A actividade física sempre teve um papel muito importante na minha vida. De entre todos os desportos tenho uma especial preferência pelos radicais, já que estes apesar de estarem associados a condições extremas e elevados riscos físicos, permitem um estreito contacto com a natureza.
Recentemente tomei contacto com um desporto que na sua essência é muito radical: o blind date. Tal como o kitesurf, o bodyboard, a BMX ou bungy jumping, é praticado sobretudo ao fim-de-semana, leva a uma produção muito grande de adrenalina e necessita de equipamento muito dispendioso - é muito importante investir em algumas peças fundamentais: no caso dos homens a meia de cor escura que combine com os sapatos, e no caso das senhoras a mala que se conjugue harmoniosamente com a restante indumentária. Nesta actividade também se deve respeitar de forma absoluta o ambiente e as normas de segurança: não utilizar as unhas para esfregar qualquer parte do corpo ou retirar qualquer tipo de material de orifícios naturais, não atirar para o ar afirmações que possam ser menos simpáticas, não permitir que existam longos períodos de silêncio…
De Verão pratica-se quase sempre ao ar livre e de Inverno são os espaços fechados que acolhem tão emergente modalidade. Não é um desporto individual, mas também não deve ser considerado um desporto de equipa, pois só dois jogadores estão em campo ao mesmo tempo, e raramente há substituições durante o período regulamentar. Já no período de prolongamento, por vezes as regras alteraram-se totalmente, passando a existir uma norma única – sair rapidamente de campo.
Os praticantes da modalidade classificam-se em duas categorias: os que utilizam o diálogo e aqueles que preferem o monólogo. O desafio é uma constante em ambas as classes. Quando se pratica o diálogo é necessária uma rapidez de raciocínio muito grande, para que se possa responder rapidamente de forma clara evitando todos os assuntos que sejam susceptíveis de causar embaraço e/ou grandes intervalos de tempo silenciosos. Se se quiser ganhar a partida, será importante omitir ou realçar comportamentos e/ou atitudes que levem o parceiro a pensar que temos as características por ele desejadas. No caso de se desejar ganhar o torneio, o melhor é jogar limpo. Uma competição de monólogo é exigente para ambos os praticantes, mas não de igual forma. Quem o pratica tem de ter a habilidade de conseguir sempre encontrar um tema de conversa que não suscite a troca de ideias; quem o assiste tem de conseguir sorrir muito e manter uma postura interessada mesmo quando a mente teima em estar ausente.
Com o diálogo é mais fácil atingir um bom resultado no final do período regulamentar e com o monólogo o resultado normalmente não é favorável a nenhuma das partes envolvidas. Independentemente da estratégia utilizada, o importante é o “fair play”.