Depois de Corin Tellado chega a vez do fim do Pacific Princess. Tal como no caso da escritora, os episódios de Barco do Amor eram devorados em absoluta concentração relegando para segundo plano quaisquer instinto natural ou perturbação. Não interessava se tinha sede, se a bexiga começava a gritar por alívio ou se houvesse quem quisesse desligar a televisão. Durante cerca de uma hora, tudo o que interessava saber eram as três estórias que se interligavam cruzando as novas personagens no interior do navio.
À época costumava pensar que se tratava de uma série fantástica. Cada episódio tinha várias aventuras e os actores que as protagonizavam podiam, por vezes, ser identificados na Nova Gente e recortados com cuidado para amarelecerem desprovidos de importância numa qualquer caixa ou gaveta.
Não importava se na realidade a única coisa que se passava dentro do barco era muito sexo. Quase todos (tripulação e passageiros) tinham relacionamentos que não persistiam além da duração do cruzeiro, fomentando a ideia de que afinal o “one night stand” é que era porreiro. Também não importava que todos fossem um pouco racistas. O pobre do empregado do bar, de etnia afro-americana, só conseguia dar uma queca quando aparecia uma passageira mulata.
Já o palhacinho de serviço – o Gopher – raramente tinha direito a atividade no seu leito, perpassando a imagem de uma espécie de virgem inocente que fazia rir as criancinhas. Também virgem devia de ser a Diretora do Cruzeiro – a Julie. Só me recordo de ela ter tido um relacionamento que curiosamente durou mais de um episódio (embora penso que tal se deveu ao facto de os produtores quererem justificar a sua ausência talvez por estar internada a fazer reabilitação por uso excessivo de álcool e drogas).
E o Capitão? Ah, o Capitão. Esse senhor que protagonizava cenas de jantares fantásticas, talvez inspirando Francesco Schettino, o comandante do Costa Concordia.
E é assim, que ao fim de 42 anos o Pacific Princess irá ser desmantelado e reciclado, deixando apenas memórias indeléveis em quem, como eu, tem idade para estas recordações. Fico feliz por ter a mesma idade que o Barco do Amor, mas felizmente ainda estar muito longe da política dos 3 R’s.
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