
Apesar da minha adolescência ter ocorrido durante a década de 80, nunca achei que seriam anos para recordar com saudade. Já várias vezes reflecti sobre este assunto e concluí que vários são os factores que contribuíam para que esta década não fosse aquela que recordo com um sorriso difícil de conter e um olhar ausente e pensativo: atravessava uma grande crise existencial, a roupa era feia como tudo, a cinematografia era para esquecer (nunca vi “O ET” e recuso-me a alguma vez a vê-lo; se não fosse o “Verão Azul” e os programas do Jacques Cousteau andaria tristinha anos a fio), a música não me fazia vibrar…
É precisamente um acontecimento musical que ocorreu nessa altura, mais precisamente no ano de 1981, que mais marcou a minha vida e, atrevo-me mesmo a dizer, que mais marcou este país: a formação dos Delfins. Lembro-me claramente a primeira vez que ouvi este conjunto musical (num Festival da Canção) e daquilo que foi dito acerca deles (detentores de uma grande qualidade e originalidade) e também me lembro da emoção que senti quando descobri que éramos todos da mesma terra. Apesar de não gostar da música que faziam, tentei a todo o custo torna-me uma admiradora: ouvia durante dias sem fim cassetes com as músicas deles e tentava a todo custo avistar o Miguel Ângelo (mais tarde intitulado Miguelângelo) nas ruas de Cascais.
Nunca consegui alcançar o meu objectivo e, apesar de não gostar da música que fazem, mantive-me atenta a toda a sua postura e hoje, já quase 25 anos depois de se terem formado, não tenho qualquer dúvida sobre as suas reais intenções - os Delfins não passam de um grupo terrorista com várias ramificações (como por exemplo os Santos e Pecadores) que desejavam provocar na população portuguesa graves danos psicológicos. Esta conclusão está assente em factos como:
- títulos dos álbuns e singles relacionados com temáticas religiosas ( “Breve Sumário da História de Deus” e a “Queda de um Anjo”), com temáticas nacionalistas (“Babilónia” e “Bandeira”) ou com aspectos políticos (“Libertação”, “Desalinhados”, “U Outro Lado Existe” e “Nasce Selvagem”);
- a mudança de nome de Miguel Ângelo para Miguelângelo para baralhar as autoridades;
- a distribuição gratuita de 150 mil exemplares de CD’s com algumas gravações da banda para intimidar os portuguesas e perturbar grandemente a ordem publica;
- publicitar em todos os órgãos de comunicação social o fim da banda assegurando ao mesmo tempo vários espectáculos até 31 de Dezembro de 2009 desencadeando um distúrbio bipolar naqueles que ao acreditarem na informação, rapidamente perceberam que tudo não passava de um embuste.
Actualmente o fenómeno está controlado (informação baseada em vários indicadores como o reduzido número de CD’s vendidos) e as forças de segurança regozijam-se pelo facto de, apesar das tentativas, a internacionalização nunca ter acontecido!