Desde que tive o fanico que a minha vida não mudou. Tem sido exatamente igual à vida que tive antes de ter o fanico. Continuo a acordar à mesma hora, a fazer as minhas refeições da forma que sempre fiz e a transformar o meu tempo ocioso de forma constante sem grandes modificações.
Com o fanico, não veio a serenidade e nem a ansiedade. Simplesmente tudo continuou da mesma forma que sempre foi. É certo que durante o fanico não sabia o que me estava a acontecer. Primeiro fiquei interrogativa sobre os sintomas, depois fiquei receosa com o prolongar da situação e por fim fiquei chorosa com o intensificar da condição.
Com o fanico, não me preocupei com ninguém, nem achei que poderia ser ali o meu fim ou início de algo realmente preocupante. Também não curti com a viagem de INEM de sirene ligada pelas ruas de Faro, pois o paramédico insistia em conversar comigo sobre alimentação, exercício físico, hábitos saudáveis e até sobre o novo nome da rua onde moro.
Com o fanico também não fiquei mais permissiva às coisas que me rodeiam, arranjando desculpas para aquilo que corre mal. Irritei-me ligeiramente com o segurança que me viu chegar ao Hospital de mala chique pendurada no antebraço e pensou que eu fosse acompanhante de um qualquer doente e que só depois de ver que me colocavam pulseira laranja é que percebeu que eu estava mesmo a ter um fanico. Também não gostei de ter de ir pedir a minha medicação depois de uma espera que considerei longa e que estaria a levar ao início de novo fanico.
Mas com o fanico gostei de uma nova coisa – a de estar mais de uma hora à espera de realizar exames médicos. Esta delonga foi amortizada com a leitura de mais um livro de Haruki Murakami (só mais um de entre tantos que já lí; quase todos acho) – O Sono. Foi aí que percebi que mais uma vez o universo murakamiano resolveu invadir o veruskiano. Tal como n’O Sono onde na realidade nada acontece a não ser a leitura de Anna Karenina, também na história do meu fanico a única coisa relevante foi mesmo a leitura de um conto.
Se no final d’O Sono tudo se conjuga para mais um final “à Murakami” onde não se encontram respostas e ainda surgem mais questões, também no final de toda esta minha história, auguro e anseio, por uma resolução/explicação do fanico “à Murakami”- uns bichos imaginários, e talvez malucos, entraram no meu coração maravilhoso e resolveram espicaçá-lo para que eu saísse do torpor dos últimos tempos.
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