Sexta-feira, 21 de Fevereiro de 2014

O fanico... ou mais uma aventura murakamiana

 

 

Desde que tive o fanico que a minha vida não mudou. Tem sido exatamente igual à vida que tive antes de ter o fanico. Continuo a acordar à mesma hora, a fazer as minhas refeições da forma que sempre fiz e a transformar o meu tempo ocioso de forma constante sem grandes modificações.

 

Com o fanico, não veio a serenidade e nem a ansiedade. Simplesmente tudo continuou da mesma forma que sempre foi.  É certo que durante o fanico não sabia o que me estava a acontecer. Primeiro fiquei interrogativa sobre os sintomas, depois fiquei receosa com o prolongar da situação e por fim fiquei chorosa com o intensificar da condição.

 

Com o fanico, não me preocupei com ninguém, nem achei que poderia ser ali o meu fim ou início de algo realmente preocupante. Também não curti com a viagem de INEM de sirene ligada pelas ruas de Faro, pois o paramédico insistia em conversar comigo sobre alimentação, exercício físico, hábitos saudáveis e até sobre o novo nome da rua onde moro.

 

Com o fanico também não fiquei mais permissiva às coisas que me rodeiam, arranjando desculpas para aquilo que corre mal.  Irritei-me ligeiramente com o segurança que me viu chegar ao Hospital de mala chique pendurada no antebraço e pensou que eu fosse acompanhante de um qualquer doente e que só depois de ver que me colocavam pulseira laranja é que percebeu que eu estava mesmo a ter um fanico. Também não gostei de ter de ir pedir a minha medicação depois de uma espera que considerei longa e que estaria a levar ao início de novo fanico.

 

Mas com o fanico gostei de uma nova coisa – a de estar mais de uma hora à espera de realizar exames médicos. Esta delonga foi amortizada com a leitura de mais um livro de Haruki Murakami (só mais um de entre tantos que já lí; quase todos acho) – O Sono. Foi aí que percebi que mais uma vez o universo murakamiano resolveu invadir o veruskiano.  Tal como n’O Sono onde na realidade nada acontece a não ser a leitura de Anna Karenina, também na história do meu fanico a única coisa relevante foi mesmo a leitura de um conto.

 

Se no final d’O Sono tudo se conjuga para mais um final “à Murakami” onde não se encontram respostas e ainda surgem mais questões, também no final de toda esta minha história, auguro e anseio, por uma resolução/explicação do fanico “à Murakami”- uns bichos imaginários, e talvez malucos, entraram no meu coração maravilhoso e resolveram espicaçá-lo para que eu saísse do torpor dos últimos tempos.

publicado por Veruska às 16:38

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Quinta-feira, 20 de Fevereiro de 2014

House of Cards... ou porque é que a Netflix não lança todos os episódios da "austeridade" de uma só vez?


 

A minha última série de eleição é sobre política.  Deixei para trás os zombies, os cenários pós-apocalípticos e tudo o que tem a ver com universo de fantasia que está tão em voga.  Agora centro-me na ambição, trocas de favores, corrupção, manipulação e tudo o mais que possam imaginar. Tudo por causa de Kevin Spacey e da sua parceira de série, Robin Wright. 

 

Nesta House of Cards, também a preferida de Obama, o casal Underwood, consegue ascender na escala social e política dos Estados Unidos à custa de muito ardil, tráfico de influências, inverdades e até de um ou outro homicídio. Os atores estão perfeitos nas suas interpretações, o argumento prende episódio após episódio e o retrato de Washington parece perfeito.

 

Apesar de ser transmitida em Portugal de forma semanal por um canal de cabo, ou pelo menos foi no passado, nos Estados Unidos nunca passou em televisão. Esta é uma série da Netflix, um site especializado em disponibilizar on-line séries, filmes e outros conteúdos.  Esta foi mesmo a primeira série a ser disponibilizada por temporada. A primeira totalmente revelada no dia 1 de Fevereiro de 2013 e a segunda no dia de São Valentim deste ano. Foi uma aposta ganha. É muito melhor ver uma temporada toda de seguida, do que ansiar por um mísero episódio semanal. 

 

Claro que eu tenho o problema da ansiedade…não da ansiedade da espera do novo episódio, mas sim de ver tão rápido todos os episódios e de ela terminar num instante e não poder partilhar mais o meu dia com o Frank ou a Claire Underwood.

