O senhor João André foi o aluno mais idoso do programa Novas Oportunidades. Com 85 anos concluiu recentemente o 12º ano de escolaridade. Em poucos anos, o referido senhor conseguiu completar a escolaridade básica estudando Português, Matemática, História, Geografia e até Inglês (50 horas foram o suficiente). Apesar de não ser um entusiasta da internet, utilizou o computador para “passar” os seus poemas manifestando assim o desenvolvimento de competências na área das TIC.
Resta a dúvida em relação à segunda língua estrangeira no ensino considerado regular; o senhor diz que já sabia algumas expressões em Francês e talvez isso tenha sido o suficiente para a obrigatória aprovação. Das ciências (naturais, físicas ou químicas) ou das artes nada nos é dito, intuindo-se que a vasta experiência profissional e vivências quotidianas terão sido suficientes para certificar as competências nestes domínios.
Mas como de um estudioso se tratava, o senhor João André achou que poderia ir mais além e arriscou na frequência do ensino secundário, tendo conseguido concluí-lo com sucesso dois anos depois de o ter iniciado. As provas que prestou ou mesmo as competências trabalhadas estão omissas em todas as notas informativas, mas imagino que todas as tarefas propostas terão sido exigentíssimas e totalmente superadas com distinção. O mais velho estudante português não pensa ingressar no ensino superior, mas manifesta a intenção de frequentar um curso de escultura.
É sabido que as escolas do ensino público actualmente se defrontam com um elevado insucesso e abandono escolares e por essa razão o programa Novas Oportunidades apresenta-se como uma forma de inverter essa tendência e permitir que Portugal atinja um melhor lugar nos estudos realizados pela OCDE (a verdadeira).
Como a intenção de alargar o ensino obrigatório até ao 12º ano de escolaridade irá ser uma realidade a curto prazo, o governo pensa já em novas estratégias que lhe permitam garantir que efectivamente todos os portugueses poderão concluir com sucesso a sua escolaridade. Uma dessas estratégias está já em estudo com um grupo que terá no máximo 5000 alunos. O estudo incide no desempenho que esse público-alvo terá ao realizar uma corrida de 3 km, caso desejem o diploma do 9º ano de escolaridade, ou de 10 km, se o seu objectivo for a equivalência ao 12º de escolaridade.
Apesar de se estar perante um ensino centrado na auto-aprendizagem, os docentes mantêm a sua posição de supervisores podendo mesmo desqualificar o aluno, caso este, por exemplo, manifeste uma má condição física ou comportamentos anti-desportivos. Acredita-se que apesar de possível, a desqualificação será uma excepção nesta fase inicial e totalmente banida quando o projecto for implementado em larga escala.
Como não existe sistema de cronometragem, a passagem será administrativa bastando para isso que se atinja a meta. Desta forma os numerus clausus tão odiados ao longo de décadas deixarão de fazer sentido e todos poderão aceder à carreira em Medicina.