Sou uma pessoa dada à autorreflexão. Gosto de estar em silêncio, sossegadinha como que em modo contemplativo de uma realidade que apenas se encontra dentro de mim. Gosto de fazer listas mentais de assuntos sem importância, que prontamente se esquecem assim que a ociosidade se vai embora. Simpatizo com a ideia de planear a minha vida, como se de planificação ela dependesse. E adoro, simplesmente adoro, a sensação de descanso a invadir os meus músculos, ossos e tudo o que faz de mim um ser com vida.
E a questão que se pode colocar já na sequência de tudo o que foi escrito anteriormente é: e onde praticas tu essa arte? Ao que eu respondo sem hesitar – no cinema. É que eu adoro relaxar no cinema. Aqueles momentos em que se chega cedo à sala, numa sessão de início de tarde, imediatamente a seguir à abertura da porta em que ainda não se iniciou a projeção da publicidade nem da música ambiente é o meu momento. Naqueles minutos que antecedem o início da película, numa cadeira confortável, na penumbra, em que há um silêncio ecoante e ainda nem vivalma nas redondezas é quando nos acercamos do nirvana.
Não acho nada que seja difícil ficar “a sós com os meus pensamentos, sem fazer nada”, contrariando o estudo recente que veio a público. Pelos vistos a maior parte das pessoas não tem esta aptidão e consideram mesmo que a experiência de ficarem durante 6 a 15 minutos a pensar numa sala vazia é desagradável. Mas este estudo vai ainda mais longe e revela que a maior parte dos homens, prefere mesmo auto administrarem ligeiros choques elétricos em troca destes momentos de inação.
Agora que os cinemas em Faro fecharam – sim, somos uma capital de distrito sem cinema mas com muitas outras estruturas em pleno e excelente funcionamento – eu vou ter de terminar com as minhas sessões de meditação. Acredito que também mais algumas pessoas encarem tudo isto com uma lágrima ao canto do olho. Fosse eu um homem, estaria agora interessado em comprar uns fios de cobre e umas pilhas e não em refletir sobre assuntos que não interessam nada a quem tem acesso a uma boa velocidade de internet e a um bom disco multimédia.
Não tenho dívidas mas confesso que às vezes até gostava de as ter. Uma dessas situações tem a ver com o pagamento da fatura da eletricidade. Irrita-me ter de pagar tanta taxa e tanto imposto quando na realidade a única coisa que lhes compro é energia elétrica.
Ele é a taxa de exploração, o imposto especial sobre o consumo de eletricidade, a contribuição audiovisual e aquela coisa fantástica que se intitula “consumo estimado”. Sinto-me quase uma acionista da empresa, embora sem ter direito à distribuição dos devidos dividendos.
No passado já me revoltei contra o imposto especial sobre o consumo de eletricidade, sobre a forma como é estimado o consumo e sobre a contribuição audiovisual. Sobre esta última até dei ouvidos ao mito urbano de que é possível cessar o seu pagamento caso sejamos assinantes de um serviço por cabo. Claro que tudo não passa de uma inverdade, pois essa contribuição é-nos devida não pela usufruto do canal público de televisão mas como forma de financiamento do serviço público de televisão; é assim uma espécie de missão patriótica com a qual devemos de cumprir.
Há mais ou menos uma semana surgiu a notícia de que o governo esperava um aumento desse imposto já para 2014. Pelos vistos o “ministro Miguel Relvas, quer tornar a empresa pública no “pin de lapela de todos os portugueses” nos próximos anos.”
Agora ficamos a saber que José Sócrates vai ser comentador da RTP a partir de Abril. Vai trabalhar de borla, mas lá que encaixava aqui uma Teoria da Conspiração, encaixava.
Nos últimos dias veia a público a notícia de que estava em curso uma guerra cibernética que afectava vários países, em especial o Irão. O agente responsável por este conflito à escala mundial é um vírus, denominado Flame, e que terá a capacidade de recolher dados privados como ficheiros, som ou imagem de computadores, sem que os utilizadores se apercebam de que isso estará a acontecer.
Pensa-se que este vírus estará em acção desde pelo menos 2010, altura em que foi detectado pela primeira vez. A sua actuação está a espantar os especialistas devido ao seu tamanho e complexidade, tendo sido descartada quase de imediato a hipótese de este ter sido arquitectado por hackers. A hipótese mais plausível é a de este ter sido desenvolvido por duas equipas de programadores sob a orientação de uma única entidade, que se suspeita ser a nação dos Estados Unidos da América (envolvendo directamente Georg W. Bush e Barack Obama).
Apesar do conceito de guerra cibernética ser facilmente entendido por todos, esta é para muitos uma situação que não desencadeia qualquer tomada de opinião, emoção ou preocupação. Neste tipo de contenda não existe confrontação física entre as partes e isto de se ser espiado através dos computadores e smartphones parece coisa de filmes para a maior parte das pessoas.
