Quinta-feira, 13 de Março de 2014

Diário de uma cardíaca (III)... ou como o tamanho realmente não é o mais relevante

 

 

 

 

Sempre que um médico me prescreve qualquer coisa sei que o primeiro comportamento que terei na farmácia será o de abrir a embalagem e arfar de desespero porque o comprimido é demasiado grande, tem uma forma que dificulta a deglutição ou não é escorregadio como uma rebuçado. Por isso é que quando percebi que o tamanho do bisoprolol que teria de tomar era totalmente adequado para eliminar este meu sofrimento fiquei muito feliz.

 

Mas isto da felicidade é etérea  e rapidamente descobri que a ansiedade depositada na mega-cápsula de magnésio que era necessário tomar todas as noites deveria ser desviada para o pequeno quarto de bisoprolol com o qual regulava o meu ritmo cardíaco. É que o danado insistia em me causar todo o tipo de efeitos embora sem que eu os associasse à droga.

 

Tudo isto foi alvo de inúmeras conversas com o cardiologista, que me confidenciou que tinha dúvidas sobre o mesmo, uma vez que se tratava de um medicamento genérico. Já eu, com a altivez de alguém muito esclarecido e com um profundo conhecimento das coisas, desvalorizei de forma veemente o que ele me dizia. Afinal “um medicamento genérico é um medicamento com a mesma substância activa, forma farmacêutica e dosagem e com a mesma indicação que o medicamento original, de marca, que serviu de referência”.  

 

Depois do episódio das alucinações troquei por iniciativa própria o genérico pelo original, e…SINTO-ME MUITO BEM! A partir de agora passarei sempre a querer o original, excepto quando se tratar do paracetamol- é que há uma marca com um genérico tão fácil de engolir…

publicado por Veruska às 19:05

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Domingo, 9 de Março de 2014

Diário de uma cardíaca (I)... ou porque é que não me lembrei dos efeitos secundários

 

 

 

Durante anos achei que não tinha qualquer problema especial e desde há umas semanas sei que isso não é verdade. Pelos vistos durante anos – acho que devem ser mesmo muitos anos – sofri e continuo a sofrer de arritmias. Muitas arritmias; tantas que elas justificam coisas como o cansaço extremo que por vezes me impedia de conseguir falar e as noites de insónia. 

 

O diagnóstico médico foi fácil, afinal quando se têm mais de 11000 arritmias em cerca de 15 horas não há erro que possa acontecer. Já para mim, a assunção de que poderia ser uma pessoa com uma insuficiência coronária não encaixou bem nos espaços emocionais que ainda restam por ocupar nesta minha cabeça oca.  Depois do espanto total veio a revolta. A revolta que me levou a deixar a medicação assim sem mais nem menos.

 

Na realidade não foi bem deixar a medicação, foi mais substituí-la por outra que me agradasse mais. Afinal de contas sou formada em química; posso não saber o que é um beta bloqueador, mas o nome não me inspirava nada de bom e ainda por cima não me parecia que ele me tivesse ajudado a melhorar, antes pelo contrário. Assim sendo, lá se foi embora o beta bloqueador e entrou o bom do ansiolítico que na minha óptica seria o substituto adequado para a minha falta de ânimo física e psíquica.

 

O resultado não foi nada bom. Realmente a capacidade de trabalho duplicou ou mesmo triplicou, mas a taxa de arritmias deve ter subido novamente para valores que ultrapassam em mais de 20 vezes o que é comum, com o inconveniente de agora aquilo que sempre senti e que antes não me incomodava, se assemelhar à goteira interminável de uma torneira que não nos deixa concentrar em mais nada.

 

Este período de rebeldia durou 24 horas e serviu para escrever mentalmente um lindo post que foi depois lido em voz alta ao cardiologista que continha pérolas como:

- Se eu me sinto mal a tomar a medicação, mais vale sentir-me mal sem a tomar!

- Eu tenho Síndrome de Meniére, será que não é isso que me está a acontecer embora continue à espera das vertigens??!!

- Se minha frequência cardíaca está a 40 pulsações por minuto será que o coração não pode parar???!!!

 

E quando todos os argumentos foram desmontados, cruzei as pernas, endireitei as costas e com um ar altivo pejado de sotaque de menina de Cascais, continuei dizendo:

- Sinto-me mal e não estou para isto!

- Dê-me mas é um comprimido como deve ser e acabe-me com isto, já!

- Sabe doutor, não tenho perfil nem pachorra para situações destas!

 

Escusado será dizer que saí de lá a tomar a mesma medicação, com a ameaça de que a situação clínica só deveria estabilizar daqui a uns dois meses e que deveria ter paciência com os efeitos secundários do medicamento e evitar a interrupção do tratamento de forma abrupta.

 

Ups!.Efeitos secundários???!!! Aqui estava a minha grande falha; não tinha pensado nos efeitos secundários que estão perfeitamente quantificados na bula. Tenho para aí metade deles: batimento cardíaco lento, exaustão, náuseas, sensação de frio nas extremidades, fraqueza muscular e até os pesadelos.

 

Estou tramada, mas muito criativa!

publicado por Veruska às 15:12

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