Primeiro dia de saldos e a necessidade de roupa e acessórios resume-se a … zero. Não há nada que falte no meu roupeiro, nada que seja urgente adquirir, nem nenhum artigo para a próxima estação que deva já ser comprado. O miúdo também tem tudo o que precisa para o resto do Verão, o marido lá no deserto também não precisa de roupa nova e a poupança de uns euritos deve ser sempre uma prioridade.
Mas vai que não vai, e uma ida à Zara é da praxe. Já tinha comprado as coisas em falta nas promoções e até investido em mais dois pares de sandálias rasas que só compõem o meu roupeiro por serem super-giras. Como das peças do início da primavera (houve uma saia que até hoje anseio pelo sua posse) já não há vestígios em loja ou no site, o perigo de gastar mais do que vinte euros era quase nulo. Lá no fundo sabia que seria difícil fazer a visita à loja a custo zero, pois vira umas outras sandálias rasas lindas de morrer a 19,99€ no site. Mas a secreta esperança que os dois pares que tinha vislumbrado logo a partir da porta não seriam o meu número enchiam-me de confiança e mesmo depois de ter verificado que afinal havia um 39, arrisquei em trazer paras os provadores dois macacões de tamanho L que jamais passariam nestas minhas pernas troncudas.
Desde os anos 80 que tento vestir calças na Zara, quase sempre de forma infrutífera. Recordo apenas três pares em que realmente a coisa assentava bem e o fecho podia fechar-se. Por essa razão, arriscar na escolha de peças que não surtiriam o efeito desejado era o melhor marketing que poderia ter para não gastar dinheiro. Começo pela peça branca, e mal a começo a manusear com mais detalhe, verifico que se trata de um macacão-calção. Ora se já era mau vestir umas calças Zara, uns calções comprados nesta ou noutra qualquer loja não fazem parte de qualquer registo da minha memória. E para minha surpresa, o macacão assentava-me na perfeição. Reflito, reflito e decido arriscar na sua compra. Será uma peça diferente daquilo que costumo usar, elegante, com um bom tecido e um bom corte. Olho para o outro macacão e penso “se calhar até fica bem” e… pimba, perfeito. Mais outra boa aquisição.
Durante o retorno a casa, reflito sobre estes recentes acontecimentos. Na realidade, não estou mais magra, continuo com uma barriga imensa, pernas robustas, gordura depositada nos braços e bochechas nas costas mas se calhar já há uma ténue mudança devida às corridinhas matinais que lá vou tendo. Ligo o portátil e descubro que já foram tornadas públicas as fotos pré photoshop da Mariah Carey. Afinal a senhora está como eu: a barriguinha de 4 meses, os braços gordinhos, queixo já descaído, a celulite nas pernas… Fosse ela à Zara, e veria que podia andar muito mais bem vestida e com tudo disfarçado sem necessidade de Photoshop.
Das primeiras vezes que vi o Dr. Oz na televisão, mais concretamente nos programas da Oprah, fiquei maravilhada. Aquele homem com muito bom aspeto e cativante na forma de falar dizia coisas muito interessantes e mostrava corações, úteros, pulmões verdadeiros, e isso provocava em mim uma sedução difícil de compreender.
Comprei os livros, divulguei as coisas que ele preconizava e até pensei em comprar um ou outro dos suplementos que ele ia publicitando. Mas à medida que o tempo ia passando e a sua popularidade ia subindo, o meu interesse começou a diminuir, começando mesmo a compará-lo a um Macgyver da medicina.
Tal como na série de aventuras dos anos 80, não posso dizer que tudo se trataria de uma charlatanice, mas na realidade o princípio científico que jaz por detrás do que é dito está lá mas de forma tão diluída, mas tão diluída que se calhar o efeito real da coisa já não existe.
É o caso da cetona de framboesa, divulgada num dos tais programas do Dr. Oz e que pelos vistos é uma ajuda essencial na perda de peso. Na realidade não há estudos que o comprovem. Tudo o que se sabe é que a sua estrutura molecular parece estar de acordo com a hipótese de promoção de perda de peso.
Como também sou uma mulher da ciência (embora não da medicina) quero aqui armar-me um pouco em Dr. Oz da estética e divulgar uma descoberta fantástica. Padeço de Síndroma de Menière há já muito tempo e, depois de uma ausência quase total de sintomas durante alguns anos, este fim-de-semana fui premiada com a sintomatologia total. Entre tonturas, náuseas, pressão no ouvido e olhos lá procurei a medicação, ajustei-a e iniciei o período de espera pelo desaparecimento dos sintomas.
Curioso, é o facto de a partir do momento que iniciei o anti-vertiginoso – dicloridrato de betahistina – passei a conseguir pintar as unhas sem as borratar. Não interessa se as pinto com a mão direita ou mão esquerda, com tons mais claros ou mais escuros ou concentrada no que estou a fazer ou à pressa. O resultado é sempre o mesmo; unhas perfeitamente pintadas.
Invisto na saúde, mas poupo na manicure!
Tenho uma compleição física robusta. Tenho pernas “grossas”, ancas largas, braços pujantes, seios generosos e uma barriga imponente que pode levar ao engano qualquer operadora de caixa de hipermercado. Não é que alguma vez tenha sido verdadeiramente magra, mas o corpo que sobrou da gravidez tardia em que me meti, precisa de muito trabalhinho físico sob pena de nunca mais voltar a adquirir a harmonia de outros tempos.
Se o perímetro da coxa ou dos braços não me preocupa grandemente, já o abdominal tem sido motivo de reflexões constantes. Durante anos investi num guarda-roupa repleto de saias que agora só a muito custo se mantêm fechadas em torno deste ventre que preferia ver inchado invés de repleto de adiposidades. Tenho tentado disfarçá-lo com um sem número de acessórios desde a camisolas pretas até colares, sempre na expectativa que quando alguém na rua vire a cabeça para me observar não se sinta desiludido com o que vê.
Apesar de não padecer de baixa autoestima, hoje ao acordar senti-me particularmente confiante e arrisquei numa saia em conjunto com uma t-shirt colante ao corpo revelando não só um decote cheio quase a rebentar, mas também a cintura expandida do meu corpo. Agora percebo qual a razão de tão bem-estar; estou em sintonia com a mulher em quem poderia dar uma queca, caso a minha orientação sexual fosse outra – a Rhianna.
A menina dos Barbados (que a mim me faz recordar as minhas férias no Belize…) usou uma dupla no seu anúncio aos jeans Armani. Não sei o que é que ela teme; se calhar tem celulite nos glúteos, pneu em torno da cinta ou estrias nos flancos. Ora, a casualidade cósmica tem destas coisas e pelos vistos padecemos do mesmo mal.
Tenho agora uma esperança renovada no aspecto que apresento. Com um bocadinho de jeito e com os conhecimentos certos, ainda posso vir a protagonizar um anúncio cheio de cenas carregadas de erotismo ou mesmo vir a ser a próxima capa da Playboy em Portugal.
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