Já por várias vezes manifestei publicamente o meu gosto pela culinária e como penso ter sido ele, o verdadeiro catalizador de ter estudado química. Passei parte da minha adolescência a fazer bolos e doces de colher, sentindo-me desafiada quando a receita incluía mais do que simples etapas como “bater claras em castelo” ou “adicionar a farinha devidamente peneirada”. Gostava de fazer cremes, caramelizar açúcar, rechear bolos e aplicar coberturas.
Depois das guloseimas, foi-se instalando progressivamente o gosto por outro tipo de repastos. Especializei-me em mini-folhadinhos de salsicha, tartes salgadas e adquiri um especial agrado em fazer puré de batata. O processo de transformar batatas rústicas cobertas de pó num delicado puré, era complexo e cheio de operações, o que em muitos aspectos se assemelhava aos processos produtivos que vim a estudar alguns anos mais tarde.
A sequência de operações desencadeava em mim um crescendo de emoções. A tarefa de descascar as batatas era a menos atractiva, embora me sentisse um pouco maravilhada quando olhava para o tubérculo branco descascado em oposição ao coberto de pele, irregular e por vezes já grelado. Depois vinha a cozedura. Era importante controlar as variáveis tamanho da chama e quantidade de água para que as batatas cozessem rapidamente, sem ser em demasia, não absorvessem muita água e rapidamente, para que não ouvisse a minha mãe gritar “Vera Maria, só estás aí na cozinha a gastar gás!”.
Depois de cozidas, as batatas eram coadas e aí vinha o primeiro momento de êxtase – observar como elas ficavam totalmente secas e com um aspecto heterogéneo como se de uma massa se tratasse. Seguia-se o extâse de as esmagar com um utensílio em tudo semelhante a um esmagador de alhos mas muito maior. Gostava tanto de colocar as batatas no reservatório, apertá-lo e observar a batata esmagada a sair em pequenos fios, que fazia sempre um segundo esmagamente para que não “restassem grumos”. Por fim vinha o toque final – adicionar o sal, a noz moscada e a manteira e homogeneizar tudo com leite.
Talvez seja a maternidade ou a maturidade, mas ontem, durante a consulta dos 4 meses do meu filho, veio-me à memória tudo isto e muito mais. Tal como uma hipnose de regressão, vi a minha mãe de volta de um tacho accionando uma manivela com movimento circular. Não foi só a minha mãe que vi; visualizei-me também a mim a olhar maravilhada para aquele gadget e a questionar-me interiormente como é que as batatas se conseguiam meter debaixo do moedor.
Agradeço do fundo do coração ao pediatra sénior do meu filho que me recomendou o uso do passevite para fazer as sopas e não a varinha mágica. Ainda bem que já sou uma mãe tardia e sabia do que é que ele estava a falar.
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