Os insectos são o grupo de animais mais diversificado existente na Terra e porventura, serão também os que existem em maior número e eu não tenho uma especial afeição por nenhum deles: não gosto de gafanhotos, odeio aranhas, abomino baratas, irritam-me as moscas… Se a esta classe juntar alguns rastejantes obtém-se a categoria da “bicheza” que eu simplesmente não suporto.
Quando comecei a morar sozinha lembro-me de que o meu grande receio era ter de enfrentar uma aranha preta e não poder chamar pelo Paiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii ou melhor ainda pela Mãeeeeeeeeeeeeeeeee que foi sempre a mais corajosa. Assim, a minha estratégia inicial foi comprar toda a gama de insecticidas para voadores e rastejantes, coisa que de pouco me valeu quando me defrontei com uma pequena osga. O bicho em causa revelou-se imune aos insecticidas e só morreu quando lhe dei com a lata em cima. Algum tempo depois mudei-me e também aí, nesse meu novo lar se deram vários encontros imediatos com a bicheza (embora considere que isso me tenha, a pouco e pouco, preparado melhor para a vida).
A protagonista do primeiro frente-a-frente foi também uma osga-bebé que eu avistei naquele que viria a ser o meu quarto, na primeira vez que visitei o apartamento. O susto foi brutal, o vendedor imobiliário riu-se e eu senti-me indignada e muito apreensiva com o futuro, tais eram as inúmeras dúvidas que surgiam:
- se a casa estava fechada por onde tinha entrado a osga???
- será que existia algures na casa um “ninho” de osgas???
- se nós íamos deixar tudo muito bem fechadinho, por onde iria sair a osga-bebé???
A ansiedade é tanta que, ainda hoje, a fantasia que não consigo controlar faz despertar em mim o temor de ao abrir um armário ou uma gaveta poder encontrar uma osga feita crocodilo…
Mas foi também nesta minha casa que outro pânico nasceu e que à custa de tantos encontros, acabou por desaparecer, hoje mesmo dia 16 de Janeiro de 2009: o pânico das baratas, esse insecto que eu só conhecia dos documentários da televisão. Da primeira vez que uma me apareceu em casa (ainda por cima no meu quarto) fartei-me de gritar e fugi, fechando a porta. É claro que alguns segundos depois voltei e fiz a única coisa que sabia fazer - despejar uma lata inteira de insecticida no quarto - saindo de seguida para trabalhar com uma nervosismo impossível de controlar. Desde então a minha atitude tem mudado e hoje alcancei o meu objectivo máximo ao pisar uma barata com as minhas crocs novinhas em folha sem ter dado conta disso. Não senti nervosismo, nada de nada e só pensava que já não bastava estar muito atrasada para ir trabalhar e o meu dia ainda tinha de começar a limpar aquele cadáver ali esparramado no chão!
Mas este acontecimento, por si só tão importante ou não assinalasse ele uma vitória do meu autocontrole, depois de associado a outros aspectos assume ainda maior importância. Nestes últimos dois a três dias, tenha vindo a ter vários problemas com os meus equipamentos eléctricos e electrónicos: a minha máquina digital avariou, não houve sinal da TV Cabo durante muitas horas seguidas, o teclado do telemóvel está a ficar estranho e até o meu e-mule bloqueou. Agora percebo que de alguma forma eu estou a aproximar-me de alguns artistas plásticos e que o meu trabalho se insere no domínio da bioarte. Enquando o artista Leonel Moura constrói robôs-insectos criando novas formas de vida artificial utilizando a tecnologia, eu faço precisamente o contrário.
Bad choice: além da osga não ser um insecto, não fazer mal absolutament nenhum, ou seja não morde nem pica, e o seu regime alimentar ser constítuido de INSECTOS! Menos osgas igual a mais insectos. Que tal a lua em vez de Faro?