Escrevo com ritmo. Quem lê os meus post’s pode concordar comigo ou não, mas não há dúvida de que o ritmo é um dos meus objectivos quando coloco palavra após palavra.
Sei que não sou a única a utilizar esta estratégia. Muitos são aqueles que também a utilizam, seja para cativar leitores ou ouvintes ou simplesmente porque a musicalidade das palavras confere prazer a quem as escreve. Uma das minhas características consiste, sempre que possível, em utilizar grupos ternários de expressões ou palavras para descrever acontecimentos, relatar emoções ou compor frases que pela sua dimensão reduzida necessitam de algum acréscimo.
O ministro Vítor Gaspar também faz parte deste grupo. No último fim-de-semana ouvi-o afirmar “será necessário mudar regras, normas, comportamentos e formas de organização para garantir a persistência e a robustez do crédito público”. Situando-se ele, na hierarquia que regula este país, num lugar muito superior ao meu, fiquei contente por utilizarmos o mesmo artifício e aceito sem discussão que ele use grupos quaternários de palavras em vez da minha modesta opção pelos ternários.
Mas como a superficialidade das palavras não me satisfaz plenamente, depressa analisei a declaração supra-citada e de repente percebi que afinal o ritmo era mesmo o seu objectivo, relegando para segundo plano o conteúdo. As quatro ideias não se complementam mas sim substituem-se umas às outras, elevando quem as pronuncia para a posição de mero intérprete de uma realidade que lhe foge a cada dia que passa.
Hoje, depois de ter tomado conhecimento, de que a Google está a ajudar os chineses a ultrapassar a censura imposta pelo governo, facultando-lhes a informação de palavras alternativas de busca às censuradas, compreendo que afinal o comportamento do ministro Vítor Gaspar, faz parte de um plano que vem sendo revelado muito lentamente, de transformar o governo português no motor de busca semelhante ao Google.
A Google é uma multinacional que tem como produto transacionado o software que possibilite a produtividade online, como o Gmail, o Picasa, o Google Maps, entre outros. Também o governo português se encontra num processo de colagem a esta empresa já fornecendo alguns dos serviços da sua concorrente. Entre eles encontram-se:
Caixa de correio electrónico
Segundo Loureiro dos Santos os “ministros passaram a ser a caixa de correio de Vítor Gaspar”, estando já assegurada uma das maiores funcionalidades associada ao motor de busca. Resta é a incógnita do tamanho disponibilizada por cada depósito postal.
Comunicar e colaborar na web
Exemplifica-se com o caso de Miguel Relvas, não sendo necessário dar mais algum detalhe.
Google tradutor
Este ainda está em desenvolvimento, pois frequentemente não entendemos o que é afirmado pelos membros do governo.
Aguardo com expectativa a divulgação de outros aplicativos, como o navegador, o serviço de mensagens instantâneas ou as ferramentas de redes sociais. Resta saber se também à semelhança da Google, a marca Portugal se tornará a mais poderosa do mundo.
O meu fascínio pelo Japão começou em menina. Nessa altura, a cultura japonesa era praticamente uma incógnita para os portugueses acabadinhos de sair de um período de “cegueira”, mas não sei bem explicar porquê, a vontade de conhecer o que se passava por lá, ia crescendo devagarinho dentro de mim.
Não se tratava de uma paixão exacerbada mas sim de um amor construído de forma lenta e sólida. Queria andar pelas ruas de Tóquio, visitar templos, jogar pachinko e tentar compreender como é que aquele povo gostava tanto de Manga.
Depois vieram as leituras. Comecei com Yukio Mishima, seguiu-se Kenzaburo Oe e por fim o maior de todos, Haruki Murakami. Deste último já li quase tudo. Comecei com Sputnik, Meu Amor, escolhido de entre vários na prateleira porque estava mal de amores e precisava de carpir a minha dor…Seguiram-se muitos outros, Norwegian Wood, Em Busca do Carneiro Selvagem, Kafka À Beira-Mar (um dos livros do meu Top 3), Crónica do Pássaro de Corda, Auto-Retrato do Escritor Como Corredor de Fundo, etc., etc.
Neste momento estou prestes a acabar o 2º volume de 1Q84 e apesar de, para mim, nem tudo neste livro ser irrepreensível, é com alegria que me congratulo que o universo fantasioso de Murakami invadiu já a sociedade e a política portuguesas. Nesta obra, um dos protagonistas é um professor de Matemática que acumula com a profissão de ghostwriter escrevendo um livro que se torna num grande sucesso, ganhando um prémio e atingido vendas muito elevadas.
Em Portugal existe já pelo menos uma empresa a oferecer este serviço – a Culture Print. De acordo com esta notícia, a empresa oferece os seus préstimos de escrita de livros, blogues e discursos a quem tenha dificuldade em exprimir-se por palavras.
Julgo que o último cliente a solicitar este tipo de serviços terá sido o Serviço Nacional de Saúde, pedindo-lhes que redigissem a missiva que está a chegar a alguns laboratórios farmacêuticos, “exigindo perdões significativos da dívida em atraso, em troca do fornecimento de medicamentos e diagnósticos in vitro, para avançarem com o seu pagamento”.
Não há dúvida que o estilo de Murakami está lá (a “fantasia” da proposta encontrada para se resolverem as dívidas e a “solidão” intuída para quem não embarque nesta solução), embora fique um pouco aquém do original. Não sei se será um best-seller.
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