Quinta-feira, 23 de Outubro de 2008

Perdidos (... na Praia do Barril) - Episódio 1624

 

 

 

 

 

 

 

               Nunca tinham compreendido como tinham lá ido parar. A última coisa de que se lembravam era da mota e do capacete com o inscrição “Good Luck”. Teria sido uma premonição o que tinham vivido no Ludo? Será que tudo não passava de um sonho?

 
As dúvidas acentuavam-se à medida que passava cada segundo. De certeza, só tinham o facto de a ria continuar presente. Aquele imenso sapal fazia parte das suas vidas e nada havia a fazer. Apesar de habituados a situações de perigo, sentiam-se desconfortáveis com mais uma estranha aventura. Tinham deixado para trás os companheiros e o perigo de encontrarem os Outros também por ali, aumentava-lhes o ritmo cardíaco.
 
Iniciaram cuidadosamente a caminhada junto ao carril ferroviário procurando não só sinais de outros habitantes, como também pontos de referência que lhes pudessem ser úteis. Heather, como sempre acontecia, assumia a liderança e levava com ela os companheiros que apesar de destemidos sentiam algum receio em enfrentar o desconhecido. Ramón sentiu a necessidade de apressar o passo e mostrar a Heather, por quem nutria sentimentos especiais e secretos, que não temia nada do que pudesse encontrar e que era tão ou mais empreendedor que o John Smith.
 
- Olhem! – gritava Ramón apontando para o engenho que avistava. – É um comboio!
- Cuidado, os Outros podem estar por perto. – dizia John.
- Primeiro uma mota, agora um comboio…- pensava Heather.
 
Perto do comboio nem vivalma. Continuaram a caminhada e já mais perto da praia encontraram um relvado que não era um campo de golfe. Dos Outros não existiam nem vestígios.  Eis que de repente em frente ao mar avistam um areal coberto de âncoras enferrujadas.
 
 

 

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publicado por Veruska às 23:34

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Domingo, 19 de Outubro de 2008

Afinal os americanos até se assemelham aos portugueses... ou como o sonho americano se desvanece

 

 

 

Nestes dias de crise que antecedem as eleições presidenciais americanas tenho pensado no que aproxima e afasta portugueses e americanos. Desde muito miúda que a nação americana me é apresentada em formato de sonho fabricada à custa de tantos filmes, programas televisivos e música.  Mas à medida que fui crescendo percebi que afinal essa América imaginada em muito pouco se assemelhava à real. Actualmente posso afirmar sem qualquer dúvida que Portugal é em muito superior aos EUA já que apresenta um maior índice de modernidade e uma ainda maior cultura de gestão empresarial.
 
Qualquer pessoa minimamente atenta ao que se passa já deve ter ouvido falar de um senhor apelidado pela comunicação social por Joe, O Canalizador.  Este senhor nos últimos dias teve direito aos seus 15 minutos de fama quando, numa acção de campanha de rua, questionou Barack Obama sobre os impostos que iriam incidir sobre a empresa que planeava comprar. Na sequência da questão colocada por Joe, Barack Obama explicou com bastantes detalhes o plano fiscal que pensa introduzir caso saia vencedor. É aqui que surge o primeiro indicador de modernidade portuguesa – em toda a reportagem noticiosa não se vê um único apoiante a sorrir para a câmara e a falar ao telemóvel.  Registe-se esta atitude tão pouco empreendedora dos americanos e tão comum junto dos portugueses que são “apanhados” em filmagens de exterior.
 
Logo de imediato, analistas e “orientadores de opinião” compararam Joe, O Canalizador ao portuguesíssimo  Zé Povinho. Também aqui superamos os americanos ao manifestar um maior sentido de cultura empresarial: sendo o Zé Povinho uma espécie de “faz-tudo” não se limita só às instalações sanitárias, caleiras e canalizações e por essa razão consegue abranger mais áreas de interesse. 
 
Nos dias que se seguiram descobriu-se que afinal Joe, O Canalizador não tem licença para desempenhar a profissão, até é conhecido por Sam e provavelmente foge aos impostos. Mais uma vez Portugal detém a supremacia, pois desafio qualquer um a indicar-me um canalizador que passe factura das reparações que faz (posso parecer dura demais e até um pouco amarga, mas neste momento estou a carpir o dinheiro que paguei a um “faz-tudo” para me desencarcerar da minha própria casa e do recibo ainda não há notícia; acho que vou ter de denunciá-lo à ASAE). Mais um ponto a favor de Portugal: ainda os EUA não eram uma nação já a corrupção estava bem instalada entre nós.
 
