O Calcitrim é um suplemento alimentar de cálcio anunciado em vários programas televisivos em directo. A determinada altura, o programa é interrompido, o apresentador ou apresentadora dirige-se a uma bancada onde se encontra uma bonita rapariga com ar simpático que explica, utilizando linguagem acessível, o que acontece aos nossos ossos com o passar dos anos e como esses efeitos podem ser atenuados com a toma destas pílulas.
O apresentador ou apresentadora mostra um encenado interesse pelo produto e entabula questões que não passam de repetições do que já foi dito pela promotora. Tudo é feito de forma simples, clara e objectiva. Não sei se vendem muitas embalagens do produto em questão, mas o que é certo é que jamais o compraria; o que anunciam não passa de uns simples comprimido com cálcio que, quase de certeza, pode ser adquirido em farmácias ou parafarmácias por um preço mais acessível e com a garantia de que todo o processo produtivo decorreu de acordo com as normas que regulamentam essa área de negócios.
Parece-me que toda a propaganda assenta em realidades inegáveis, no entanto, a desconfiança sobre quem vende o Calcitrim, onde é fabricado, quais os procedimentos de qualidade e muitas outras coisas, despertam em mim ainda maior vontade de nunca me aproximar de tais pílulas. A desconfiança é o sentimento que impera cada vez que vejo o espaço de anúncio ao Calcitrim e a todos os produtos anunciados pela mesma empresa.
O discurso proferido pelo Presidente da República, Cavaco Silva, nas comemorações do 25 de Abril deste ano sofreu do mesmo mal. Das suas palavras sobressaíra duas - a credibilidade e a potencialidade. Estes dois adjectivos utilizados para caracterizar Portugal, transmitiram a ideia de um país com valor e pronto para qualquer desafio, ideia confirmada pela lista de exemplos positivos com a qual fomos brindados. Foram focados vários domínios, desde a Ciência e Tecnologia até à Cultura, passando pela Economia. Destacaram-se também algumas personalidades como arquitectos e cineastas.
Tal como no Calcitrim, a comunicação foi simples, clara e objectiva e ninguém duvida do valor dos que foram nomeados nem da importância do que já muito foi alcançado pelos portugueses. Mas também, tal como no Calcitrim, a desconfiança sobre quem gere o país é enorme e a certeza de que o que o Governo faz assenta em procedimentos pouco claros que se afastam dos parâmetros definidos é quase absoluta.
. Um suplemento de cálcio.....
. Um furo num pneu... ou co...
. Uma experiência quase cie...