O regresso nunca foi para mim uma tarefa difícil. Sempre ansiei por recomeçar tudo, ou melhor quase tudo, o que deixava inacabado ou por continuar sem final previsível. É com isto em mente que optei hoje por tentar postar mais um modesto reflexo da minha vida, embora o entusiasmo inicial da obra não esteja a ser acompanhado pelo fluir fácil das palavras.
Nestes quase três meses, muitas coisas aconteceram mas considero hoje que apenas uma delas foi responsável por este largo afastamento – a compra de um notebook. Mas como a minha vida de transparente tem tudo e de conspiração não tem nada, já se sabe que quem este texto ler, irá perceber porque é que determinados acontecimentos relacionados com as questões politicas actuais se desenrolam tomando o rumo que tomam.
A partir do momento que adquiri o meu notebook vi a minha vida mais dependente dos meios informáticos do que era até então. Passei a transportá-lo para quase todo o lado e a exibi-lo orgulhosamente. Sentia-me admirada por miúdos e invejada por graúdos. Mas à medida que o tempo passava fui-me enredando na teia que tecia sem ter consciência do que se estava a passar à minha volta.
Como que em jeito de troada, o meu antigo portátil reclamava a minha atenção que repentinamente se ausentara. Ele “crashava” a toda a hora, recusava-se a encerrar e até se negava-se a reconhecer qualquer pen ou disco de armazenamento. Ora se o notebook já tinha dentro dele um bocadinho da minha vida, imaginem o que se passava com o meu companheiro dos últimos quatro anos cujos circuitos, placas e memórias já eram por mim considerados uma extensão das minhas próprias entranhas.
Depois de semanas de ponderação e de muita desfragmentação e remoção de programas à mistura, tomei uma das decisões mais difíceis dos últimos tempos – formatar o disco. Apesar dos muitos receios, a tarefa foi levada a cabo e cerca de 30 minutos depois tudo estava terminado e o meu velhinho portátil já fazia uns plin’s e até já reconhecia as pen’s. Mas foi então que começou a tarefa mais árdua de todo o processo – era necessário actualizar, actualizar, actualizar…
Sempre que desligava o computador, lá aparecia o ícone correspondente que me avisava das actualizações assegurando-me que quando as estas terminassem, ele se desligaria automaticamente. Depois lá ficava eu a olhar para o monitor com um ar babado e ao mesmo tempo deslumbrado, vendo a contagem crescente de actualizações que ele fazia. Dessas actualizações poucas são aquelas cujo efeito eu realmente experienciei, mas acredito que todas tinham sido melhorias efectivas e não meras acções de cosmética.
Curiosamente ontem, senti que este processo tinha chegado ao fim e fiquei feliz. Claro que, quase simultaneamente, percebi que as minhas actualizações podem ter terminado, mas o processo de modernização já tinha extravasado a minha casa e neste momento atingia já alguns domínios políticos e da sociedade.
O primeiro sinal veio do Ministério da Educação, que mais uma vez é um elemento catalisador de mudança. Desta vez o software que se actualiza é o Estatuto da Carreira Docente. Nesta nova versão, existem diferenças anunciadas como grandes mudanças que não passam de mera cosmética e outras que deveriam passar despercebidas ao utilizador mas que afinal são cruciais.
Mais uma vez há quem não esteja a aprender com os melhores e prefira a cópia pirateada em vez do original de qualidade.