Por muito que o exercício da liberdade e o direito a ela seja uma realidade inegável, aceito e até compreendo que em prol de um desenvolvimento mais harmonioso com a sociedade que almejamos, um controlo parental mais rigoroso no que respeita à tecnologia que nos rodeia deva ser mais intenso. Isto de deixar um miúdo sozinho num quarto com um computador durante horas intermináveis não é aconselhável.
Depois de alguns diálogos, que de fáceis têm tudo, com alguns jovens pré-adolescentes e adolescentes descobri que isto de ludibriar os pais é muito simples. Basta, por exemplo, apagar a luz do quarto enquanto se mantém o tablet ou o telefone debaixo dos lençóis ligado e esperar pelo momento em que o resto da família esteja dormir para então estar descontraído até de madrugada na sua vida virtual. Mesmo quem não tem acesso à informática no quarto me garante que é muito fácil ir para a cama, dormir um pouco, colocar o despertador para as 2 horas da manhã e depois ir para a sala entrar em chat´s e redes sociais, enquanto os pais dormem profundamente.
Estando eu ainda no início desta caminhada da parentalidade assumo que a posição radical que tomo de repudiar estes comportamentos de inatividade por parte dos pais, pode mudar a qualquer instante. Mas a ideia de que uma mãe ou um pai, mesmo que inebriados pelo cansaço diário que os leva a dormir um sono merecido, não consiga vislumbrar os sinais de cansaço, falta de concentração, isolamento e o discurso dos professores que os alertam para a situação, soa-me a indiferença. Uma espécie de “longe da vista, longe do coração”, ideia que afasta dos nossos pensamentos coisas menos felizes mas que a longo prazo retorna com uma força ainda maior.
Ora no Japão, este problema também existe e sendo essa uma nação tão centrada em valores (sejam eles bons ou maus) houve quem tomasse uma atitude “com tomates”. Em Kasuga decidiu-se que os adolescentes seriam proibidos de usar os seus smartphones entre as 22 horas e as 6 horas. Não sei como o controle desta imposição será feito, mas sei que de certeza situações de ciberbullying, de falta de empenho na concretização das tarefas escolares ou a privação de convívio em família irão diminuir.
Por cá esta medida seria também importante, já que não são só os jovens que sofrem desta adição. É na figura de um adulto, com responsabilidades políticas que o alerta surge. Narciso Miranda, antigo presidente da câmara de Matosinhos terá recorrido a um esquema ardiloso para conseguir um iPhone 4. Segundo a imprensa, o senhor em causa terá participado um furto de um iPhone 3GS a fim de conseguir o modelo seguinte, mais avançado tecnologicamente. Fosse ele alvo desta proibição noturna, constataria que não necessitaria de um modelo mais recente, não gastaria tempo a engendrar uma série de crimes e até conviveria mais com a filha sem necessidade de a arrastar para toda esta situação irregular.
Sempre achei curioso como factos aparentemente desconexos podem estar na origem de fenómenos semelhantes. No auge deste blog, deparei-me por diversas vezes com esta causalidade que mais parecia casualidade alimentando a minha necessidade contínua em imaginar estórias absurdas.
Algumas das vezes transcrevi-as para o word (abomino escrever em papel), outras verbalizei-as durante monólogos repletos de plateia e outras ainda foram esquecidas para sempre. Ontem, ao longo de uma demorada caminhada por entre flamingos, patos e espelhos de água repletos de reflexos mais uma vez refleti sobre o que poderia ligar Sixto Rodriguez (cantor) a Hafid (ladrão de i-phone).
Sixto Rodriguez é só a minha mais recente paixão musical. Músico comparado por especialistas a Bob Dylan e segundo algum deles, muito melhor do que este último, não conseguiu o tão almejado sucesso. Lança dois álbuns no início da década de 70, mas devido a causas que não se conseguem descortinar, a fama nunca chegou, e Rodriguez acaba por voltar à sua profissão original de trabalhador não qualificado na construção civil.
Mais ou menos por essa altura, e também sem se saber muito bem como, os discos de Rodriguez atingem um sucesso estrondoso na África do Sul, embora nem o próprio nem os produtores/editores tenham conhecimento deste fenómeno. Vivia-se em plena época do apartheid e pelos vistos as letras das canções como Sugar Man ou Cold Fact incitavam à liberdade e atiravam para a sarjeta ideias de segregação.
Só muitas décadas depois e quase a entrar no novo milénio é que se dá de caras com o próprio Sixto Rodrigez, homem humilde, interventivo na comunidade, doutorado em filosofia e algo esquivo (isto na minha modesta opinião e apenas baseada no documentário Searching for Sugar Man). Foi difícil encontra-lo. O senhor não construiu a sua vida nas redes sociais, não aparecia nas revistas… não era uma celebridade. A partir do momento que é redescoberto, primeiro a África do Sul e depois o resto do mundo querem-no.