 

Curiosamente, por cá ninguém tenta arriscar numa solução “à Netflix”.  Eu gostaria muito de ver o governo anunciar o que vai cortar e restruturar assim de uma só vez. Estou farta de ouvir falar em medidas a aplicar, em consensos a encontrar e em austeridade a intensificar em parcelas trimestrais.  E depois lá volta a ansiedade, agora não por a austeridade em breve sair da minha vida, mas por se prolongar sem fim à vista.

publicado por Veruska às 09:33

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Sexta-feira, 14 de Fevereiro de 2014

Coisas esquisitas que surgem no Dia de São Valentim... ou como há quem viva num mundo repleto de fantasia

No passado, imaginei neste dia de São Valentim um mundo repleto de fantasia em que todos seríamos peões de uma realidade sublime, plena de beleza, encantando todos com quem nos cruzássemos e inspirando qualquer ser, independentemente da sua natureza. Concebo que cada um de nós, durante esse dia, fosse capaz de pronunciar palavras com um timbre capaz de inebriar os anjos, uma altura capaz de emocionar os passarinhos e uma intensidade capaz de desencadear uma harmonia impossível de descrever. Durante essas fantásticas 24 horas, o movimento dos planetas deixaria de ser importante, a Lei da Gravitação Universal deixaria de comandar os nossos movimentos e todos flutuariam num éter pleno de maravilha.

 

Hoje, volvidos 365 dias, considero com grande pena minha, que a poesia embebe a existência de alguns que travam esta batalha da sobrevivência mas que me exclui de forma violenta de mais esta demanda do Universo.  

 

Falo em concreto das profissionais de medicina plenas de beleza com pernas suaves e sem vestígio de pelo que de certeza encantam todos os que com elas se cruzam.  Tenho a certeza que desde 2009, altura em que foi pela primeira vez detetada a burla, que de voz fininha e sussurrada lá iam contando às amigas que agora “se estavam a livrar dos pelos”.  Era assim como se fosse uma coisa higiénica. E lá iam estes murmúrios ecoando pelos corredores do Hospital de São João do Porto, assim como se de piares harmoniosos se tratassem.

 

Uma coisa puxa a outra, e outra e outra e de repente esta nova maravilhosa descoberta levava a uma outra tão mais importante do que a Lei da Gravitação Universal – afinal era possível fazer este tão caro processo de depilação com comparticipação pela ADSE.  Sim, era um benefício de apenas aqueles que trabalham para o estado, mas isso não interessava assim tanto. O importante é que os pack’s de depilação a laser podiam ser considerados atos médicos equivalentes a consultas de dermatologia; afinal estava-se a eliminar esse mal que era o pelo. 

 

Sim, durante algum tempo, essas senhoras flutuaram num éter pleno de maravilha em que as suas axilas, perninhas, púbis “todas limpinhas” comandavam um cérebro determinado, confiantes de que afinal aquilo que faziam nem seria uma burla mas apenas um corte nas despesas em sentido inverso!

 

publicado por Veruska às 17:16

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Sábado, 1 de Fevereiro de 2014

Princípio da Incerteza de Heisenberg... ou porque é que eu tenho de pagar "formações"???!!


 

No outro dia perguntavam-me sobre o que era concretamente o Princípio da Incerteza de Heisenberg. Facilmente expliquei, que tudo não era mais do que algo que nos impedia de saber com igual certeza, a velocidade e a posição de uma partícula (leia-se eletrão).  Se se conseguir medir com exatidão a sua velocidade, não saberei com exatidão a sua posição e se conhecer a posição não terei certezas sobre a velocidade.  Apesar de tudo isto se aplicar a uma partícula sub-atómica não deixo de achar irónico, em que algumas situações, um rearranjo de escala possa levar a que o Princípio se aplique a corpos macroscópicos.  Penso em concreto no dinheiro. 

 

Desde há algum tempo a esta parte, que deixei de conhecer exatamente a posição do meu saldo bancário. Não sei se tenho mais ou menos dinheiro, mas sei com detalhe que logo após o crédito do meu ordenado ele sai da minha conta a uma velocidade supersónica (talvez mach 2).  E mais, face aos últimos acontecimentos, verifiquei que a velocidade de saída do dinheiro do meu ordenado é tão grande, que deixei de perceber quanto é que aufiro mensalmente.

 

Claro que eu também contribuo ativamente para essa diminuição de rendimento mensal. Eu preciso de comer, de pagar despesas fixas como eletricidade, água e gás e até de recorrer a médicos e realizar exames de diagnóstico.  Preciso também de me deslocar até ao meu local de trabalho e de sustentar o meu filho de dois anos. O que eu não precisava mesmo era de investir num portátil porque trabalho com computadores obsoletos ou pagar do meu bolso formação que obrigatoriamente tenho de frequentar…

 

Nestes dias de reflexão sobre o que aprendi na faculdade, comecei a deixar para trás o Princípio da Incerteza de Heisenberg e centrar-me no Efeito Borboleta.  Talvez o meu leve bater de asas (que é a única coisa que faço desde que prescindi de ir ao cinema, ao  teatro; de comprar livros, CD’s, roupas em lojas que não sejam a Primark ou com descontos superiores a 60%, detergentes que não estejam com descontos que permitam fazer stock para um ano, etc etc) possa provocar um tufão.

 

publicado por Veruska às 18:08

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