De acordo com a antiga Filosofia Chinesa, a vida não passa de um equilíbrio dinâmico entre duas forças opostas: o Yin e o Yang. Esta ideia é tão primária que qualquer pessoa, independentemente do seu grau de instrução, consegue apontar rapidamente vários exemplos desta dualidade: os amantes que se agridem mutuamente, uma pessoa que chora de alegria, um solitário que todos os dias conquista novos amigos, a presença de uma pessoa ausente…
Recentemente fui confrontada com uma outra dualidade, que à semelhança do Yan e do Yang muito me inquietou – a de um baterista improvisando livremente um tema musical. Tal como qualquer instrumentista deste género, ele encontrava-se sentado rodeado por tambores e pratos de vários tamanhos e sonoridades. Sendo ele dotado de uma espantosa sensibilidade e mestria, conseguia extrair sons que por si só enchiam um palco como se lá se encontrasse uma orquestra. Por vezes utilizava baquetas, outras vezes vassourinhas ou então simplesmente os dedos que percutiam de forma ritmada a pela esticada dos vários cilindros musicais ou que, depois de humedecidos, deslizavam produzindo sons que normalmente não associo a este tipo de instrumento.
Sempre associei a música à liberdade. Para mim ela é uma forma de “voar sem asas” e daí ter uma admiração extrema por todos os músicos. Mesmo sem os conhecer, estabeleço com eles um nível de intimidade que por vezes não se atinge com pessoas que estão mais próximas de nós. Apesar de tal facto estar longe de ser um mistério, considero muito mágico que as vivências de um compositor transpostas para a sua melodia despertem em mim emoções que não são mais do que reflexos da minha vida.
Durante todo o espectáculo não consegui desviar o olhar daquele homem que sorria, preso na jaula da sua parafernália. Ele fez-me voar sem asas! Adorei!
Dizem que sou uma pessoa de extremos, mas gosto de me ver como uma mulher versátil: tanto vibro com o “Exterminador Implacável” como com o “Natureza Morta”; gosto de igual forma do Kafka como do Dan Brown (esta parte não é bem assim, mas achei que ficava bonito); tenho igual paixão pela Jane Monheit como pela Beyoncé; adorei a peça “O que Farei com Este Livro” mas a procissão da “Mãe Soberana” levou-me ao êxtase…
Também possuo a capacidade de despertar este tipo de ambivalência nos meus amigos – tão depressa me acham a “intelectual de serviço” como rapidamente descortinam o “pimba” que há
Como sou Engenheira de formação, é óbvio que em primeiro lugar sou uma mulher muito prática. Tenho de encontrar sempre uma lógica
Facilmente se percebeu, para alegria de uns e para tristeza de outros, sobretudo dos que não receberam tais comentários, que esses “bonecos fofinhos” rapidamente se transformavam em “bonecas fofinhas” com boquinhas muito redondinhas, roupinhas muito lindinhas e corpinhos muito jeitosinhos.
Como notas finais gostaria de dizer:
- a todos que me conhecem, que (e que para alguns isto será uma desilusão) apesar de não gostar de peluches, isso não quer dizer que goste de pornografia;
- a alguns que me conhecem, que a ideia de ser uma “boneca fofinha” não me desagrada totalmente;
- aos meus amigos, que é desnecessária a preocupação que sentem neste momento – eu continuo a ser mesma pessoa;
- aos meus conhecidos, que me sinto mais reconfortada com o facto de eles me conhecerem um pouco melhor e que se algum dia a amizade virtual passar a real, nunca me ofereçam um ”bonequinho”.
Em criança frequentei um colégio católico em que todas as professoras, freiras dotadas de uma elevada competência religioso-pedagógica, nos questionavam regularmente sobre as nossas expectativas, mais concretamente sobre quem de nós gostaria de ser freira. Sendo eu uma aluna que se destacava, não só pelo mau comportamento, mas também, e sobretudo, pelo elevado aproveitamento, era sempre uma das primeiras a levantar a mão. Claro, que tal resposta afirmativa não transparecia as minhas reais intenções; esta era mais uma estratégia para me igualar à melhor aluna da turma – a Jaqueline, que além de ter um nome chique estrangeiro, era sempre a primeira em tudo, até em “levantar a mão” - e deixar de estar no eterno segundo lugar que tanto me desgostava.
Esses episódios por si só, não teriam tido qualquer relevância e, provavelmente já teriam sido esquecidos há muito, se não me tivessem levado a uma das situações mais memoráveis da minha vida e que mais admiração têm causado a todos com quem já partilhei tão singular acontecimento: a da procura da Fé! É isso mesmo, eu com 8 ou 9 anos decidi tentar perceber o que era isso da Fé. Na tentativa de encontrar resposta a essa minha busca interior, num certo dia resolvi almoçar no menor tempo possível e isolar-me durante todo o intervalo de almoço na capela do colégio, tal e qual um eremita no seu santuário. Mal cheguei à capela, não fiz o sinal da cruz, não me ajoelhei, não rezei e nem sequer pensei no Espírito Santo ou no Menino Jesus. Limitei-me a ficar sentada esperando que a Fé chegasse e impregnasse o meu corpo de forma a que o desejo de ser freira fosse espontâneo e real, conseguindo assim ser melhor que a minha rival – a “insonsa” Jaqueline.
