No início dos anos 90, convivi, se é que se pode chamar assim, com o Gustavo Santos. Tinha umas aulas de hip-hop cujos meninos dos então Hexa, frequentavam de vez em quando. Na altura, aquele jovem, mais jovem do que eu, não se destacava por entre os demais. Não me recordo se era expressivo na sua dança, se o seu talento era ilimitado ou se se aprimorava no seu desempenho. Mais tarde reconheço-o no seu percurso mais mediático, como apresentador do Querido Mudei a Casa e como coach.
Graças ao ócio que volta e meia me invade e que me leva a contrariá-lo com as coisas mais estranhas que se possam imaginar, hoje arrisquei pela primeira vez na visualização de um dos seus vídeos. Sob o tema “Quanto esperarias pelo amor da tua vida?”, o autor faz afirmações fantásticas e até aceitáveis como “esperar não dá em nada” ou “o amor da minha vida sou eu” e outras que se revelaram como um admirável mundo novo. Saber que a mente se chama assim porque nos engana a todo o instante ou que o agora não é o presente, foi demais para esta tarde descontraída. Sob pena de terminar o meu dia na ala psiquiátrica do Hospital de Faro, rapidamente deixei de me concentrar nas suas palavras e passei a focar-me na sua expressão corporal.
Pois é, ao longo do seu discurso, Gustavo gesticula, faz semicírculos no ar com os dedos, dá golpes de karaté laterais, apalpa maminhas imaginárias e até saca de duas pistolas e atinge a entrevistadora. Tenho tanta pena de não ter aproveitado a hipótese de ter visto de perto a forma como dançava.
Sou uma menina de Cascais! Nunca o escondi. Nasci no Monte Estoril, andei num colégio de freiras, toda a vida desfrutei da baía de Cascais e nunca gostei dos Delfins. Conheci figuras públicas, andei na escola com elas, de algumas fui professora e com muitas me cruzei no meu dia a dia atarefado. Na realidade, eu é que devo ser a VERDADEIRA MENINA DE CASCAIS, ou pelo menos uma das não ilustres constituintes desse grupo.
A minha família não é acionista de bancos, não mora na Quinta da Marinha ou numa outra qualquer quinta cascalense e muito menos se passeia em Ferrari’s ou carros topo de gama. Não tenho madeixas loiras no cabelo (embora confesse que já as tenha tido…), não me bronzeio como se não houvesse dia de amanhã e não trato todas as pessoas “por você”. Não sou magra como um espeto (com alguma pena minha), não como apenas metade de um queque na esplanada e não digo presente em vez de prenda. Mas tenho sotaque de “tia da linha” (mas também, quantos é que não o têm em Faro??!!), a altivez de menina bem e o gosto, embora dissimulado, pelas quinquilharias “do chinês”.
E é neste último ponto que reside o âmago da minha partilha de hoje. Se no passado partilhei com todos a melhor forma de comprar um triquini no e-bay, hoje faço e a pedido de muitos (aliás parte do Algarve e talvez de Portugal esteja em suspenso até publicação deste post) o mesmo, mas com os colares statement.
1. Caracterizar o objeto de desejo
Há sempre que saber muito bem o que se quer. Eu, por exemplo, não gosto de plásticos. Gosto de metais, resinas e couros, mas de plásticos não. Também quero sempre colares em que é possível o ajuste ao pescoço. Ter um babete que não fica perto do pescoço, mas que acaba por ficar em cima das mamocas não é bonito e não fica bem.
2. Fazer a pesquisa do mercado
Aqui é necessário perder 1 ou 2 horas no início. Esta pesquisa inclui não só a do e-bay, mas também as das lojas e de blogs de moda para marcarmos uma ou outra tendência que nos agrade. Depois torna-se fácil, pois aquilo que queremos acaba sempre por aparecer mais cedo ou mais tarde (o “chinês” também vai sempre à Pedra Dura, Zara, etc. e tem os mesmos gostos que nós, e que a Pipoca e a Mini-Saia). Aconselho visitar o e-bay por 10 ou 15 minutos todos os dias mais ou menos à mesma hora; primeiro veem-se os artigos newly listed e depois os ending soonest.
3. Escolher os free shipping
No que diz ao preço a pagar, este não deve ultrapassar os 5 euros (claro que se quisermos algo parecido com os artigos J.Crew, se calhar já compensa pagar 10 €; eu pelo menos já o fiz). Colares a 6, 7 e 8 euros existem aos pontapés nas lojas. Ah, e falo de custos totais, por isso o free shipping é obrigatório.
4. Em compra por leilão, licitar perto do final do período de disponibilidade
A forma de comprar pode ser direta ou então entrar em jogo num leilão. Não se pense que um leilão é sempre um bom negócio. Na maior parte das vezes não o é, pois o preço final é frequentemente superior ao pedido pelo vendedor em compra direta. No entanto vale a pena experimentar, sobretudo porque o site tem a opção de estabelecer um teto máximo de licitação e de fazer tudo sozinho por nós. Quem quiser sentir a emoção do jogo e fazer o trabalho do computador, basta licitar no fim do período de disponibilidade vencendo os outros que também querem andar bonitas como nós.
