Quarta-feira, 29 de Abril de 2009

Rotundas no Algarve e jardins portáteis em Lisboa... ou a supremacia de um governante

Os muçulmanos, e por ventura todos os que crêem em Deus, consideram o círculo a figura perfeita. O círculo é delimitado por uma circunferência, que não tem início, não tem fim e todos os seus pontos são equidistantes de um centro. São as noções de infinito e perfeição aliadas num único símbolo representando o Supremo Criador. Da figura geométrica círculo, para o sólido geométrico esfera, a transposição é fácil. Também na esfera, a superfície curva que a delimita é constituída por pontos equidistantes de um ponto central e, diria eu, tal como no círculo a perfeição de uma esfera é inegável.
 
Ao seccionar uma esfera obtém-se uma cúpula que pode ter várias utilizações, especialmente no domínio da arquitectura. O exemplo óbvio prende-se com as cúpulas ou abóbadas existentes em igrejas e outros monumentos. Se em épocas passadas, tal recurso estilístico arquitectónico era patente em edificações religiosas, hoje a sua utilização é mais abrangente e até já estádios desportivos elas existem.
 
Por Portugal ser um país inovador e com grande capacidade inventiva, outros usos têm sido encontrados e utilizados em larga escala nomeadamente as rotundas, cada vez mais presentes. Com a requalificação da Estrada Nacional Nº 125 que atravessa o Algarve de ponta a ponta, serão intervencionados 273 km de estrada, construir-se-ão 71 rotundas e gastar-se-á um orçamento de aproximadamente 263 milhões de euros (correspondente a 150 milhões de euros mais 75% de derrapagem orçamental). O anúncio desta obra, que envolve muitos mais números do que aqueles que já citei foi feito no dia 26 de Abril em conjunto pelo Primeiro Ministro, José Sócrates, e pelo Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino.
 
Por coincidência, ou talvez não, também em Lisboa se encontrou uma nova forma de aplicar as cúpulas semiesféricas. Leonel Moura idealizou aquilo a que se chamou “jardim portátil” que é “uma espécie de "ilha" constituída por um banco com rodas e uma oliveira” onde as pessoas se podem sentar e descansar. Assim, no dia 25 de Abril, 45 destes jardins portáteis foram colocados no Terreiro do Paço e inaugurados, como não podia deixar de ser, por António Costa, o presidente socialista da Câmara Municipal de Lisboa.
 
            Em todas estas acções a mensagem é clara – Deus está por todo o lado e faz-se representar em todas as formas.      Espera-se que a qualquer momento, também José Sócrates ou algum dos seus colaboradores incentivem a construção de iglus na Serra da Estrela.
publicado por Veruska às 00:47

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Domingo, 26 de Abril de 2009

Um furo num pneu... ou como a minha vida é condicionada por acontecimentos com 35 anos

 

No dia 25 de Abril de 2009, acordei sem a sensação de que o sábado que começava era um feriado. Tal como acontece com frequência, quis sair de casa e por isso tratei de me despachar o mais rapidamente possível. Assim que chego perto do carro verifico que um dos pneus estava totalmente vazio e que afinal a urgência dos últimos minutos teria de ser adiada por mais algum tempo.
 
A mudança de uma roda de um carro não tem segredos para mim. Desde a colocação do macaco até ao aperto dos parafusos sei perfeitamente o que fazer e quando as dúvidas surgem apoio-me no manual de instruções e tudo se esclarece. Cerca de 15 minutos depois tudo estava já resolvido e pude finalmente pegar no carro e ir embora.
 
            Fui até uma oficina deixar o pneu a reparar, de seguida fui ao centro comercial onde comprei os jornais do dia e passei os olhos pelas revistas de viagens na ânsia de encontrar alguma que me ajudasse a preparar a minha ida ao Japão. Entrei em várias lojas, experimentei roupa e sapatos, comprei acessórios e até almocei.  Voltei para casa, liguei-me à internet, descobri o que os meus amigos andavam a fazer, planeei a saída dessa noite, vi televisão, li jornais e livros.
 
