Em pequena, o meu pai explicava-me muitas vezes que era Maria porque simplesmente todas as raparigas deviam ter esse nome. Na escola gozava com as colegas que não se chamavam assim, perspectivando-lhes um futuro à margem da sociedade como se a uma casta pouco nobre pertencessem. Mas sentia alguma tristeza interior, e dizia muitas vezes que era Maria como a mãe de Jesus mas infelizmente não era Virgem como ela. As Irmãs asseguravam-me que o meu nome também era muito bonito e até começava com a mesma letra do que o da mãe de Jesus…
Por essa altura também me explicavam que as noivas se vestiam de branco porque era a cor mais bonita que existia e que também a Virgem Maria se vestia dessa cor porque ela tinha de ser a mais bonita. Lá em casa insistia com a minha mãe para que ele se vestisse assim, coisa que ela rejeitava por não suportar a cor, o que me deixava profundamente triste. Diziam-me também que a Nossa Senhora era pura porque era baptizada e tinha feito a primeira comunhão e que apesar de São José ser pai de Jesus, este era filho de Deus e Deus não era o São José.
Por volta dos 10 anos compreendi que afinal não queria ser a Virgem Maria (aquela vida partilhada com o Espírito Santo parecia-me muito estranha e muito diferente da vida familiar que conhecia) e comecei a querer seguir outros modelos cujas dúvidas eram mais fáceis de esclarecer. Compreendi o significado de Virgem e rejeitei quase por completo a Maria, e a partir daí tive uma vida normal.
Se eu consegui ultrapassar este rito de passagem, outras pessoas há que não o conseguem fazer e fazem da abstinência sexual um modo de vida. Uma dessas pessoas é Susan Boyle, a cantora amadora que permanece virgem (e entenda-se esta virgindade como muito mais do que a integridade do hímen, pois essa senhora nem beijada por um homem já foi) apesar dos seus 47 anos de idade.
Nos últimos dias ofereceram-lhe um cachet de um milhão de dólares para protagonizar um filme pornográfico e acredito que este não terá sido o único convite feito a esta estrela emergente. Pela leitura dos jornais e das conversas de café desconfio que em breve Susan Boyle se fixará por Portugal passando a ser a imagem do Patriarcado de Lisboa.
Excelente ideia! E com a voz da senhora, talvez até arranjassem mais adeptos para essas causas tontas e, felizmente perdias... Só pela fotografia não me parece! E daì, talvez seja o modelo oficial!