Sábado, 31 de Maio de 2008

O meu vizinho de cima... ou o que há de comum entre o Rod Stewart e os Radiohead

 

                             
 
                          
A Primavera pela qual passamos tem sido muito atípica – a temperatura está outonal e a chuva teima em não parar de cair. As mesmas pessoas que afirmam que “o Salazar faz cá muita falta” insistem em dizer que “isto já não é tempo, já não é nada”. Curiosamente nestes últimos dias, e vá lá saber-se porquê, comecei a ouvir dentro da minha cabeça canções em que a chuva era a protagonista.
 
Tudo começa com uma destas noites por volta das 4 horas, quando desperto assustada de um sono que já de si é sempre muito agitado. Acordei sem entender o que estava a acontecer. As únicas palavras que me ocorriam eram:
-          Please could you stop the noise, I'm trying to get some rest”!
Mas nada acontecia. A música continuava a tocar e mesmo ainda entorpecida pelo calor da minha cama, uma imagem começa a formar-se na minha mente: uma cara disforme… um nariz adunco… um cabelo loiro espetado… Pouco depois adormeci e de manhã já pouco me lembrava do pesadelo da noite anterior.
 
            Isto sucedeu mais algumas vezes, mas a memória que ficava era sempre muito volátil e ausente de pormenores, excepto uma melodia impossível de reproduzir e um verso que parecia tão adequado ao clima desses dias e que estava dentro da minha cabeça e teimava em não desaparecer:
             - “I Wanna know, Have you ever seen the rain?”
Mas claro que sim. Aliás nem era preciso vê-la, bastava ouvir os pneus no asfalto para perceber que tinha chovido e mais uma vez a Primavera estava apenas no calendário.
 
Mas a música continuava na minha cabeça,
 I Wanna know, Have you ever seen the rain
I Wanna know, Have you ever seen the rain”…
 
Mas onde teria eu ido buscar estas palavras…Tentava a todo o custo substituí-las por,
“Rain down, rain down
Come on rain down on me
From a great height
From a great height... height...
Rain down, rain down
Come on rain down on me
From a great height
From a great height... height...
Rain down, rain down
Come on rain down on me”…
 
Mas nada, sempre
I Wanna know, Have you ever seen the rain
I Wanna know, Have you ever seen the rain”…
 
E algumas das pessoas com que me cruzava na rua recordavam-me a face disforme de nariz adunco e cabeleira loura e agora também com uma verruga perto dos lábios…Mas quem seria? Quem seria tal pessoa? Sentia-me quase paranóica e lá vinham as vozes outra vez
-“What's there...? (I may be paranoid, but not an android)”.
 
            É então que numa manhã de quinta-feira acordo em sobressalto ouvindo gritos desesperados com a  mesma música a tocar:
“I Wanna know, Have you ever seen the rain?
I Wanna know, Have you ever seen the rain
Comin' down on a sunny day?”…

Finalmente tinha-se feito luz e o mistério tinha sido desvendado – era o Rod Stewart a cantar e o meu vizinho de cima gritava desesperado por não conseguir desligar a música!
 
 
 
 
 
Have you ever seen the rain (Rod Stewart)
Someone told me long ago There's a calm before the storm,
I know; It's been comin' for some time.
When it's over, so they say, It will rain a sunny day,
I know; Shinin' down like water.

I Wanna know, Have you ever seen the rain?
I Wanna know, Have you ever seen the rain
Comin' down on a sunny day?

Yesterday, and days before, Sun is cold and rain is hot,
I know;Didn't I pay for all my time.
And forever, on it goes Through the circle, fast and slow,
I know; It can't stop, I wonder.

Yeah!
 
 
Paranoid Android (Radiohead)
 
Please could you stop the noise, I'm trying to get some rest
From all the unborn chicken voices in my head
What's there...? (I may be paranoid, but not an android)
What's there...? (I may be paranoid, but not an android)

When I am king, you will be first against the wall
with your opinion which is of no consequence at all
What's there...? (I may be paranoid, but no android)
What's there...? (I may be paranoid, but no android)

Ambition makes you look pretty ugly
Kicking, squealing gucci little piggy
You don't remember
You don't remember
Why don't you remember my name?
Off with his head, man
Off with his head, man
Why don't you remember my name? I guess he does...