            De madrugada, já depois de um copo, reflecti sobre o meu dia e fiquei feliz por tudo o que já alcancei. Ainda tenho na memória o dia em que me disseram que assim que acabasse o liceu me iriam arranjar um emprego numa loja ou escritório e deveria ficar por lá até que o casamento surgisse (acontecimento para a qual vinha a ser preparada desde criança). Apesar de a luta não ter sido grande e nem das adversidades terem aparecido de todos os lados, frequentei a Universidade, tirei um curso de Engenharia, especializei-me na área industrial e trabalhei em várias empresas desempenhando funções que muitos poderiam considerar masculinas. Viajei pela Europa, chefiei pessoas, dei instruções a operários e senti o peso da responsabilidade de uma forma que penso que nunca se voltará a repetir. Em poucos anos cresci, amadureci e tornei-me feliz.
 
Posso não conhecer todos os factos históricos, papaguear os nomes de todos os Capitães de Abril ou vibrar com a música de intervenção mas regozijo-me por não ter memória dos poucos anos em que não vivi em Liberdade.
 
publicado por Veruska às 16:30

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Quarta-feira, 22 de Abril de 2009

As coisas que se contavam às miúdas... ou a mais recente contratação de D. José Policarpo

 

Em pequena, o meu pai explicava-me muitas vezes que era Maria porque simplesmente todas as raparigas deviam ter esse nome. Na escola gozava com as colegas que não se chamavam assim, perspectivando-lhes um futuro à margem da sociedade como se a uma casta pouco nobre pertencessem. Mas sentia alguma tristeza interior, e dizia muitas vezes que era Maria como a mãe de Jesus mas infelizmente não era Virgem como ela. As Irmãs asseguravam-me que o meu nome também era muito bonito e até começava com a mesma letra do que o da mãe de Jesus…
 
Por essa altura também me explicavam que as noivas se vestiam de branco porque era a cor mais bonita que existia e que também a Virgem Maria se vestia dessa cor porque ela tinha de ser a mais bonita. Lá em casa insistia com a minha mãe para que ele se vestisse assim, coisa que ela rejeitava por não suportar a cor, o que me deixava profundamente triste. Diziam-me também que a Nossa Senhora era pura porque era baptizada e tinha feito a primeira comunhão e que apesar de São José ser pai de Jesus, este era filho de Deus e Deus não era o São José.
 
Por volta dos 10 anos compreendi que afinal não queria ser a Virgem Maria (aquela vida partilhada com o Espírito Santo parecia-me muito estranha e muito diferente da vida familiar que conhecia) e comecei a querer seguir outros modelos cujas dúvidas eram mais fáceis de esclarecer. Compreendi o significado de Virgem e rejeitei quase por completo a Maria, e a partir daí tive uma vida normal.
 
Se eu consegui ultrapassar este rito de passagem, outras pessoas há que não o conseguem fazer e fazem da abstinência sexual um modo de vida. Uma dessas pessoas é Susan Boyle, a cantora amadora que permanece virgem (e entenda-se esta virgindade como muito mais do que a integridade do hímen, pois essa senhora nem beijada por um homem já foi) apesar dos seus 47 anos de idade.
 
Nos últimos dias ofereceram-lhe um cachet de um milhão de dólares para protagonizar um filme pornográfico e acredito que este não terá sido o único convite feito a esta estrela emergente. Pela leitura dos jornais e das conversas de café desconfio que em breve Susan Boyle se fixará por Portugal passando a ser a imagem do Patriarcado de Lisboa.
publicado por Veruska às 00:02

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Domingo, 19 de Abril de 2009

O New Energy World... ou o que há de comum entre José Sócrates e Camilo de Oliveira

 

 

O ministério da Economia e Inovação tem feito jus ao seu nome ao patrocinar iniciativas que abordam novas temáticas e que renovam o tão cinzento panorama nacional. Este ministério a par com outras instituições, tem levado o nome de Portugal bem longe e divulgado factos que se mantinham na obscuridade e que jamais se pensaria que fossem verdadeiros. O último levou-me à admiração total, por ter descoberto que uma das áreas em que o nosso país mais se distinguia internacionalmente era o das energias renováveis.
 
E para que não restassem dúvidas, este ministério levou a cabo a iniciativa New Energy World, destinada a jovens estudantes universitários de países de todo o mundo. Eles vieram dos Estados Unidos, do Reino Unido, da China, do Japão, da Venezuela, do Brasil, da Polónia, de Marrocos, da Argélia, de Moçambique, de Angola, da República Checa, da Tunísia, da Rússia e até da Índia.
 
