Segunda-feira, 4 de Junho de 2012

Escrevo com ritmo... ou como este governo afinal é um motor de busca


 

Escrevo com ritmo. Quem lê os meus post’s pode concordar comigo ou não, mas não há dúvida de que o ritmo é um dos meus objectivos  quando coloco palavra após palavra.

 

Sei que não sou a única a utilizar esta estratégia. Muitos são aqueles que também a utilizam, seja para cativar leitores ou ouvintes ou simplesmente porque a musicalidade das palavras confere prazer a quem as escreve. Uma das minhas características consiste, sempre que possível, em utilizar grupos ternários de expressões ou palavras para descrever acontecimentos, relatar emoções ou compor frases que pela sua dimensão reduzida necessitam de algum acréscimo.

 

O ministro Vítor Gaspar também faz parte deste grupo. No último fim-de-semana ouvi-o afirmar “será necessário mudar regras, normas, comportamentos e formas de organização para garantir a persistência e a robustez do crédito público”. Situando-se ele, na hierarquia que regula este país, num lugar muito superior ao meu, fiquei contente por utilizarmos o mesmo artifício e aceito sem discussão que ele use grupos quaternários de palavras em vez da minha modesta opção pelos ternários.

 

Mas como a superficialidade das palavras não me satisfaz plenamente, depressa analisei a declaração supra-citada e de repente percebi que afinal o ritmo era mesmo o seu objectivo, relegando para segundo plano o conteúdo. As quatro ideias não se complementam mas sim substituem-se umas às outras, elevando quem as pronuncia para a posição de mero intérprete de uma realidade que lhe foge a cada dia que passa.

 

Hoje, depois de ter tomado conhecimento, de que a Google está a ajudar os chineses a ultrapassar a censura imposta pelo governo, facultando-lhes a informação de palavras alternativas de busca às censuradas, compreendo que afinal o comportamento do ministro Vítor Gaspar, faz parte de um plano que vem sendo revelado muito lentamente, de transformar o governo português no motor de busca semelhante ao Google.

 

A Google é uma multinacional que tem como produto transacionado  o software que possibilite a produtividade online, como o Gmail, o Picasa, o Google Maps, entre outros. Também o governo português se encontra num processo de colagem a esta empresa já fornecendo alguns dos serviços da sua concorrente. Entre eles encontram-se:

 

Caixa de correio electrónico

Segundo Loureiro dos Santos os “ministros passaram a ser a caixa de correio de Vítor Gaspar”, estando já assegurada uma das maiores funcionalidades associada ao motor de busca. Resta é a incógnita do tamanho disponibilizada por cada depósito postal.

 

Comunicar e colaborar na web

Exemplifica-se com o caso de Miguel Relvas, não sendo necessário dar mais algum detalhe.

 

Google tradutor

Este ainda está em desenvolvimento, pois frequentemente não entendemos o que é afirmado pelos membros do governo.

 

Aguardo com expectativa a divulgação de outros aplicativos, como o navegador, o serviço de mensagens instantâneas ou as ferramentas de redes sociais. Resta saber se também à semelhança da Google, a marca Portugal se tornará a mais poderosa do mundo.

publicado por Veruska às 18:57

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Terça-feira, 29 de Maio de 2012

Coisas insólitas (II)... ou como não sou a única a viver dentro de um livro do Murakami

 

O meu fascínio pelo Japão começou em menina. Nessa altura, a cultura japonesa era praticamente uma incógnita para os portugueses acabadinhos de sair de um período de “cegueira”, mas não sei bem explicar porquê, a vontade de conhecer o que se passava por lá, ia crescendo devagarinho dentro de mim.

 

Não se tratava de uma paixão exacerbada mas sim de um amor construído de forma lenta e sólida. Queria andar pelas ruas de Tóquio, visitar templos, jogar pachinko e tentar compreender como é que aquele povo gostava tanto de Manga.

