Há quem diga que o Natal é uma festa de família, uma celebração de afectos ou um marco religioso de extrema importância. Há quem celebre o nascimento do Menino Jesus, a troca de prendas ou simplesmente a alegria de estar junto dos que se amam. Há ainda quem ajude os mais desfavorecidos ou pense mais intensamente nos que já não se encontram junto de nós. O apelo ao consumismo intensifica-se de forma exponencial durante o mês de Dezembro, as crianças escrevem ao Pai Natal e os adultos esperam ansiosamente pelo pagamento do subsídio equivalente a um mês de trabalho obtido sem esforço.
Eu encaro essa data quase como apenas um mero feriado – não monto nenhuma árvore de Natal, não suporto ouvir uma única canção de Natal e insisto em manter em exposição durante o ano inteiro o meu pequeno presépio junto de um boneco de vudu com alguns alfinetes espetados.
Mas para mim este ano foi diferente, pois apesar de tudo parece que estou voltar à tradição, já que pela primeira vez na minha vida confeccionei um tronco de Natal. Confesso que para mim o importante não foi a simbologia associada a esta sobremesa, mas sim a quantidade imensa de chocolate e natas que integram a sua confecção.
Tal como eu, outros tentaram este retorno à tradição. Houve quem tivesse passado o Natal à luz do “Petromax” inspirando-se na palhota onde nasceu o menino Jesus apenas iluminada pela Estrela de Belém, quem tivesse sido agredido em plena Missa do Galo relembrando as agruras vividas por São José e pela Virgem Maria e até quem tivesse usado armas de fogo relembrando Herodes no massacre das crianças de Belém.
Como já por várias vezes assumi, sou adepta das redes sociais (embora de forma moderada). Não há dia que passe, em que não consulte as últimas nos perfis dos meus amigos ou as actualizações dos que apesar de ainda-não-amigos, alguma coisa lhes quero descobrir.
Para um leigo, é difícil descortinar o real sentido da palavra “amigo” que tantas vezes aparece quando de redes sociais se fala. Há quem considere que um “amigo virtual” é diferente de um “amigo real” e quem ache o contrário. Há quem goste de cultivar amizades e há quem goste de “adicionar” pessoas até perfazer totais que ultrapassem limites pré-estabelecidos. Recentemente descobri que depois do boom em “amigar” pessoas nas já referidas redes sociais, chegou agora a moda de “desamigar” quem afinal já não merece a nossa afeição, estima ou simpatia.
Este comportamento anti-social de acabar com uma amizade passou a ser assim muito mais fácil e praticamente isento de danos colaterais. Agora uma suposta amizade pode chegar ao fim com um simples clique sobre o amigo que se pretende remover dos nossos contactos.
Mas se nas redes sociais virtuais o “desamigar” é apenas um pequeno gesto que pode ser considerado um acto privado e cuja participação do opositor não é necessária, nas redes sociais reais tal não é assim, especialmente numa rede muito elitista com pouco mais de duas centenas de utilizadores – o Parlamento.
Hoje uma utilizadora desta rede social tentou “desamigar” outro utilizador por, aparentemente, este ter mudado de categoria e agora ser conotado com essa linda arte de divertir o público protagonizando paródias e situações burlescas. O visado não gostou, retorquiu, estrebuchou e até tentou apelar ao nobre sentimento de se ser oriundo da linha de Cascais a fim de resolver a divergência e permanecer na lista de amigos.
À hora de publicação deste post encontro-me convicta de que tudo ser irá resolver e que não só o palhaço vai voltar a “amigar-se”, mas que a amiga se irá juntar à categoria dos Palhaços engrossando o rol dos que “não são possíveis de levar a sério”. Resta-nos esperar por amanhã.