Já não é a primeira vez que o sexo é tema central do que escrevo. Já o fiz por variadas vezes, falando do orgasmo, da pornografia, das práticas sexuais e até da virgindade. Hoje volta a ser essa a minha preocupação enquanto escrevo estas parcas palavras que assaltam a minha mente desde que li a notícia que publicita o mais recente livro publicado pelo Papa Bento XVI.
No último dos seus volumes sobre Jesus – A Infância de Jesus – Bento XVI afirma que “Maria é um novo início; o seu filho não provém de um homem, mas é uma nova criação: foi concebido por obra do Espírito Santo” assegurando assim que ela seria virgem e ainda mais grave, que afinal no local de nascimento de Jesus não existiriam animais. Se esta última afirmação transforma por completo os presépios muito utilizados na época natalícia, a primeira declaração cola-se a outra feita pela autora, também de uma trilogia – As cinquentas Sombras de Grey – E. L. James.
Na trama literária desta obra, “Christian Grey, belo, rico e dominador, (…)"por amor" (…) a uma rapariga virgem abdica do estilo de vida sadomasoquista que tinha”. Segundo o que tenho ouvido dizer, pois ainda não li tão famosa obra, a escrita está impregnada de cenas de cariz erótico muito intensas, que na opinião de muitos não é nada mais nem menos do que pornografia disfarçada. Também são os muitos que afirmam que As Cinquenta Sombras de Grey têm desempenhado um papel crucial no desenvolvimento de novas competências sexuais um pouco por todo o mundo.
Já todos o leem, principalmente as mulheres, qualquer que seja a sua idade e já nem o escondem quando o folheiam em público. Pelos vistos passou a ser um símbolo de afirmação pessoal e um vetor de desinibimento perante a sociedade em geral. Mas a situação curiosa é que a autora afirma durante a sessão de autógrafos em Portugal, que na realidade o que as mulheres querem é alguém que as ajude a lavar a louça e que meta a sua roupa para lavar na máquina.
De certeza que E. L. James é uma enviada do Papa para espalhar a fé e que tudo o que ela fez com o marido no âmbito da pesquisa para este livro não passou de uma grande badalhoquice que lhe valeu penitências de mais de 300 Avé-Marias e 500 Pai Nossos.
O meu fascínio pelo Japão começou em menina. Nessa altura, a cultura japonesa era praticamente uma incógnita para os portugueses acabadinhos de sair de um período de “cegueira”, mas não sei bem explicar porquê, a vontade de conhecer o que se passava por lá, ia crescendo devagarinho dentro de mim.
Não se tratava de uma paixão exacerbada mas sim de um amor construído de forma lenta e sólida. Queria andar pelas ruas de Tóquio, visitar templos, jogar pachinko e tentar compreender como é que aquele povo gostava tanto de Manga.
Depois vieram as leituras. Comecei com Yukio Mishima, seguiu-se Kenzaburo Oe e por fim o maior de todos, Haruki Murakami. Deste último já li quase tudo. Comecei com Sputnik, Meu Amor, escolhido de entre vários na prateleira porque estava mal de amores e precisava de carpir a minha dor…Seguiram-se muitos outros, Norwegian Wood, Em Busca do Carneiro Selvagem, Kafka À Beira-Mar (um dos livros do meu Top 3), Crónica do Pássaro de Corda, Auto-Retrato do Escritor Como Corredor de Fundo, etc., etc.
Neste momento estou prestes a acabar o 2º volume de 1Q84 e apesar de, para mim, nem tudo neste livro ser irrepreensível, é com alegria que me congratulo que o universo fantasioso de Murakami invadiu já a sociedade e a política portuguesas. Nesta obra, um dos protagonistas é um professor de Matemática que acumula com a profissão de ghostwriter escrevendo um livro que se torna num grande sucesso, ganhando um prémio e atingido vendas muito elevadas.
Em Portugal existe já pelo menos uma empresa a oferecer este serviço – a Culture Print. De acordo com esta notícia, a empresa oferece os seus préstimos de escrita de livros, blogues e discursos a quem tenha dificuldade em exprimir-se por palavras.
Julgo que o último cliente a solicitar este tipo de serviços terá sido o Serviço Nacional de Saúde, pedindo-lhes que redigissem a missiva que está a chegar a alguns laboratórios farmacêuticos, “exigindo perdões significativos da dívida em atraso, em troca do fornecimento de medicamentos e diagnósticos in vitro, para avançarem com o seu pagamento”.
Não há dúvida que o estilo de Murakami está lá (a “fantasia” da proposta encontrada para se resolverem as dívidas e a “solidão” intuída para quem não embarque nesta solução), embora fique um pouco aquém do original. Não sei se será um best-seller.
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