






Nunca tinham compreendido como tinham lá ido parar. A última coisa de que se lembravam era da mota e do capacete com o inscrição “Good Luck”. Teria sido uma premonição o que tinham vivido no Ludo? Será que tudo não passava de um sonho?
As dúvidas acentuavam-se à medida que passava cada segundo. De certeza, só tinham o facto de a ria continuar presente. Aquele imenso sapal fazia parte das suas vidas e nada havia a fazer. Apesar de habituados a situações de perigo, sentiam-se desconfortáveis com mais uma estranha aventura. Tinham deixado para trás os companheiros e o perigo de encontrarem os Outros também por ali, aumentava-lhes o ritmo cardíaco.
Iniciaram cuidadosamente a caminhada junto ao carril ferroviário procurando não só sinais de outros habitantes, como também pontos de referência que lhes pudessem ser úteis. Heather, como sempre acontecia, assumia a liderança e levava com ela os companheiros que apesar de destemidos sentiam algum receio em enfrentar o desconhecido. Ramón sentiu a necessidade de apressar o passo e mostrar a Heather, por quem nutria sentimentos especiais e secretos, que não temia nada do que pudesse encontrar e que era tão ou mais empreendedor que o John Smith.
- Olhem! – gritava Ramón apontando para o engenho que avistava. – É um comboio!
- Cuidado, os Outros podem estar por perto. – dizia John.
- Primeiro uma mota, agora um comboio…- pensava Heather.
Perto do comboio nem vivalma. Continuaram a caminhada e já mais perto da praia encontraram um relvado que não era um campo de golfe. Dos Outros não existiam nem vestígios. Eis que de repente em frente ao mar avistam um areal coberto de âncoras enferrujadas.