Domingo, 23 de Março de 2014

O valor de tudo... ou a matemática que justifica o que penso


 

Agora que se fala em mais um corte orçamental muito provavelmente coincidente com um novo corte nos ordenados, fico espantada com as notícias dos últimos dias. De acordo com a imprensa recente, um licenciado tem um ordenado líquido de 1277 euros, alguém com o ensino secundário tem um ordenado líquido de 754 euros e alguém com o ensino secundário aufere 617 euros. Tudo valores médios, claro.

 

Como grande parte dos licenciados estão desempregados ou em estágios não remunerados, provavelmente estas estatísticas assentam em dados de trabalhadores como eu, que estou no mercado de trabalho há pouco mais de 20 anos mas que supostamente estaria no auge da dedicação e do espirito de sacrifício em prol das metas que me impõem. São os que como eu, que agora nos seus 40´s sustentam em larga medida este país. Tenho um emprego fixo contribuindo generosamente para os cofres do estado, tenho um papel importante na instrução das novas gerações e até levei a cabo o projeto da maternidade que atenua ligeiramente a impossibilidade da sustentabilidade deste país.

 

Também sou eu que de repente e como que num pronúncio do que há para vir, comecei a recorrer aos serviços do estado a que tenho direito, nomeadamente aos médicos. Curiosamente tive também de usar as artes da sedução e das cunhas para conseguir marcar consultas, garantir o melhor atendimento e assegurar a tranquilidade de que tanto gosto. Também me compete a mim, provir pelo sustento e instrução do meu filho augurando que ele possua uma facilidade em falar outras línguas e o espírito aventureiro da mãe que será sem dúvida a sua melhor mais valia nas décadas que aí vêm.

 

Confesso que até me sinto motivada (heresia que não pode ser pronunciada por quem é funcionário público nestes tempos conturbados) e preparada para encabeçar novos desafios independentemente de estes serem reconhecidos através de remuneração ou não, mas não consigo deixar de pensar que ao fim de tantos anos e assumindo toda a minha imodéstia, continuo num patamar que não reconheço como sendo o meu. Agora sei, matematicamente que tenho toda a razão do mundo.

publicado por Veruska às 13:29

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Sábado, 1 de Fevereiro de 2014

Princípio da Incerteza de Heisenberg... ou porque é que eu tenho de pagar "formações"???!!


 

No outro dia perguntavam-me sobre o que era concretamente o Princípio da Incerteza de Heisenberg. Facilmente expliquei, que tudo não era mais do que algo que nos impedia de saber com igual certeza, a velocidade e a posição de uma partícula (leia-se eletrão).  Se se conseguir medir com exatidão a sua velocidade, não saberei com exatidão a sua posição e se conhecer a posição não terei certezas sobre a velocidade.  Apesar de tudo isto se aplicar a uma partícula sub-atómica não deixo de achar irónico, em que algumas situações, um rearranjo de escala possa levar a que o Princípio se aplique a corpos macroscópicos.  Penso em concreto no dinheiro. 

 

Desde há algum tempo a esta parte, que deixei de conhecer exatamente a posição do meu saldo bancário. Não sei se tenho mais ou menos dinheiro, mas sei com detalhe que logo após o crédito do meu ordenado ele sai da minha conta a uma velocidade supersónica (talvez mach 2).  E mais, face aos últimos acontecimentos, verifiquei que a velocidade de saída do dinheiro do meu ordenado é tão grande, que deixei de perceber quanto é que aufiro mensalmente.

 

Claro que eu também contribuo ativamente para essa diminuição de rendimento mensal. Eu preciso de comer, de pagar despesas fixas como eletricidade, água e gás e até de recorrer a médicos e realizar exames de diagnóstico.  Preciso também de me deslocar até ao meu local de trabalho e de sustentar o meu filho de dois anos. O que eu não precisava mesmo era de investir num portátil porque trabalho com computadores obsoletos ou pagar do meu bolso formação que obrigatoriamente tenho de frequentar…

 

Nestes dias de reflexão sobre o que aprendi na faculdade, comecei a deixar para trás o Princípio da Incerteza de Heisenberg e centrar-me no Efeito Borboleta.  Talvez o meu leve bater de asas (que é a única coisa que faço desde que prescindi de ir ao cinema, ao  teatro; de comprar livros, CD’s, roupas em lojas que não sejam a Primark ou com descontos superiores a 60%, detergentes que não estejam com descontos que permitam fazer stock para um ano, etc etc) possa provocar um tufão.

 

publicado por Veruska às 18:08

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