5. Criar a nossa lista de vendedores preferidos
Quando se encontra o “chinês” que vende os produtos supimpas que nós gostamos, podemos ser umas malucas e adicioná-lo à nossa lista de vendedores preferidos. Assim quando queremos uma peça nova, vamos diretamente à sua loja e a transação é mais agradável e menos morosa.
6. Não desesperar com a espera pela encomenda
Demora tempo (normalmente mais de um mês), mas compensa. Não é todos os dias que se compram peças a 1,2,3 euros e lindos. Caso alguma coisa corra mal, é só escrever ao vendedor e reclamar. A situação resolve-se sempre com a devolução do dinheiro para a nossa conta pay-pal e nunca há problemas (pelo menos nunca os tive).
Desde que me lembro que a corrida faz parte das minhas memórias; das menos agradáveis, mas ainda assim, das minhas memórias. Recordo o horror das corridas de aquecimento à volta da escola durante as aulas de Educação Física, o enfado de assistir a provas de atletismo sabe-se lá onde só porque o pai corria e o esforço ígneo em ganhar gosto pela corrida precavendo a hipótese de não haver ginásios no Algarve (pensamento totalmente estúpido que tive há cerca de 12 anos atrás quando me vi forçada a sair de Cascais).
Resisti com todas as minhas forças a essa forma de atividade física. Sempre argumentei com coisas do género “Correr?! Só atrás de um gajo bom” ou mais recentemente “Correr?! Nem atrás de um gajo bom”. Na realidade o que este pseudo-humor esconde é uma total falta de espirito de sacrifício para suportar cansaço, suor ou respiração ofegante. É verdade que desde os 24 anos de idade que frequento ginásios, que já pratiquei inúmeras modalidades diferentes e que consigo ter momentos fantásticos de prazer ao fazer uma ponte numa aula de body-balance ou em cima de uma bicicleta numa aula de spinning, mas lá no fundo, bem no fundo, o que eu faço bem é ronha. Socorro-me das tonturas para não ir mais longe nos alongamentos ou das dores nas costas para recusar os abdominais em prancha e até da falta de forma para não me esforçar muito na passadeira ou na elíptica.
Mas agora que sou doente cardíaca e posso dizê-lo, já quase estabilizada, o exercício físico e a perda de peso têm de ser uma prioridade. Não adianta encher-me de comprimidos e embarcar nesta velhice prematura descartando logo ao início uma batalha que provavelmente consigo vencer. Por essa razão, calcei os ténis, coloquei o monitor de frequência cardíaca (grande aliado destes meus dias sem ritmo) e lancei-me à estrada. No primeiro dia não abusei, mantive-me atenta aos sinais (qualquer cansaço extremo ou falta de ar, obrigam a paragem imediata) e desfrutei a medo da paisagem à beira ria que me envolvia. No segundo dia, descontraí, evitei verificar a frequência cardíaca (muito baixa por causa da medicação) e conjuguei a paisagem com a música de sempre do meu mp3. Acabei por correr 15 minutos sem parar. Acho que foi a primeira vez na vida que o fiz.
Ao terceiro dia, que ainda virá, vou conjugar os meus ténis novos (oferta da cara-metade que até comprou outros para ele ) com a minha nova playlist e espero conquistar o mundo!
Fonte: http://www.boattoursriaformosa.com/en/ria_formosa.php
Eu já sabia que brincar não era uma atividade exclusivamente infantil. Eu própria sou o mais perfeito exemplo disso. Não é que goste de estar ocupada a vestir ou despir bonecas, ou a praticar artes culinárias com tachos em miniatura, mas a ideia de me divertir com outras pessoas num cenário fantasioso continua a ser-me apelativo.
No dia a dia às vezes é difícil praticar a atividade, mas mesmo perante os obstáculos mais difíceis lá vou galhofando, muita das vezes em regime solitário e outras vezes perante a incompreensão de quem me rodeia.
Também as pessoas chiques brincam. Cristina Espírito Santo brinca aos pobrezinhos na Comporta. Não possuo mais detalhes sobre a sua atividade de lazer, mas depreendo que ela, durante esse período, agarre numa esfregona e lave o chão, chupe as cabeças do camarão comprado no hipermercado ou quiçá, arrisque a ler a Nova Gente num final de tarde.
Eu também brinco durante as férias e, tal como ela, também saio da minha zona de conforto. É verdade, durante o Verão brinco aos riquinhos. Vou a banhos no Ancão, arrisco numa ementa gastronómica mais elaborada, disfruto de momentos únicos ao pôr-do-sol e passeio em locais de sonho.
A diferença: uma de nós não tem dinheiro para gastar em luxos!
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