A Media Markt fez um dia de vendas sem IVA. As pessoas acorreram em massa. Fizeram filas à porta para serem as primeiras entrar, correram como se de uma largada de touros se tratasse e levaram tudo o que conseguiram. Muitos alegaram a poupança efetiva que conseguiam com a compra, outros nem faziam ideia do que realmente poderiam economizar e ainda havia quem não fizesse ideia do que era isso de os produtos não terem IVA.
Já eu, não me deixo impressionar com um desconto de 23% que é o do que se trata aqui. É frequente conseguirem-se descontos dessa ordem de grandeza, mesmo em eletrónica, em várias lojas ou mesmo superiores no comércio on-line. Eu quando quero, quero tudo. Tudo de borla por assim dizer. E para ser franca, até o consigo com alguma frequência. Sou ardilosa, já sei, mas sou também observadora, minuciosa e atenta aos detalhes e por isso partilho mais uma descoberta que me parece desde já fantástica (e não é só porque recebi o produto sem o pagar).
A publicidade do Revitalift Magic Blur promete resultados logo no primeiro dia. Segundo a L’Oréal Paris, o creme corrige, alisa e suaviza logo desde a primeira aplicação. Apesar da minha idade e de ter muito com que me preocupar na cara, rugas profundas ainda não existem. Comecei o período de experiência do creme e nada. A cara não ficava mais lisa, as manchas não desapareciam e os poros não ficavam mais fechados e nem os traços da Eva Longoria reconhecia em mim mesmo. Como sou uma grande fã dos cremes anti-rugas da Nivea (fã mesmo…troquei a Shiseido por eles) pensei que o melhor seria continuar com a minha rotina usual e aproveitar o Revitalift Magic Blur para o corpo (é assim um aproveitamento que faço para não deitar nada fora). E não é que as rugas do colo já muito acentuadas por um peito grande e pesado desapareceram logo após a primeira aplicação.
Não sei se o efeito será duradouro. Afinal de contas a publicidade fala em suavizador ótico, o que poderá indicar que tudo não passará de uma mera ilusão, mas já ando a poupar a embalagem pois os decotes serão os reis deste Verão.
A forma como enfrento o meu avanço etário e as transformações que vão ocorrendo no meu corpo tem sido serena pois já não me preocupam coisas como os cabelos brancos, muitos cabelos brancos que tenho, a gordura instalada antes da plenitude da idade adulta ou a ruga (muito bem hidratada com óleo de rosa mosqueta) que brotou recentemente.
De entre estas transformações existe uma que tem sindo muito bem-vinda, embora não tenha a certeza que ela tenha sido uma natural evolução do meu organismo. Falo dos pelos, dos indesejáveis claro, que desde cedo depressa invadiram o meu corpo. Com o passar dos anos, esta cobertura pilosa foi desaparecendo, quer porque as sessões de depilação definitiva acabaram com ela, quer porque a sua erradicação natural está sendo orquestrada pelas minhas hormonas ou simplesmente porque já não quero saber nada dessas presenças inestéticas que quebram a harmonia das minhas toilletes mais reveladoras.
Ainda me lembro de quando era parecida com a Madonna e tentava a todo o custo depilar as minhas fartas axilas, ora com cera, ora com a boa da gillete. Também ainda recordo com algum detalhe as borbulhas das virilhas deixadas pelo rebentar dos pelos grossos e negros que teimavam em vir sempre conhecer a luz do Sol ou a ponte entre as duas sobrancelhas que embora ténue, incomodava como se não o fosse.
Sinto-me feliz com o facto de, agora depois dos 40 anos, já nada disso me incomodar e auguro pela chegada dos 50 anos altura em que o incómodo já não existirá pois terá sido substituído pelo relaxo total, sinónimo de moda naturalista que abraçarei de alma e coração.
Num ano situado algures na primeira década do milénio, um acontecimento fortuito plantou em mim a necessidade de escrever alguns textos reflexivos que eram posteriormente partilhados com algumas pessoas e que viriam constituir a fase embrionária deste blog. Esse acontecimento prendia-se com a disparidade existentes entre o meu corpo e o meu aspeto facial, que levou uns jovens a afirmarem em pleno corredor de material de papelaria no Jumbo que eu tinha um corpo muito giro mas uma cara de velha.
Talvez oito ou nove anos passaram desde este acontecimento, mas o que é certo é que ao longo de quase esta década, posso ter melhorado em muitos aspetos, mas a gordura instalada mantém-se grudada a todas as partes do meu corpo e as rugas a medo lá se vão aparecendo (é verdade, já tenho uma ruga). Agora que sou uma doente cardíaca, os ultimatos são constantes: tem de perder nem que seja meio quilograma; vá correr todos os dias; uma passadeira nem ocupa muito espaço depois de arrumada…
A pressão que advém das palavras sábias e ameaçadoras do meu cardiologista – Veja lá, se agora aos 40 anos, quer ficar doente como se já não fosse jovem… - têm não só alterado a minha rotina, mas também preocupado todos os que me rodeiam. Agora não há situação em que não tenha de explicar o que tenho, porque tenho, o que estou a fazer e como estou a fazer etc, etc.
Curioso é perceber que as posições e conselhos e tudo o mais que é opinado sobre mim, se extremaram. Ontem no ginásio, disseram-me que era impressionante eu estar com problemas de saúde: se eu tinha o aspeto que tinha e era doente cardíaca, como não estariam os comuns mortais. É óbvio que a descarga emocional provocada por tais galanteios foram suficientes para me motivar numa corridita e em mais uns minutos de elíptica.
O problema foi quando cheguei ao meu local de trabalho e um colega veio ter comigo, abraçou-me e sussurrou-me ao ouvido: será que os teus problemas de saúde não terão a ver com o teu excesso de peso??!!
Ainda bem que os putos do Jumbo já não sabem quem eu sou.
. O poder da publicidade......
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