Conchita Wurst vence o Festival da Eurovisão e eu desconhecia que afinal a tal mulher barbuda de que já tinha ouvido falar em conversas paralelas existia mesmo. Esta assunção da verdade não foi fácil. Logo de início não percebi quem era aquela personagem que vislumbrei em algumas passagens pela minha sala, entre ralhetes a uma criança e negações de mudança para o canal Panda. Juro que pensei que se tratava de um anúncio qualquer ou uma eventual promoção a um qualquer show televisivo em que o non-sense seria a força motriz. Mas como as redes sociais ainda cumprem o seu papel informativo (pelo menos para mim) lá embebi a verdade nua e crua negando a audição da respetiva canção (confesso o preconceito…) e não deixei de me impressionar com tão estranho look, até ao dia de hoje.
Considero-me contemporânea, mas pelos vistos só mesmo a modernidade é que chegou até mim, pois desconhecia por completo que um look que incluísse uns longos cabelos compridos, quiçá alvo de alisamento japonês, pudessem conjugar com uma barba curta que de tão cerrada parece uma tela de um qualquer artista hiper realista. Sem dúvida que Conchita será um hipster (outro termo que até agora só associava às cuecas) pois só poderá valorizar o “pensamento independente, a contra-cultura, os políticos progressistas, a arte e o rock indie, a criatividade, a inteligência e o sarcasmo e a ironia”.
Claro que o seu caminho será sinuoso e acredito inatingível. Prevejo uma alteração na tribo a que pertence trocando definitivamente a sua cueca hipster por um fio dental de elástico puído e transparências reveladoras, invocando para todo o sempre o seu momento de glória ao levar pela segunda vez para a Áustria tão importante galardão
Assim que o meu filho nasceu, e depois de saturada da música clássica adaptada a bebés, percebi que afinal ele acalmava mais facilmente ao som dos meus cd’s. Comecei com um imberbe Justin Timberlake ao qual se sucedeu uma Jane Monheit mais madura e com toquezinho de bossa nova. É ao som desta cantora que ele agora adormece, e não é por a sua música ser enfadonha ou monocórdica.
Não pretendo com isto, garantir que o meu filho seja culto. Apenas pretendo que adormeça rapidamente e me deixe sossegada a escrever os meus tão oportunos post’s. Mas como a repetição só funciona bem se for uma figura de estilo, encetei nestes últimos dias uma revolução cultural cá em casa e agora uma das grandes preferências do meu filho de 6 meses é a Emeli Sandé, embora esta senhora também já me esteja a levar à loucura.
É também uma revolução cultural que o cardeal patriarca de Lisboa defende como resposta à crise. Como qualquer solução é sempre bem vinda, há que a aplicar em tempo recorde, sem haver lugar a grande morosidade. Foi o que aconteceu no Porto. Assim que foram conhecidas as sugestões de Dom José Policarpo, a Porto Menu, resolveu aceitar o repto e aplica-las de imediato.
O veículo foi o seu Guia de Restaurantes, Cafés e Bares. Com ele pretendeu-se incentivar a aprendizagem da gramática portuguesa, partindo de um exemplo simples, curto e simbólico. Na lição disponibilizada pela capa do já referido guia, vê-se a frase “Rio és um fdp” ficando o exercício de análise a cargo de cada um de nós. Há quem pense que tal frase possa ser uma ofensa dirigida ao autarca Rui Rio, mas nada disso. Ela é tão somente um ensinamento que nos permite concluir que "Rio" é um substantivo próprio que significa um curso de água e o resto são três iniciais, um verbo e um artigo".
. Ser hipster... ou um look...
. A revolta cultural em cur...
. Uma experiência quase cie...