Sexta-feira, 6 de Setembro de 2013

Gosto de Ciência e Tecnologia...ou "Não. São só spotter's!"

 

 

 

 

 

É ao som ritmado de umas guitarradas de título Down the Hillside que descubro um título maravilhoso - É uma teia, um fungo ou um bicho? – acompanhado de uma fotografia enigmática que pretende representar uma “coisa desconhecida” encontrada na Amazónia Peruana por um estudante do Instituto de Tecnologia da Geórgia.

 

Os vários cientistas que têm tido acesso às imagens captadas avançam hipóteses como “uma teia, uma espécie de casulo em construção, uma aranha ou até um fungo”, mas nada de conclusivo surgiu até agora. O mistério continua e será necessário analisar em mais detalhe as estruturas encontradas.

 

A observação é a acção primordial do método científico. É após a constatação dos fatos, que se montam as hipóteses, se verifica a sua plausibilidade e por aí fora. É este pensar científico que pauta grande parte das minhas atividades ociosas. Confesso que tenho um particular gosto pela elaboração das hipóteses, mas isso nunca me impediu de aplicar em toda sua extensão este tipo de metodologia.

 

Também eu gosto de participar em novas experiências, descobrir novos mundos e encontrar seres diferentes. Desde há cerca de 3 semanas que procedo à observação de aviões. Gosto de os ver descolar e aterrar. Observo a forma como se fazem à pista e avalio o tempo que demoram a imobilizarem-se. As manobras em terra também são escrutinadas, o barulho dos motores avaliado. Não lhes tiro fotos, não aponto a sua matrícula e pouco me interessa a sua origem ou destino.

 

Mas após muitos Ryanair’s, Easy Jet’s e outros que tais, a minha acurada observação científica desviou-se para terra deixando o ar para segundo plano. Tal como o jovem estudante de tecnologia, também não sei que seres são esses que partilham comigo o planalto de terra batida sob sol abrasador. Serão meros curiosos, pessoas que sentem o apelo da tecnologia ou simples autóctones em pausa…Para já, mantém-se o mistério!

 

publicado por Veruska às 15:56

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Quinta-feira, 22 de Agosto de 2013

Sincronização automática… ou um i-phone roubado em Ibiza

 

 

Sempre achei curioso como factos aparentemente desconexos podem estar na origem de fenómenos semelhantes. No auge deste blog, deparei-me por diversas vezes com esta causalidade que mais parecia casualidade alimentando a minha necessidade contínua em imaginar estórias absurdas.

 

Algumas das vezes transcrevi-as para o word (abomino escrever em papel), outras verbalizei-as durante monólogos repletos de plateia e outras ainda foram esquecidas para sempre.  Ontem, ao longo de uma demorada caminhada por entre flamingos, patos e espelhos de água repletos de reflexos mais uma vez refleti sobre o que poderia ligar Sixto Rodriguez (cantor) a Hafid (ladrão de i-phone).

 

Sixto Rodriguez é só a minha mais recente paixão musical. Músico comparado por especialistas a Bob Dylan e segundo algum deles, muito melhor do que este último, não conseguiu o tão almejado sucesso. Lança dois álbuns no início da década de 70, mas devido a causas que não se conseguem descortinar, a fama nunca chegou, e Rodriguez acaba por voltar à sua profissão original de trabalhador não qualificado na construção civil.

 

Mais ou menos por essa altura, e também sem se saber muito bem como, os discos de Rodriguez atingem um sucesso estrondoso na África do Sul, embora nem o próprio nem os produtores/editores tenham conhecimento deste fenómeno. Vivia-se em plena época do apartheid e pelos vistos as letras das canções como Sugar Man ou Cold Fact incitavam à liberdade e atiravam para a sarjeta ideias de segregação.

 

Só muitas décadas depois e quase a entrar no novo milénio é que se dá de caras com o próprio Sixto Rodrigez, homem humilde, interventivo na comunidade, doutorado em filosofia e algo esquivo (isto na minha modesta opinião e apenas baseada no documentário Searching for Sugar Man). Foi difícil encontra-lo. O senhor não construiu a sua vida nas redes sociais, não aparecia nas revistas… não era uma celebridade. A partir do momento que é redescoberto, primeiro a África do Sul e depois o resto do mundo querem-no.

 

Já Hafid é apenas um moço do Dubai que o ano passado decidiu roubar um i-phone em Ibiza durante uma noite, quiçá estrelada.  Dos seus dados pessoais sabemos pouco e nem sequer conseguimos descortinar se gostará de cantar ou escrever poesia. Sabemos sim, que gosta muito de tirar fotografias com o seu i-phone roubado. Fotografias sozinho, acompanhado pelos amigos; de chinelos, de calças de ganga, etc, etc. Também sabemos que ele é burro que nem uma porta e nem de tecnologia deve perceber. O seu telemóvel está sincronizado com o Dropbox da legítima dona, que por essa razão recebe todas as fotos que com ele são tiradas.

