Parte I
Recentemente, num destes dias de calor estive na praia com amigos e, por a conversa não me interessar, decidi folhear a Men’s Health de um deles. Nunca gostei de revistas como a Cosmopolitan, a Máxima e outras do género, mas confesso que gosto da forma como as revistas ditas “masculinas” apresentam o seu conteúdo: os artigos sobre alimentação e actividade física, os conselhos sobre tecnologia e toda a espécie de “gadgets” e sobretudo a forma como os homens nos vêem, a nós mulheres.
Foi cheia de expectativas que implorei por uma leitura da revista em causa e me maravilhei com as suas matérias magnificamente ilustradas por fotografias artísticas e perfeitamente adequadas ao contexto (e aposto que sem qualquer retoque de photoshop…). De entre todos os artigos houve um que captou a minha atenção: “A arte da língua – siga as instruções deste guia de sexo e leva-a ao orgasmo ainda esta noite”.
Sendo o orgasmo feminino um tema de reflexão como qualquer outro, achei que hoje em vez de estar a reler o “Ensaio Sobre a Cegueira” do Saramago ou as minhas Courier Internacional que se acumulam em cima do sofá, deveria estar a aqui a incentivar a leitura da Men’s Health a todos os portugueses (se calhar até devia ser incluída no Plano Nacional de Leitura). É que no já citado artigo, se descrevia de forma detalhada e assombrosamente correcta, o que fazer para levar a parceira ao tão almejado orgasmo.
Espero que a tiragem da revista seja significativa e que além do continente, chegue também às ilhas. Como nota negativa, registo apenas o facto das ilustrações não me parecerem as mais adequadas quando se sabe que grande parte dos leitores a quem o artigo se dirige têm um elevado grau de iliteracia.
Parte II
Mas como a sexualidade, e nomeadamente a feminina, é um assunto inesgotável, o tema “orgasmo” esteve presente nos meus já usuais mail’s, escritos em alturas do mais intenso tédio e enviados a algumas pessoas escolhidas de acordo com critérios impossíveis de explicar.
Numa das respostas alguém me falava de um “orgasmo comatoso”. Fiquei de imediato preocupada, pois imaginar uma situação em que uma mulher entrasse em estado de coma na sequência de um orgasmo parece-me algo mais consentâneo com uma imagem de terror do que com uma imagem de prazer, mas “cada um é como cada qual”…
Como sou curiosa resolvi fazer uma pesquisa na net para perceber exactamente do que se tratava. Descobri que existem muitas referências a uma norte-americana que durante um estudo científico, depois do 102º orgasmo teve de ficar em repouso absoluto durante 3 dias para recuperar as suas funções básicas. Tentei pesquisar directamente nas fontes referenciadas e não consegui apurar a veracidade do caso.
Fico triste, não por não estar confirmada a existência dos “orgasmos comatosos”, mas sim por tantos homens não terem sentido crítico. A todos eles aconselho que leiam a Men’s Health!