Sempre achei que os pés devem ser tratados. Gosto de os ver hidratados, com as unhas bonitas e pintadas, sem ressequimentos nos calcanhares e dentro de uns sapatos de salto alto estonteantes de belos. Por essa razão, decidi aproveitar a borla promovida pela Junta de Freguesia de Montenegro (Faro) e lá fui eu usufruir de uma consulta de podologia com o intuito de descobrir se tinha unhas encravadas ou não.
A expectativa era em muito ultrapassada pelo temor de ter de extrair por completo a minha unha do dedo mindinho do pé. Desde há anos, que a mesma me dói sobretudo quando a moda me obriga a usar sapatos de biqueira estreita, situação com um elevado grau de incompatibilidade com o formato do meu pé.
Depois de ter esperado quase uma hora para ser atendida, percebi que o técnico estava a chegar quando uma auxiliar entre dentes disse ao jovem bonacheirão que passava que já várias pessoas o aguardavam. Prontamente fui encaminhada para o gabinete onde o Dr. se apressou a pedir-me desculpa pelo atraso verificado. Em dois minutos foi feito o rastreio e o veredito não podia ser mais assustador. Quanto a calosidades, unhas encravadas e desidratação não havia nada de preocupante, mas já no que dizia respeito aos fungos, a situação mudava totalmente de figura e seria necessário não só uma intervenção que duraria cerca de um ano, como uma reeducação ao nível do meu calçado e dos meus comportamentos em relação aos pés.
Teria de deixar de pintar as unhas, situação que causou em mim o maior desalento imaginado. Afinal de contas o tempo “das sandálias” já começou e só ainda não tinha as unhas pintadas porque tinha a consulta de podologia agendada.
Seriam-me permitidos sapatos de salto alto, embora não muito alto, com atacadores e assim “um salto que acompanhasse todo o sapato”. O receio invadiu-me, já que os sapatos de cunha não são os meus preferidos.
Poderia usar botas; umas botas “tipo texanas com a biqueira larga” modelo que nem consigo imaginar.
Ainda lhe perguntei:
- Mas, ó Dr. o que é que faço às centenas de euros que tenho dentro dos meus armários????!!!!
- Pois é, a senhora pertence a uma classe tramada, em que o aspecto físico é muito importante.
A partir daqui já não registei mais nada. Só queria sair dali. Estou certa de que me sentiria como o Miguel Relvas, mas ao contrário. Não sabia nada da vida privada do podólogo, mas também eu só desejava um blackout que impedisse que a informação sobre os meus pés chegasse até mim.
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