Rain down, rain down
Come on rain down on me
From a great height
From a great height... height...
Rain down, rain down
Come on rain down on me
From a great height
From a great height... height...
Rain down, rain down
Come on rain down on me

That's it sir
You're leaving
The crackle of pigskin
The dust and the screaming
The yuppies networking
The panic, the vomit
The panic, the vomit
God loves his children, God loves his children, yeah!
 
publicado por Veruska às 22:17

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Sexta-feira, 23 de Maio de 2008

Uma experiência quase científica... ou uma "edição limitada" na minha vida

        

 
A minha estação do ano preferida sempre foi e será o Outono! Adoro Outubro, quando os dias já são mais pequenos e as tardes ainda são de Sol e o calor é suportável. Adoro o cheiro da chuva de Outono, o movimento de um céu carregado de nuvens e as praias despidas de gente. Gosto da sensação de poder voltar a agasalhar-me nas noites mais frias, do dormir mais confortável e do chá quente à hora do lanche…
 
            É por essa razão que encaro o Verão como a minha penitência – é o relacionamento íntimo com o ar condicionado desprezando todos os outros à minha volta, as imensas horas de leitura debaixo do chapéu-de-sol na praia recusando-me a conversar com quer que seja, as horas intermináveis dentro da água do mar enquanto todos os outros se passeiam pelo areal e a convicção de que se for sozinha para os concertos musicais e outros eventos culturais chegarei a horas!
 
            Só que o auto-conhecimento é tramado e a busca interior é uma constante na minha vida e por essa razão decidi, à semelhança de alguns produtos de consumo, fazer uma “edição limitada” na minha vida de forma a transformar a estação estival num período mais consentâneo com a noção de “silly season”. Inspirada  pelos Gelados Carte d’Or chocolate extra negro, chocolate/laranja e chocolate/pimenta/chili (apenas disponíveis durante a Primavera / Verão ) resolvi promover-me durante um curto período de tempo.
 
            Em primeiro lugar formulei as várias hipóteses que poderiam responder à questão-problema “Como me poderia auto-promover?”, depois pesquisei arduamente de entre as técnicas de marketing aquela ou aquelas que melhor pudessem aumentar o meu valor no mercado e por fim levei a cabo de forma cuidada e metódica toda a experimentação.   Assim, e apenas por alguns dias, decidi colocar na Internet junto com os meus dados pessoais, os meus contactos reais.    Vários foram os que participaram e desde já deixo um grande obrigado a todos pela sua participação despojada de qualquer interesse.
 
A análise dos dados foi muito facilitada pelo facto dos participantes se inserirem em dois grupos já muito estudados – os casados com défice de fidelidade e os cromos com elevada auto-estima (é com muita tristeza que registo a fraca adesão desta última categoria). Também tive alguns contactos de mulheres que eu apenas considerei para efeito estatístico, uma vez que a sua expressão foi muito reduzida. Como esperava encontrar um universo de participantes semelhante às pessoas que me rodeiam, muito surpreendida fiquei com a ausência completa de elementos pertencentes à categoria dos “homens metrossexuais gays”!
 
A conclusão que retiro daqui é que provavelmente as estratégias de marketing que se utilizam nestes tempos de crise não são as melhores – será que vai haver mesmo alguém que irá experimentar a correr o gelado de chocolate/pimenta/chili ou o iogurte morango/pimenta com receio de que esgotem ou sejam retirados do mercado?

 

publicado por Veruska às 23:20

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Sexta-feira, 16 de Maio de 2008

Plano tecnológico... ou um salto temporal ao contrário

Assim que se ouviram, ainda que ao longe, as palavras “choque” e “tecnológico” tratei logo de arranjar um computador portátil e contribuir para tão ambicioso plano, embora que ainda de uma forma muito modesta: neguei-me ao pagamento de algumas facturas de operadoras que disponibilizavam o acesso portátil à Internet explicando-lhes detalhadamente quantos bytes correspondiam a um gigabyte, explorei intensamente as redes peer-to-peer, desenvolvi rotinas de busca de ligações sem fios não protegidas na minha área de residência e empenhei-me em ver todos os episódios do House e do Prison Break antes de passarem em Portugal.
 
