Eu sei que parece difícil de acreditar, mas no fim-de-semana que passou participei, pela primeira vez, num evento algarvio que ocorre desde há 28 anos a esta parte – a Concentração Internacional de Motos de Faro. Faça-se já aqui uma pausa, de forma a garantir que fui apenas uma mera espectadora não tendo tido praticamente qualquer intervenção nas várias encenações que decorreram no recinto.
Nestes últimos anos em que tenho vivido no Algarve, poucos foram aqueles em que me mantive por Faro durante o período de celebração motard, tal era a minha rejeição em relação a este tipo de convívio. Tinham-me falado das motas, da fauna estranha existente no recinto, do consumo de cerveja levada ao limite, do striptease contínuo, dos concertos e até da mítica Natacha a eterna miss T-shirt molhada e nada disso me interessava.
Mas devido a uma sucessão de acontecimentos lá me vi em cima de uma Yamaha TDM 900 a caminho do Vale das Almas. Inscrevi-me no acontecimento, usei a pulseira cor-de-laranja, comi pó, vi os concertos (com tristeza constatei que o vocalista dos Europe já não é loiro, não veste roupas futuristas e interpreta clássicos como o Stand By Me) e promovi a actividade económica no recinto ao conseguir enfiar uma bola num balde de alumínio, coisa aparentemente fácil mas difícil de concretizar pelas dezenas de másculos motociclistas que acusavam o dono da barraca de vigarice no jogo.
Apesar do ambiente sereno e mais saudável do que em qualquer concerto ou festival de Verão, por uma ocasião senti medo. Estar sem ninguém conhecido por perto, em frente ao palco rodeada por motard’s com 2 metros de altura e de largura durante um dos shows de striptease e sem rede no telemóvel é uma situação desconfortável e que se deseja curta.
Apesar das expectativas não serem muito elevadas, o balanço é francamente positivo e registo mesmo como ponto máximo de todo o evento a entrada de mota no recinto (algo que só ocorreu uma vez, com muita pena minha…). Outra das situações mais emocionantes foi uma deslocação à ilha de Faro onde tomei contacto com uma realidade totalmente desconhecida para mim, repleta de ilegalidade, perigo e adrenalina e que, estou certa, servirá de inspiração aos próximos post’s do meu blog.
Foi mesmo mais uma experiência sociológica que não sei se repetirei, mas que ficará para sempre gravada na minha memória.