Há cerca de um ano durante um concerto dos Buraka Som Sistema tive uma epifania que modificou a minha vida. Tal como previa no início do ano transacto, pude não ter participado no torneio de poker do Casino Estoril, mas comprei o livro com os segredos do jogo, as cartas e até as fichas de plástico (há sempre que alimentar o meu lado consumista…). Joguei on-line, joguei com amigos; joguei sem dinheiro e joguei a dinheiro…e perdi sempre, sempre…Continuo a ter um carinho especial pelo jogo e não penso desistir, mas considero que a resolução de 2009 ficou muito aquém das minhas expectativas.
Por essa razão decidi mudar e dar mais importância às minhas raízes assumindo que sou uma “menina da linha”, nascida no Monte Estoril. Claro que esta transformação foi subtil e começou muito antes do ano de 2009 findar e manifestando-se através de pequenas alterações – as saias em tweed pelo joelho, o calçado em couro caríssimo, a mala clássica sempre pendurada no antebraço e sobretudo a pulseira Pandora que adorna o meu pulso direito
Todo o processo está revestido de uma dificuldade extrema, e só mesmo agora é que começo a ter consciência de que ele está a acontecer. Percebo agora que o factor mais determinante que justifica toda esta alteração é mesmo a música que escuto. Se foram os Buraka Som Sistema os catalisadores da epifania do ano transacto, é a Cristina Branco a responsável pela deste ano.
Com os Buraka queria jogar póker, com a Cristina Branco quero voar; quando escutava os Buraka a mensagem não interessava, com a Cristina Branco quero vibrar com as palavras; ao som dos Buraka pulava como uma maluca, ao som da Cristina Branco quero dançar de forma harmoniosa …
Não me parece que troque de maneira definitiva o “wegue wegue” pelo “pobre coração, tinto de amargura”, mas afinal o ano que tinha dedicado à poesia vai-se prolongar por mais algum tempo.