A noção de sucedâneo é fabulosa e só tomei consciência dela no início da minha vida adulta e tudo graças aos chocolates. Até então, o meu gosto por essa iguaria era muito limitado, quer por não existirem em quantidade abundante nas mercearias, quer por os meus pais os comprarem de forma muito parcimoniosa.
Com o advento dos super e hipermercados, os chocolates baratos tornaram-se um produto abundante. Relembro, embora sem saudade, os chocolates espanhóis baratíssimos que começaram a aparecer lá por casa e que se chamavam sucedâneos. Não sabia muito bem o que eram, mas como até nem sabia mal, eram comidos “à boca cheia” - a minha forma preferida de comer chocolate – e nunca eram demais.
Cresci, amadureci e a oferta no mercado das tabletes tornou-se maior e as grandes marcas chegaram até nós. O meu gosto evoluiu e a minha carteira também. Agora praticamente só me limito ao Lindt´s e a dois produtos de marca branca e tendo passado a abominar os referidos sucedâneos. Aliás, passei a não consumir, do ponto de vista gastronómico, qualquer sucedâneo de menor qualidade, reservando esse grupo para produtos em que não considero o grau de excelência um fator decisivo de compra.
Descobri ontem, que afinal não uso sucedâneos só no uniforme escolar do meu filho. Pelos vistos, também na Democracia este artigo substituto está em voga. De acordo com a Comunicação Social, o nosso Presidente da República considerou que a última avaliação da Troika foi uma “inspiração da Nossa Senhora de Fátima do 13 de Maio”, agindo não como o chefe máximo da nossa Democracia mas sim como um singelo evangelizador encontrando respostas no divino para as questões dos homens.
É mais um sucedâneo que substitui o produto original!
Nestes últimos tempos a espera é única atividade que pratico no meu tempo de ócio. Ora espero pelos dias de mais calor, ou pelo correio que me deverá trazer boas-novas ou ainda pelo descortinar do meu futuro totalmente obscuro. Acompanho essa espera por música; música de vários tipos e que poderiam espantar muitos dos que eventualmente podem ler este post (neste momento sou acompanhada por Astor Piazzolla).
Esta espera não é só levada a cabo aqui pela autora do blog, mas também por todos, incluindo até Olli Rehn que espera uma decisão sobre a situação em que está metido o nosso país. Na realidade, todos nós esperamos alguma definição sobre o que nos irá acontecer nos próximos tempos e tememos o desconhecido tal como os nossos antecessores nos tempos mais primordiais temiam os fenómenos astronómicos.
As soluções tardam a chegar e tudo o que se vai sabendo através de fugas de informação só ajudam a adensar este nevoeiro informacional e a incrementar o já receio sentido por quase todos nós. Talvez haja um vazio criativo na apresentação de propostas ou mesmo um desaire intelectual que impossibilite um desenlace positivo mas bolas, alguém terá de quebrar esta espiral de negativismo.
Eu atrever-me-ia a sugerir que fosse rapidamente chamado ao nosso país Diogo Morgado. Acredito que Pedro Passos Coelho teria muito a aprender com esse Hot Jesus (título pelo qual o Diogo é conhecido nos EUA), esse ator de telenovelas com um sucesso mediano em Portugal, mas que consegue a fama graças ao seu bom aspeto e claro, ao seu empenho.
Penso que nem seria tarefa difícil para Passos Coelho pois uma das anteriores premissas já ele a possui; falta-lhe é a outra metade!
Já não é a primeira vez que o sexo é tema central do que escrevo. Já o fiz por variadas vezes, falando do orgasmo, da pornografia, das práticas sexuais e até da virgindade. Hoje volta a ser essa a minha preocupação enquanto escrevo estas parcas palavras que assaltam a minha mente desde que li a notícia que publicita o mais recente livro publicado pelo Papa Bento XVI.
No último dos seus volumes sobre Jesus – A Infância de Jesus – Bento XVI afirma que “Maria é um novo início; o seu filho não provém de um homem, mas é uma nova criação: foi concebido por obra do Espírito Santo” assegurando assim que ela seria virgem e ainda mais grave, que afinal no local de nascimento de Jesus não existiriam animais. Se esta última afirmação transforma por completo os presépios muito utilizados na época natalícia, a primeira declaração cola-se a outra feita pela autora, também de uma trilogia – As cinquentas Sombras de Grey – E. L. James.
Na trama literária desta obra, “Christian Grey, belo, rico e dominador, (…)"por amor" (…) a uma rapariga virgem abdica do estilo de vida sadomasoquista que tinha”. Segundo o que tenho ouvido dizer, pois ainda não li tão famosa obra, a escrita está impregnada de cenas de cariz erótico muito intensas, que na opinião de muitos não é nada mais nem menos do que pornografia disfarçada. Também são os muitos que afirmam que As Cinquenta Sombras de Grey têm desempenhado um papel crucial no desenvolvimento de novas competências sexuais um pouco por todo o mundo.
Já todos o leem, principalmente as mulheres, qualquer que seja a sua idade e já nem o escondem quando o folheiam em público. Pelos vistos passou a ser um símbolo de afirmação pessoal e um vetor de desinibimento perante a sociedade em geral. Mas a situação curiosa é que a autora afirma durante a sessão de autógrafos em Portugal, que na realidade o que as mulheres querem é alguém que as ajude a lavar a louça e que meta a sua roupa para lavar na máquina.
De certeza que E. L. James é uma enviada do Papa para espalhar a fé e que tudo o que ela fez com o marido no âmbito da pesquisa para este livro não passou de uma grande badalhoquice que lhe valeu penitências de mais de 300 Avé-Marias e 500 Pai Nossos.
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