Mas como tudo nesta vida está relacionado e o tema da canalização parece estar na ordem do dia, lá descubro eu que um grupo de alunos universitários ganha um concurso de empreendedorismo. Estes jovens pretendem aplicar em Portugal um sistema de concepção americana de reutilização de água dos lavatórios nos autoclismos. A ideia pode ser americana, mas quem é que quer aplicá-la?  Os portugueses! Ai, pois é!
 
publicado por Veruska às 17:07

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Domingo, 12 de Outubro de 2008

O meu Mats Magnusson... ou como em poucos segundos se destroem anos de fantasias

 
 
Não gosto de futebol nem sequer de futebolistas.  Não acho piada ao Cristiano Ronaldo nem ao Veloso; não quero saber do Benfica, do Sporting ou do Porto.  Não tenho interesse sobre quem ganha os jogos e as ligas ou quem vai jogar na Selecção.  Sou totalmente “afutebolística”. Mas nem sempre foi assim, houve uma altura em que gostava de um jogador, ou melhor achava-o lindo de morrer – o Mats Magnusson.
 
Cruzava-me regularmente com ele em Cascais na altura em que jogava no Benfica. O aspecto nórdico, a altura e a simpatia que transmitia faziam-me, a mim e à minha irmã, ficar sempre a sussurrar sobre o borracho que ele era.  Não me recordo se nessa altura o Benfica era um grande clube, se ganhava muitos jogos ou até que outros jogadores fariam parte da equipa; apenas me lembro do alto sueco que via regularmente no Pão de Açúcar ou nessa altura já seria Jumbo??!! Desde então ele faz parte do meu imaginário de jovem no final da adolescência. 
 
Mas é com grande pesar que anuncio que o dia 10 de Outubro ficará marcado para sempre na minha história pessoal, como o dia em que constatei que o Mats Magnusson afinal não é um Deus grego. Num zapping televisivo vejo uma entrevista com um senhor gordinho, moreno com muita falta de cabelo e com uma papada no pescoço, que falava sobre um jogo da selecção num português quase incompreensível. No momento em que vou mudar de canal em busca das últimas novidades sobre a “crise financeira” na esperança de que os islandeses já tivessem resolvido o seu problema, vejo pela legenda que o já referido senhor não era nem mais nem menos do que o Mats Magnusson.  O choque foi tremendo; vi por um instante parte da minha vida passar-me à frente. Aquele não poderia ser o meu Mats Magnusson!
 
Mantive-me de pé em frente ao televisor na expectativa de encontrar uma pista que deslindasse o mistério – o senhor podia ser sueco, opinar sobre futebol, falar português e ser benfiquista mas teria de ser outro Mats Magnusson!  A verdade atingiu-me como se de um raio potente se tratasse; a descarga eléctrica provocada toldou-me o pensamento e fez cair por terra todo o meu ideal de início da vida adulta! Assim que me recompuser vou queixar-me ao Provador do Telespectador da RTP, pois caso tais imagens tivessem “bolinha vermelha” eu jamais as teria visto e ainda continuaria a ser um mulher feliz!
 
 
publicado por Veruska às 18:45

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Portuguesa por fora, mas islandesa por dentro...ou como a crise financeira me está a afectar

 
Sou uma pessoa interessada pelo mundo que me rodeia e, como gosto de pensar, minimamente informada.  Neste momento não se fala de outro assunto que não seja a crise financeira mais agravada nos EUA embora seja um problema global. Em virtude de ter uma vida social intensa (por incrível que pareça é mesmo possível ter uma vida social intensa no Algarve…) e uma rotina diária que começa cedo e acaba tarde, raramente vejo noticiários.  Por essa razão, o meu conhecimento da realidade restringe-se à leitura de algumas revistas que, muitas vezes, é feita já muito depois de terem estado nas bancas (sinto-me triste por não conseguir dar vazão às publicações que chegam à minha caixa de correio e a todas as outras que compro…) e à consulta de alguns sites.
 
Numa destas noites chego a casa e ao ligar o televisor sou confrontada com a ideia de que a Islândia poderia estar na bancarrota. Pareceu-me impossível o país da Bjork, dos vulcões e com um dos maiores índices SWB (subjective well-being = índice da felicidade) do mundo estar numa situação tão grave. Na altura não sabia ainda porquê, mas tal notícia em conjunto com a crise financeira mundial não suscitou em mim qualquer tipo de preocupação nem sequer a vontade de discutir o assunto com os amigos; pura e simplesmente o assunto não me interessava – não tenho dinheiro investido em acções, nem sequer tenho uma poupança digna desse nome e por isso um crash financeiro se calhar até era uma coisa boa!
 
