inovações. Em primeiro lugar a parceria existente entre o Turismo do Algarve e a Câmara Municipal de Faro intensificou-se, e por toda a cidade já se encontram cartazes com funções meramente estéticas que informam sobre algumas das intenções da edilidade (muitas delas já conhecidas há anos…). Em segundo lugar a possibilidade de desenvolver no nosso país, utilizando recursos totalmente nacionais, o estilo peculiar das especialistas de moda Trinny e Susanah.
Posso dizer que muito aprendi com estas senhoras. Desde as saias mais adequadas ao meu tipo de corpo, passando pelas camisolas de decote em V (as que enquadram melhor as minhas mamocas) até aos acessórios, todos os conselhos foram sempre muito úteis e ajudaram-me a perceber como é que devo tirar partido da roupa. Foi por essa razão que fiquei feliz (e aqui agradeço a Tiago Coen que prontamente me alertou para este facto) quando percebi que também já em Faro (embora ainda a uma escala muito reduzida) o “What not to Wear” já tinha a sua própria agenda.
A abertura da Loja do Cidadão, inaugurada dia 3 de Abril, foi rodeada de preparativos inovadores que incluíram um workshop ao género “What not to Wear”. A formação destes administrativos foi muito mais do que desenvolver competências que lhes permitam realizar um pedido de Cartão de Cidadão num tempo de espera inferior a 7 horas e entregar esse documento sem que para tal seja necessário esperar mais de 2 horas. Estes funcionários desenvolveram também competências ao nível da assertividade que incluiu a sua forma de vestir. De acordo com a formação promovida pela Agência de Modernização Administrativa e para que não se ponha em causa o atendimento de qualidade que se pretende, as funcionárias foram proibidas de usar saias curtas, decotes, saltos altos, roupa interior escura, gangas e perfumes agressivos.
Se por um lado me congratulo por Portugal ter tido o arrojo de encontrar também fashion guru’s que nos ensinem a bem vestir, por outro lado sinto-me triste por mais uma vez não termos sido capazes de encontrar técnicos de elevado valor. Se a Trinny e a Susanah tivesse conhecimento desta lista iriam prontamente rebater ponto por ponto estas intenções de bom gosto. Todos sabemos que se as pernas são bonitas uma saia curta só pode assentar bem, se as camisas apertam desabotoar proporciona alívio, se a elegância é inexistente uns bonitos sapatos de salto alto trazem-na de volta, se umas calças são brancas umas cuecas de cor branca não são aconselháveis (especialmente nas africanas) e se a ganga for escura o requinte impera.
Sei sem hesitação, que não possuo as condições exigidas para trabalhar na Loja do Cidadão, mas sinto-me um pouco preocupada por ser funcionária pública e trabalhar em Faro, pois tenho receio que estes conselhos se estendam a outras áreas da Administração Pública.
Apena curiosidade, claro. mas perguntei porque podia ser nalguma das escola que frequentei e provavelmente a sua disciplina podia ser uma daquelas que eu gostei mais. Veremos.