O que é certo, é que não é só o Irão que vê o seu programa nuclear prejudicado. Também já em Portugal existem indícios que uma situação semelhante já se iniciou. Desta feita, o alarme não veio da empresa russa Kaspersky Labs, mas sim de todos aqueles que viram o último anúncio da REN e que possuam especiais capacidades de ler nas entrelinhas, assim como aqui a vossa blogger.
De acordo com a publicidade “há muita gente que não faz ideia do que é a REN” ou de que esta “tem 1298 km de gasoduto, mais de 8000 km de linhas de transporte de electricidade”. Também não há muita gente que saiba que a REN agora tem capital da China e do Omã. O que também muita gente não sabe é que a empresa lucrou “34,5 milhões de euros no trimestre, acima das expectativas”.
Portanto, trata-se de uma empresa que se “espalha” por todo o lado, tem lucros elevados e que consegue levar os consumidores a ter gastos exponenciais com a energia sem conseguir explicar de forma entendível porque é que é necessário aumentar sistematicamente as tarifas. Não há dúvida que há uma intrusão ilícita nas nossas carteiras, o que lhe confere um estatuto de conflito não armado. Pode não ser uma ciberguerra, mas que é qualquer coisa do género, lá isso é!
No início deste ano civil, dirigi-me a uma loja EDP para esclarecer umas dúvidas sobre a tarifa bi-horária de consumo de electricidade, à qual pretendia aderir. Nesses dias atingia-se o pico da promoção EDP-Continente, em que a fornecedora de electricidade creditava no cartão Continente 10% do consumo de electricidade realizado por quem aderisse ao programa.
Desde que o meu filho nascera, que o consumo de electricidade disparara e depois de várias simulações e ponderações parecia-me que o melhor era passar para a tarifa bi-horária. Cheguei a medo ao guichet onde pretendia ver esclarecidas as minhas dúvidas e logo após a saudação inicial sou prontamente confrontada e de forma muito simpática com a sugestão por parte do funcionário de aderir ao plano EDP/Continente. Recuso a proposta sem lhe dar grande importância e mais uma vez o funcionário me questiona sobre as minhas razões terminando com “olhe, que é a primeira pessoa hoje que recusa a adesão”.
Não dei importância ao facto e comecei a elencar todas as minhas dúvidas. Por várias vezes, me tentaram demover de aderir à tarifa bi-horária com argumentos que iam desde “olhe que o custo do kWh nas horas cheias é muito superior ao da tarifa normal” ou “não se esqueça que se ligar o aquecimento durante o dia, à noite a casa já está quente e ele não funcionará tão intensamente” ou mesmo “…e acha que consegue só utilizar as máquinas de louça e roupa depois da meia-noite???!!!”.
Continuei sem dar muita importância ao que me diziam e prossegui com os meus intentos. Cheguei a casa interiorizei que tinha de alterar alguns dos meus padrões comportamentais, elaborei uma grelha de excel com os consumos mensais e verifiquei logo na primeira semana, que já estava a poupar dinheiro (uma média de 15€ sem IVA para os meses em que tinha o aquecimento ligado) e ainda por cima mais do que pouparia se tivesse aderido ao plano EDP/Continente.
Sabia que não poderia controlar todas as variáveis da minha factura e sentia uma grande embirração com Imposto Especial de Consumo de Electricidade mas já estava resignada à minha sorte e esperava manter-me assim até à extinção das tarifas reguladas que aconteceria no final deste ano. Uma coisa era certa, não queria cá descontos em Cartão Continente (considerando os artigos que compro usualmente, o Continente tem os preços mais altos e aqueles descontos não me interessavam para nada).
Hoje recebo, juntamente com a factura de consumo eléctrico uma carta explicando-me que de acordo com o Decreto-lei 75/2012 de 26 de Março, a partir de 1 de Janeiro de 2013, caso não mude de comercializador, a tarifa transitória ver-lhe-á ser adicionada “um factor de agravamento, o qual visa induzir a adesão gradual ao mercado”.
Apesar de tal facto não ser novidade para mim, senti no ar algo mais do que um mero esclarecimento… Receei, mais uma vez, ver os meus custos fixos dispararem mas rapidamente o alívio proporcionado pelas últimas declarações do ministro Vítor Gaspar invadiu a minha mente. É que afinal de contas não é todos os dias que em Portugal “as pessoas estão completamente dispostas a sacrificar-se e a trabalhar mais para que o programa de ajustamento seja um sucesso desde que esse esforço seja repartido de forma justa”.
Espero agora ansiosamente pelo final do ano, altura em que a EDP irá, sem sombra de dúvida, repartir parte dos seus lucros pelos consumidores.
. Fim do cinema em Faro... ...
. A contribuição audiovisua...
. A guerra cibernética... o...
. Hoje fui ameaçada... ou c...
. Uma experiência quase cie...