É a partir dessa altura que sinto que dentro de mim algo estava a mudar: a vontade de não levar trabalho para casa, a urgência em arrumar o meu escritório (arrumar à séria; dividir as coisas em montes já não me satisfazia), o prazer em ensacar quilogramas de papel para reciclar e até o desejo, embora tímido, de deitar algumas roupas fora. Não sei se eram os chakras que estavam finalmente alinhados ou se seria a alma que estava definitivamente limpa, mas sentia-me cada vez melhor. Esta sensação de bem-estar levou até a uma ida a um Spa para fazer uma sessão de talassoterapia (só posso dizer que foi muito bom; houve jactos de água que se aventuraram por caminhos cujo acesso se faz apenas com autorização expressa da interessada).
 
Foi aqui que percebi que afinal eu sou muito melhor que qualquer islandês ou islandesa: o mar está diariamente presente na minha vida, o Sol é uma constante seja Verão ou Inverno e também eu estou quase na bancarrota. Agora sim, tenho a certeza de que sou uma pessoa muito feliz.
 
publicado por Veruska às 12:45

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Domingo, 5 de Outubro de 2008

Um fenómeno cíclico... ou a razão de só me apetecer dançar

 

Desde quinta-feira, que a minha expectativa no dia sábado era muito elevada; a conjunção de voltar a frequentar as aulas de Dança Oriental após alguns meses de ausência com a previsão de ondas para faro, faziam a minha ansiedade disparar. Há medida que o dia se ia aproximando a expectativa aumentava de forma geométrica. Quando a noite de sexta-feira chegou já não conseguia conter tanto entusiasmo; fui buscar os meus “lenços das medalhinhas”, coloquei o CD na aparelhagem e lá dancei duas ou três músicas.
 
Depois de uma noite pouco dormida e com algum desconforto físico, acordo no sábado ainda mais entusiasmada – o céu estava lindo e adivinha-se um dia de calor. Agarrei na prancha e fui para a praia pronta para apanhar umas ondas. À medida que me aproximava a expectativa aumentava; mas assim que lá cheguei aquilo que via não me agradava, ou melhor aquilo que eu não via – ondas nem uma. Mesmo assim entrei na água e fiquei lá mais de uma hora; tinha grandes planos para esse dia, podia não ter surfado mas mais para o final da tarde iria dançar!
 
Chegada a hora da aula de Dança Oriental e já depois de ter chegado ao local, recebo a má notícia de que a professora se encontrava num Encontro Islâmico e tudo iria ser adiado mais uma semana.  Não queria acreditar! Voltei para casa e numa tentativa de remediar a situação voltei a pôr os “lenços das medalhinhas” e a fazer mais umas ondulações abdominais e uns camelos. 
 
É pouco tempo depois que tomo conhecimento de uma das notícias do dia: a atribuição dos prémios IgNobel (prémios que “honram façanhas que primeiro nos fazem rir e depois pensar”).  O correspondente à categoria de Economia tinha sido atribuído a um estudo sobre os “efeitos do ciclo ovulatório nas gorjetas das dançarinas de bar”.  Esse estudo baseou-se nas gorjetas conseguidas por 18 strippers durante um período de 60 dias. Os resultados obtidos mostraram que as bailarinas obtêm um maior número de gorjetas durante o período da ovulação.
 
Voltando ao já referido sábado, de certeza que eu estaria em plena ovulação; o desconforto físico que sentia em conjunto com a vontade premente de executar uma dança associada à fertilidade feminina indiciavam isso mesmo.  Mas o que fazer numa situação destas? Sair e angariar uma pequena maquia que tanto jeito me faria ou ficar em casa de forma a garantir que a minha reputação continuaria imaculada? Acabei por ficar em casa esperando que a vontade de dançar passasse.
 
A única coisa que lamento é que mais uma vez se verificou que Portugal não faz parte do panorama científico mundial, não por não termos “cérebros”, mas sim por estes insistirem em desvalorizar a experiência quotidiana e o conhecimento empírico. Viessem eles até ao Algarve e logo veríamos quem é que ganhava o IgNobel da Economia!
publicado por Veruska às 23:22

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