Hoje, mais de dois anos depois de anunciado, continuo com o mesmo entusiasmo a defender tão inovadoras ideias e a aplicá-las no dia a dia. Por tudo isto regozijei-me pelo aparecimento de um outro Plano Tecnológico de menor abrangência, mas não de menor ambição – o Plano Tecnológico da Educação. De acordo com o seu texto o objectivo é “colocar Portugal entre os cinco países Europeus mais avançados ao nível de modernização tecnológica do ensino” e para tal várias medidas serão levadas a cabo como o tão fantástico kit tecnológico (310 000 computadores, 9 000 quadros interactivos (QI) e 25 000 videoprojectores que equiparão as escolas até 2010).
 
Como sou uma pessoa com iniciativa resolvi frequentar uma acção de formação sobre a utilização dos já referidos QI para produção de materiais didácticos. Inscrevi-me e não pensei mais no assunto, até que na véspera da primeira sessão, recebo vários sms’s de amigos muito felizes por estarmos todos inscritos na mesma acção e de se estar a pensar em transformar a 1ª sessão numa espécie de “Party Zone”…
 
Lá cheguei no dia combinado e realmente foi muito bom.  Encontrei quem não via há muito tempo e conversei como se não houvesse dia de amanhã. Também prestei atenção ao formador (um grande apreciador das imagens do clip-art do software que exemplificava) e fiquei entusiasmada com as maravilhas que ele me mostrava, ausentes de qualquer desvantagem. No final da sessão foi proposto como trabalho de casa, a elaboração de um texto sobre a nossa experiência QI. Em virtude de não ter acesso a estes equipamentos propus-me, logo ali, a escrever um texto sobre um outro tema qualquer à escolha, algo que foi imediatamente rejeitado pelo formador, dando-me a indicação de que deveria procurar um QI e relatar a primeira experiência que tiver com ele.
 
Menos de 24 horas depois, a ordem natural das coisas a que chamamos destino fez o seu papel e eu entro numa sala de aula de uma comum escola, e vejo preso a uma parede um QI muito branquinho.  Nesse instante o tempo parou e senti-me impelida a acariciá-lo, a tocar-lhe nas canetas, a percorrer com os meus dedos a sua moldura preta e até a sorrir; tinha compreendido a expressão de êxtase absoluto manifestada pelo formador na tarde anterior – o QI era lindo e nada mais interessava no mundo!
 
Mas como isto do devir é uma realidade, depressa a contagem do tempo recomeçou e dei por mim a observar a sala onde me encontrava: existiam as singelas cortinas brancas de pano nas janelas, o quadro de parede era o protagonista da sala, o giz causava-me alergia, o apagador era mais velhinho do que se possa imaginar, os mapas estavam amontoados a um canto e a reciclagem de papel não era ainda uma realidade. Acabara de sofrer um salto temporal e estava no passado!
publicado por Veruska às 19:37

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Domingo, 11 de Maio de 2008

Conteúdo explicito... ou um acontecimento impossível de não relatar

                     

A minha entrada na maturidade não foi marcada por nenhum acontecimento especial e nem sei, com certeza, quando aconteceu.  Só sei que a associo sempre ao desejo de querer atingir a serenidade que esteve ausente da minha vida durante tantos anos. Hoje, altura em que me aproximo rapidamente daquilo que provavelmente será a minha “meia-idade”, acho que os anos que insistem em passar me têm melhorado – sou menos inconstante mas continuo a possuir o espírito livre de pré-conceitos de que tanto me orgulho.

 

No entanto, recentemente, assustei-me com o facto de estar a pensar como uma mãe da geração da minha (exceptuo a minha própria mãe porque apesar de sido uma acérrima conservadora durante a minha adolescência, agora que cresci é do mais liberal que se possa imaginar…).  E ainda pior, percebi que protagonizei um momento de “generation gap”, aquilo que tantas vezes gritei a mim mesma que jamais iria fazer!

 

Antes de continuar é melhor avisar desde já, que esta história contém uma narrativa que poderá chocar os leitores mais sensíveis ou mesmo, todos os leitores… Não pensem que tal recomendação tem como finalidade aumentar significativamente o número de leitores das minhas humildes crónicas; a realidade é que a história é absolutamente surpreendente! Ela centra-se num grupo de quatro jovens no início da adolescência (duas raparigas e dois rapazes) possuidores de uma enorme cultura geral que num determinado dia decidiram fazer uma viagem de elevador .  Estes jovens tinham como objectivo criar uma associação cuja intervenção iria mudar irreversivelmente toda a comunidade envolvente.  