Já Hafid é apenas um moço do Dubai que o ano passado decidiu roubar um i-phone em Ibiza durante uma noite, quiçá estrelada. Dos seus dados pessoais sabemos pouco e nem sequer conseguimos descortinar se gostará de cantar ou escrever poesia. Sabemos sim, que gosta muito de tirar fotografias com o seu i-phone roubado. Fotografias sozinho, acompanhado pelos amigos; de chinelos, de calças de ganga, etc, etc. Também sabemos que ele é burro que nem uma porta e nem de tecnologia deve perceber. O seu telemóvel está sincronizado com o Dropbox da legítima dona, que por essa razão recebe todas as fotos que com ele são tiradas.
E é aqui mesmo que reside o ponto de contacto entre Rodriguez e Hafid – a sincronização. Ambos são alvo de uma simultaneidade de acontecimentos embora a velocidades diferentes. Para Rodrigez, esse sincronismo foi muito lento, demorando décadas até que a sua obra fosse reconhecida estando agora a recuperar todo o tempo perdido à laia de herói incompreendido de quem corria o boato de que se teria suicidado em palco. Já para o mocinho do Dubai, a sua história é divulgada quase em tempo real e ele é já um anti-herói – classificação que lhe assenta como uma luva.
Ainda recordo, embora sem saudosismo, os tempos em que a Finlândia era um país para o qual devíamos de olhar de forma inspiradora. O primeiro-ministro, José Sócrates, não se cansava de elogiar os bons exemplos finlandeses e de insinuar que muitos deles deviam ser copiados pelo nosso país.
Uma das áreas que mais o impressionou foi o sistema de ensino finlandês sobretudo no que dizia respeito às Tecnologias de Informação e Comunicação. A sua inspiração levou mesmo ao delineamento do Plano Tecnológico, que passou a ser uma prioridade para o nosso país e com o qual se pretendia, na altura, modernizar Portugal. Esse plano era constituído por medidas que distribuíam por três eixos – Conhecimento, Tecnologia e Inovação – e tinham como público-alvo os cidadãos, as empresas, a administração pública e o ensino e formação.
Não é o objectivo deste post, insinuar sobre os resultados alcançados com o programa, nem sequer sugerir que o despesismo associado a muitas das medidas foi omisso. O que pretendo é constatar, que mais uma vez, existem acontecimentos que apesar de aparentemente desconectos, revelam que nada no Universo acontece por acaso.
Hoje sou confrontada com a notícia de que a Samsung substitui a liderança de 14 anos da Nokia, no mercado móvel. Este facto por si só não constitui nenhuma admiração para quem já sabia que a Nokia tinha perdido o mercado dos smartphones e que apenas era líder à custa dos seus produtos de gama mais baixa. O curioso aqui, é constatar que aquela que outrora foi considerada uma empresa de elevado sucesso oriunda de um dos países mais prósperos do mundo está quase ao nível de “lixo”, fazendo valer o princípio de Lavoisier “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
Mas mais curioso ainda é descobrir que o ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, se irá deslocar em breve a Timor-Leste para apoiar este país a desenvolver um Sistema de Segurança Social, esperando os timorenses “recolher ensinamentos da experiência portuguesa”. Eu acho que alguém devia avisar José Ramos-Horta de que correm rumores da insustentabilidade da nossa Segurança Social, não vá ele arrepender-se no futuro de ter seguido o nosso modelo.
Em linguagem científica, ordem de grandeza é a potência inteira de 10 que melhor se aproxima de um determinado número. A ordem de grandeza de 0,3 é 10-1, a ordem de grandeza de 2 é 100, a ordem de grandeza de 69 é 102 e assim sucessivamente.
Apesar de tal definição ser praticamente inatingível para grande maioria das pessoas (muitas delas divorciadas da matemática), a sua correspondente em linguagem comum é amplamente utilizada quando se tentam estimar ou comparar quantidades. Também quando se comparam países, continentes ou regiões do nosso planeta, este conceito pode ser utilizado. A ordem de grandeza do território espanhol é muito superior à do território português ou como descobri nestes últimos dias, a ordem de grandeza do Japão é muito maior que a ordem de grandeza da Europa.
É precisamente nesta última ideia, que me vou centrar hoje. Desde há algum tempo que sei que se defende na Europa a ideia de um carregador universal de telemóveis. Pode parecer um assunto menor mas actualmente quase todos consideram que é impossível viver sem um telemóvel (mesmo aqueles, que como eu, viveram toda uma adolescência a correr para o telefone fixo lá de casa antes que as chamadas fossem atendidas pelos pais ou à espera de amigos atrasados para encontros). É por isso que é fácil perceber qual a dimensão real desta medida. As implicações sociais são enormes, mas as ambientais também não são de negligenciar, pois a partir do momento em que for implementada, a necessidade de adquirir um carregador quando se compra um novo aparelho deixa de existir.
Mas inovação é o que está a ser desenvolvido actualmente no Japão – um iluminador de dentadura! Dois designer’s japoneses - Motoi Ishibashi e Daito Manabe – desenvolveram um mecanismo que permite iluminar os dentes de qualquer um de nós utilizando um dispositivo LED. A iluminação pode ser feita recorrendo a várias cores e o dispositivo, que é activado quando se sorri, pode ser programado utilizando um computador. Do ponto vista ambiental o impacte desta invenção não será positivo e do ponto vista social também não sei se corresponderá a um marco histórico, mas lá que o Japão está “muito à frente”, está!
Ainda não estão à venda, mas eu quero muito ter um!
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