Claro que hoje, já quase 30 anos depois, da Fé ainda não houve qualquer sinal, mas como sou uma pessoa muito determinada fiz recentemente uma nova tentativa para a encontrar. Desta feita, resolvi participar num evento com características cénicas muito particulares e onde simultaneamente existe uma grande margem para a improvisação e espontaneidade, que segundo alguns é mesmo a maior manifestação de religiosidade a Sul do Tejo – a Festa Grande da Mãe Soberana, em Loulé.
Tinham-me dito que era uma espécie de procissão (uma marcha triunfal de acordo com alguns eruditos) que movia multidões e que envolvia subir um monte até uma capela, correndo encosta acima. Calcei umas botas confortáveis, coloquei uma garrafa de água dentro da mala e lá fui eu de encontro ao desconhecido.
No adro da igreja eu era apenas mais uma pessoa igual a tantas outras que ali estavam: comia um gelado da Olá, enviava sms’s e ouvia as conversas dos outros. Esperei pelo andor e quando ele finalmente se aproximou constatei que “dançava” ao som da banda filarmónica, percebendo logo ali que os reais protagonistas do espectáculo eram os “Homens do Andor” e não a Nossa Senhora da Piedade . Não me emocionei e muitas das pessoas que por lá estavam também não - a Fé não andava por ali! Na realidade eu sentia a adrenalina a correr-me nas veias, não por estar mais próxima de Deus, mas sim por estar prestes a iniciar tão estranha peregrinação a um monte.
Quem percebia do assunto tinha-me dito que deveria “dar o braço” aos companheiros formando uma fila atrás da banda e acontecesse o que acontecesse nunca deveria abandonar a formação. Assim que a marcha começou, senti uma grande inquietação interior e resolvi logo ali que deveria “saltar fora” ao primeiro sinal de perigo. Apesar de todos os alertas decidi levar a experiência até ao fim, pois não é todos os dias que somos levados a pensar que somos lutadores de “Vale-Tudo”. Tal como nesta modalidade desportiva, também aqui existe contacto total entre os participantes não havendo um estilo único: há quem empurre, há quem puxe e há quem simplesmente goste de sentir o calor humano…Quanto às claques presentes, atrevo-me a dizer que a dos “Homens do Andor” superou em muito a da “Mãe Soberana”, pela sua organização e palavras de incentivo.
Posso ainda não ter encontrado a Fé, mas o que é certo é que tal experiência muito enriquecedora jamais será esquecida!
Não tenho qualquer dúvida que possuo algumas características que fazem de mim uma pessoa única e diferente de todas as outras, mas lá bem no fundo sou comum. Tenho um aspecto, emprego , casa e gostos vulgares e apesar de não ter uma especial notoriedade comecei, recentemente, a ser alvo de vários destaques.
Tudo começou com o meu humilde blog, que de estimulante sempre achei que pouco teria. O layout não é atractivo, não possui muitos post’s, os comentários são praticamente inexistentes e de certeza que o número de visitas será muito diminuto. Surpreendentemente na visita mensal de rotina que faço a esse registo cronológico de alguma da minha loucura mental, verifiquei que algumas pessoas me felicitavam pelo “destaque”. O espanto foi tal que nem sequer percebi a que se deviam tais congratulações. Só algum tempo depois é que entendi que o meu blog tinha sido um dos destaques do SAPO no dia 26 de Março deste ano. Ao contrário do que se possa pensar não fiquei muito contente com o sucedido – só descobri este facto uma semana depois e não pude comemorar em tempo útil tamanha honra.
Nessa mesma semana sou também alvo de um outro destaque. Num bar que costumo frequentar, uma rapazito bem parecido, com um maço de notas de cinquenta euros no bolso, insistia em dirigir-me um ponteiro laser verde gritando ao mesmo tempo a palavra “oi”! De acordo com o dicionário, tal interjeição pode ser usada como saudação ou chamamento, exprimir espanto ou indicar que não se ouviu bem. Face ao contexto dessa noite, a última opção seria automaticamente descartada restando assim as duas primeiras. Hoje compreendo que tão abrasileirado termo tinha como intuito chamar-me, para que pudesse confraternizar com vários cavalheiros que exprimiam um enorme espanto perante a minha “presença de espírito”.
Aqui faço um pequeno parêntesis, só para mais uma vez constatar que os homens heterossexuais e interessantes com que me cruzo possuem alguma falta de treino na arte de interagir com mulheres em idade casadoira, uma elevada capacidade para praticar o “flirt” com a pessoa errada (normalmente escolhem sempre a jovem que com apenas uma chamada de telemóvel consegue descobrir tudo o que se tentou encobrir durante toda a noite) e um enorme défice de fidelidade.
Esta sucessão de eventos levou-me a reflectir sobre as razões que me têm levado a sobressair de entre a turba à qual pertenço. Durante esta fase de auto-conhecimento sou confrontada com mais um jornal de distribuição gratuita e de imediato consigo clarificar tudo o que povoava a minha mente. Provavelmente transpareço a imagem de que sou uma espécie de jornal de distribuição gratuita. Tal como este tipo de imprensa, eu também estou mais direccionada para um público urbano, habituado a procurar informação na Internet - tenho paixão pelas cidades e não dispenso a consulta diária das minhas várias caixas de correio electrónico, hi5, blog… Tal como os textos destes novos projectos informativos, também sou pessoa para protagonizar conversações leves, concisas e resumidas e também desempenho uma função sociológica, uma vez que ajudo criar hábitos de leitura.
A grande diferença reside no facto de apenas permitir a leitura a público muito restrito e especializado, obrigar o leitor a uma assinatura renovável e não ser reciclável!
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