            Nesta espécie de intercâmbio (espécie, porque em lado nenhum ouvi falar em atribuir privilégios iguais aos estudantes portugueses), os jovens estrangeiros tiveram a oportunidade de visitar alguns projectos empresariais da área energética como a Central Fotovoltaica da Amareleja.
 
            Esta iniciativa foi rodeada de cuidados peculiares impostos pelas famílias dos jovens, que só com garantias especiais autorizariam a deslocação dos seus entes queridos. Em primeiro lugar seria fundamental garantir alojamento e alimentação de qualidade de preferência em hotéis de 5 estrelas. Depois seria necessário que a figura paternal estivesse sempre presente, coisa que foi facilmente resolvida por Manuel Pinho que assumiria prontamente essa responsabilidade. Ao contrário de outras situações, aqui o Ministro da Economia mas sobretudo da Inovação, foi muito bem sucedido pois conseguiu incutir no grupo de estudantes regras de boa educação como por exemplo não perguntar o preço do bife enquanto se desfruta do repasto. Mais difícil, foi garantir que esta visita de estudo tivesse um impacto real nos alunos e que realmente eles aprendessem algo de verdadeiramente novo. Mas como os recursos ao dispor eram ilimitados, o Primeiro Ministro José Sócrates, ao jeito de Camilo de Oliveira, veio ajudar e lançou no meio de um discurso bem-humorado e burlesco, uma frase que iria ficar no ouvido – “ (…) descarbonizar a nossa economia”!
 
            Não seria de surpreender que num futuro próximo, este género de gosto marcadamente popular viesse a ganhar expressão e que víssemos o Manuel Pinho ou mesmo José Sócrates a contracenar em programas de televisão como os Malucos do Riso ou mesmo a protagonizarem pequenos apontamentos de humor no Fátima, no Você na TV ou nas Tardes da Júlia.
publicado por Veruska às 15:51

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Terça-feira, 14 de Abril de 2009

Desde pequena que tenho hábitos estranhos... ou como Corín Tellado foi tão importante na minha vida

Maria del Socorro Tellado López (vulgo Corín Tellado) morreu dia 11 de Abril, e por essa razão relembrei os meus tempos de puberdade, altura em que a minha vida era pautada por uma grande promiscuidade literária. Naquele tempo, a leitura não era uma prioridade lá em casa, muito menos a leitura da miúda que lia tantos livros que havia o receio de ficar com algum problema de visão. A miúda era proibida sistematicamente de ler e por vezes até lhe impunham limites de leitura semanais.
 
Nesses tempos lia tudo o que aparecia lá em casa ou aquilo a que conseguia deitar a mão: Isaac Asimov, Enid Blyton, Agatha Christie, Camilo Castelo Branco, Trindade Coelho, Eça de Queiroz, Harold Robbins, Heinz Konsalik entre muitos outros. O género não interessava, tanto vibrava com uma aventura no Colégio das Quatro Torres, como com as cenas de sexo escaldante dentro das águas calmas do Pacífico ou com o sofrimento infligido por prisioneiros sem escrúpulos que insistiam em sexo não consensual.
 
Mas de tudo, o recordo com maior nostalgia é mesmo o livro de Corín Tellado que um dia encontrei lá por casa. A história centrava-se numa filha de empregada que se apaixonava pelo filho dos donos da casa, um elegante cavalheiro cujo esquema ardiloso da menina de classe baixa o levou à paixão impossível de conter. Apesar da aprovação parental por ler obras mais consentâneas com o meu género e idade e que de alguma forma promoveriam a minha formação como futura mãe e esposa, depressa percebi que aquelas histórias além de não reflectirem a realidade, tinham como único interesse a comicidade existente nas entrelinhas.
 
Durante algum tempo, e catalisada por tão repetitiva autora, a minha criatividade intensificou-se levando à criação de uma personagem imaginária, também ela escritora, de nome Corín do Telhado, e também eu, cumprindo com a tradição oral de séculos de sabedoria popular, lá fui transmitindo à minha irmã estórias de amor profundamente irónicas, inspiradas por fotografias de revistas.
 
            Devido à tenra idade da minha irmã (ela não teria mais de 6 anos) a sua memória destes acontecimentos não deve ser grande. Ainda bem!
publicado por Veruska às 14:10

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