 

Como nos é erradamente transmitido pelos media e também por quem pensa que sabe do assunto, não é o avião o meio de transporte mais seguro do mundo, mas sim o elevador. Importa, então, valorizar esta alternativa pouco poluente e de alguma forma compensar o facto de ela não permitir o desgaste calórico que ocorre quando se opta pela utilização das escadas de um qualquer edifício.  Foi o que já referido grupo de jovens decidiu fazer. Numa tarde de Primavera (altura em que, como se sabe, as hormonas “estão aos saltos”) iniciaram então a sua já mítica viagem de elevador e num momento de arrojo ímpar criaram uma associação local ligada ao internacional Mile High Club e cujo sucesso está totalmente garantido, pois a popularidade conquistada superou todas as expectativas dos seus primeiros associados.

 

            Algures no percurso, uma das raparigas praticou fellatio com os dois rapazes (revelando que Portugal é tão ou mais desenvolvido que os Estados Unidos pois as festas arco-íris já estão a chegar…), enquanto a outra rapariga observava atentamente toda a cena a fim de a poder relatar pormenorizadamente angariando os primeiros sócios do clube.  Sosseguem-se as mentes de quem ainda está a ler isto – foram usados preservativos!

 

            É como um turbilhão de emoções que posso descrever o que senti quando tomei conhecimento do que tinha acontecido: primeiro fiquei incrédula, depois escandalizada, mas agora é a ansiedade o que melhor me caracteriza. É que face ao apoio que tem sido manifestado pela sociedade civil, a associação irá transformar-se a curto prazo numa Organização Não Governamental alargando o seu âmbito de acção – passarão a ser contemplados outros público-alvo e outras práticas igualmente prazenteiras!

 

 

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publicado por Veruska às 18:40

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Terça-feira, 6 de Maio de 2008

Ritos de passagem... ou uma singela homenagem a um qualquer Sr. Carlos desta vida

Deus é tido como a origem e o fim de todas as coisas, mas na realidade o Homem, à semelhança do seu Criador, também conseguiu conceber e concretizar um Universo paralelo onde pode revelar toda a sua supremacia – o mundo virtual.  O que distingue estas duas realidades são as características dos seres humanos. Só pertence ao mundo virtual quem for omnipresente, omnisciente e omnipotente – características que simplesmente não existem no mundo real e que são tidas como exclusivas do Criador.

 

Para que se consiga ascender a este mundo etéreo é necessário submeter os candidatos a ritos de passagem, que curiosamente são muito semelhantes a provas de ciclismo.  O processo é sinuoso, exigente, demorado e divide-se em várias etapas. A estratégia de cada um dos candidatos deve ser adaptada às suas capacidades e ser acompanhada passo a passo por um treinador muito conhecedor do terreno a pisar.  Na impossibilidade de encontrar tal técnico poderá sempre optar-se por uma abordagem mais clássica – conquistar o número máximo de troféus porque assim, quase de certeza que o Título de Vencedor Individual será seu.

 

Por essa razão, é necessário investir em várias frentes:

- diversificar os sites por onde se deixam os vários comentários (Hi5, blogs, myspace) - Prémio Combinado;

- comentar todos os post’s em blogs e páginas pessoais imediatamente após terem sido publicados - Prémio Sprints;

- ser juvenil e airoso – Prémio Juventude;

- ser persistente, não desistindo face ao primeiro obstáculo – Prémio Pontos…

 

O treino regular e intenso é determinante para a obtenção da Camisola Amarela e qualquer forma de aliciamento deve ser rejeitada de imediato (parabentear ou implorar por um comentário não fica bem e desencadeia um sentimento de manipulação por parte de quem é alvo de tais manobras).

 

É com a consciência de que, quem partilha conhecimento pratica o bem, que aconselho todos os senhores Carlos, Albertos,… desta vida a praticarem, mas a praticarem muito para que um dia consigam vestir a tão almejada Camisola Amarela.

 

Como nota final, gostaria ainda de acrescentar que nem sempre aquilo que se deseja é o que mais prazer nos proporciona e que por vezes uma singela e inesperada referência o nosso ego nos alimenta.

 

publicado por Veruska às 21:45

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