 

Depois vieram as leituras. Comecei com Yukio Mishima, seguiu-se Kenzaburo Oe e por fim o maior de todos, Haruki Murakami. Deste último já li quase tudo. Comecei com Sputnik, Meu Amor, escolhido de entre vários na prateleira porque estava mal de amores e precisava de carpir a minha dor…Seguiram-se muitos outros, Norwegian Wood, Em Busca do Carneiro Selvagem, Kafka À Beira-Mar (um dos livros do meu Top 3), Crónica do Pássaro de Corda, Auto-Retrato do Escritor Como Corredor de Fundo, etc., etc.

 

Neste momento estou prestes a acabar o 2º volume de 1Q84 e apesar de, para mim, nem tudo neste livro ser irrepreensível, é com alegria que me congratulo que o universo fantasioso de Murakami invadiu já a sociedade e a política portuguesas.  Nesta obra, um dos protagonistas é um professor de Matemática que acumula com a profissão de ghostwriter escrevendo um livro que se torna num grande sucesso, ganhando um prémio e atingido vendas muito elevadas.

 

Em Portugal existe já pelo menos uma empresa a oferecer este serviço – a Culture Print. De acordo com esta notícia, a empresa oferece os seus préstimos de escrita de livros, blogues e discursos a quem tenha dificuldade em exprimir-se por palavras.

 

Julgo que o último cliente a solicitar este tipo de serviços terá sido o Serviço Nacional de Saúde, pedindo-lhes que redigissem a missiva que está a chegar a alguns laboratórios farmacêuticos, “exigindo perdões significativos da dívida em atraso, em troca do fornecimento de medicamentos e diagnósticos in vitro, para avançarem com o seu pagamento”.

 

         Não há dúvida que o estilo de Murakami está lá (a “fantasia” da proposta encontrada para se resolverem as dívidas e a “solidão” intuída para quem não embarque nesta solução), embora fique um pouco aquém do original. Não sei se será um best-seller.


publicado por Veruska às 15:05

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Terça-feira, 14 de Abril de 2009

Desde pequena que tenho hábitos estranhos... ou como Corín Tellado foi tão importante na minha vida

Maria del Socorro Tellado López (vulgo Corín Tellado) morreu dia 11 de Abril, e por essa razão relembrei os meus tempos de puberdade, altura em que a minha vida era pautada por uma grande promiscuidade literária. Naquele tempo, a leitura não era uma prioridade lá em casa, muito menos a leitura da miúda que lia tantos livros que havia o receio de ficar com algum problema de visão. A miúda era proibida sistematicamente de ler e por vezes até lhe impunham limites de leitura semanais.
 
Nesses tempos lia tudo o que aparecia lá em casa ou aquilo a que conseguia deitar a mão: Isaac Asimov, Enid Blyton, Agatha Christie, Camilo Castelo Branco, Trindade Coelho, Eça de Queiroz, Harold Robbins, Heinz Konsalik entre muitos outros. O género não interessava, tanto vibrava com uma aventura no Colégio das Quatro Torres, como com as cenas de sexo escaldante dentro das águas calmas do Pacífico ou com o sofrimento infligido por prisioneiros sem escrúpulos que insistiam em sexo não consensual.
 
Mas de tudo, o recordo com maior nostalgia é mesmo o livro de Corín Tellado que um dia encontrei lá por casa. A história centrava-se numa filha de empregada que se apaixonava pelo filho dos donos da casa, um elegante cavalheiro cujo esquema ardiloso da menina de classe baixa o levou à paixão impossível de conter. Apesar da aprovação parental por ler obras mais consentâneas com o meu género e idade e que de alguma forma promoveriam a minha formação como futura mãe e esposa, depressa percebi que aquelas histórias além de não reflectirem a realidade, tinham como único interesse a comicidade existente nas entrelinhas.
 
Durante algum tempo, e catalisada por tão repetitiva autora, a minha criatividade intensificou-se levando à criação de uma personagem imaginária, também ela escritora, de nome Corín do Telhado, e também eu, cumprindo com a tradição oral de séculos de sabedoria popular, lá fui transmitindo à minha irmã estórias de amor profundamente irónicas, inspiradas por fotografias de revistas.
 
            Devido à tenra idade da minha irmã (ela não teria mais de 6 anos) a sua memória destes acontecimentos não deve ser grande. Ainda bem!
publicado por Veruska às 14:10

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