Hoje termina o Verão e com ele chega o Outono, a minha estação preferida. Com o fim da época estival, também tudo parece entrar na normalidade: não há mais barraquinhas, nem colunas a debitar vários quilowatts de som na doca de Faro; já é fácil chegar até à Praia (pena que não haja nem uma “ondita”…) e até já se conseguem fazer umas compras no Jumbo…
Mas de tudo o que aconteceu este fim-de-semana saliento a festa de encerramento do Nikki Beach de Vilamoura. Foi assim uma espécie de encerramento da silly season, em que todos deveriam ir vestidos da mesma cor - o vermelho (ou de encarnado como dizem os meus conterrâneos; é mais chique…) – e desfrutar do set promovido pelo DJ Ravin (desfrutar é mesmo a palavra exacta, pois naquele sítio não se dança, vá lá saber-se porquê…). Claro que na noite passada, o destino fazia das suas e as coisas não iriam correr como previsto.
O recinto não se enchia de pessoas, o dress code não era respeitado e havia mesmo quem dançasse num espaço exíguo, o único protegido da cacimba que não ia embora. Os empregados vestidos de branco distribuíam toalhas aos poucos clientes que ainda por lá estavam, o DJ aceitava pedidos de música e os “conhecidos” não conseguiam camuflar o ar aborrecido provocado por aquela noite fria. Não havia muito para fazer, as bailarinas não dançavam nada de jeito, os ingleses estavam completamente bêbados, a “oferecida” insistia em manter os seus seios em cima da mesa de mistura do DJ e até a ausência/presença de roupa interior feminina nalgumas das presentes já não suscitava comentários.
É então que tenho uma epifania: vejo um indivíduo cabisbaixo revelando uma elevada mestria em manter o seu rosto oculto pelo seu longo cabelo, todo vestido de preto e que numa primeira aproximação se poderia classificar de gótico. À medida que a música que passava se ia tornando mais comercial, também o “Gótico” alterava o seu comportamento: já batia ritmadamente o pezinho e até fazia um ou outro arqueio de anca. Percebi que por muito gótico que ele fosse, lá no fundo, mas bem no fundo, de certeza que seria um betinho.
É assim que a minha visão dos outros muda radicalmente e agora quando oiço, por exemplo, o Pedro Passos Coelho sei que ele no seu íntimo gostaria de ser o Eládio Clímaco e apresentar o Eurofestival da Canção (isto para não falar de outras sensações que a voz daquele homem desperta em mim; a do PPC, é óbvio…). Quanto a mim, acho que chegou a altura de assumir que às vezes (muito raras), embora tal facto não se descortine através da minha imagem usual, também sou um pouco bimba – é que eu gosto de ouvir o Luís Miguel cantar!