 

E é aqui mesmo que reside o ponto de contacto entre Rodriguez e Hafid – a sincronização. Ambos são alvo de uma simultaneidade de acontecimentos embora a velocidades diferentes. Para Rodrigez, esse sincronismo foi muito lento, demorando décadas até que a sua obra fosse reconhecida estando agora a recuperar todo o tempo perdido à laia de herói incompreendido de quem corria o boato de que se teria suicidado em palco. Já para o mocinho do Dubai, a sua história é divulgada quase em tempo real e ele é já um anti-herói  – classificação que lhe assenta como uma luva.

publicado por Veruska às 14:56

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Quarta-feira, 31 de Julho de 2013

Brincar aos pobrezinhos na Comporta... ou brincar aos riquinhos no Algarve

 

Fonte: http://www.boattoursriaformosa.com/en/ria_formosa.php


Eu já sabia que brincar não era uma atividade exclusivamente infantil.  Eu própria sou o mais perfeito exemplo disso. Não é que goste de estar ocupada a vestir ou despir bonecas, ou a praticar artes culinárias com tachos em miniatura, mas a ideia de me divertir com outras pessoas num cenário fantasioso continua a ser-me apelativo.

 

No dia a dia às vezes é difícil praticar a atividade, mas mesmo perante os obstáculos mais difíceis lá vou galhofando, muita das vezes em regime solitário e outras vezes perante a incompreensão de quem me rodeia.

 

Também as pessoas chiques brincam. Cristina Espírito Santo brinca aos pobrezinhos na Comporta. Não possuo mais detalhes sobre a sua atividade de lazer, mas depreendo que ela, durante esse período, agarre numa esfregona e lave o chão, chupe as cabeças do camarão comprado no hipermercado ou quiçá, arrisque a ler a Nova Gente num final de tarde.

 

Eu também brinco durante as férias e, tal como ela, também saio da minha zona de conforto. É verdade, durante o Verão brinco aos riquinhos. Vou a banhos no Ancão, arrisco numa ementa gastronómica mais elaborada, disfruto de momentos únicos ao pôr-do-sol e passeio em locais de sonho.

 

A diferença: uma de nós não tem dinheiro para gastar em luxos!

 

publicado por Veruska às 12:01

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Quarta-feira, 7 de Abril de 2010

Eu não vi Vikings e por isso fiquei triste

 

 

            O imaginário cinematográfico mais uma vez catalisou a minha vontade de descobrir novos lugares. Desta vez foi um filme de 1958 protagonizado por Kirk Douglas – The Vikings (comerciantes, guerreiros, piratas da Escandinávia) – que eu vi várias vezes ao longo da minha adolescência.  Inicialmente a motivação que me levava a visitar Oslo não era mais do que aproveitar um voo barato mas ao fim de algum tempo a vontade de conhecer um pouco da história Viking tomava conta de mim.

 

            Todos me diziam que Oslo era pequeno, não tinha uma beleza espectacular e que era uma cidade extremamente cara. Tais afirmações não funcionaram como desmotivação mas sim como elementos catalisadores de descobrir e aprender coisas novas. Queria ver como eram os noruegueses, se existiam trols (criaturas antropomórficas do folclore escandinavo), ver um fiorde ou perceber o que é isso de se ser escandinavo.

 

            Na cidade muito fria, visitam-se museus, muitos museus (infelizmente as lojas estavam fechadas devido à Páscoa), janta-se em restaurantes simpáticos e bebem-se copos em bares ainda mais simpáticos. A multiculturalidade está presente em todo o lado, embora os mais bonitos sejam mesmo os noruegueses de tez clara, cabelo louro e ar muito saudável.

 

            Os Trols também existem e são mesmo avistados de vez em quando na rua, caminhando sozinhos com roupa andrajosa, cabelo despenteado e ar levemente assustador. Já dos Vikings nem referência; os museus onde se encontram alguns dos artefactos deste povo estavam fechados devido à Páscoa e por isso não puderam ser visitados. Foi mesmo esse o ponto negativo de toda a viagem – o não ter visto o Museu dos Barcos Vikings - e agora que acabei de descobrir que um dos concertos incluído no Inferno Festival, mais conhecido por Black Easter, decorreu nesse museu, não consigo deixar de sentir um bocadinho de inveja e tristeza por não ser “metaleira”.

 

publicado por Veruska às 12:16

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Quinta-feira, 20 de Agosto de 2009

Mais um bocadinho do meu Japão

 

Apesar de passada quase uma semana após o meu regresso ainda é muito difícil organizar as minhas ideias e apresentar-vos um relato coerente e que traduza exactamente o que senti durante os dias em que estive por terras japonesas. Tudo o que vivi irá fazer parte das minhas memórias para sempre. Tão importantes foram os sismos de grande intensidade que experienciei em Tóquio, a serenidade de Koyasan, a chatice de Takayama, a imponência de Nikko, como os arranha-céus de Shinjuku.
 
Depois de muitas tentativas lá consegui organizar (embora de uma forma muito subtil) uma pequena parte do meu pensamento.
 
1º) A tecnologia quase ausente
 
            Foi por Osaka que iniciei a descoberta do Japão. Também foi em Osaka, mais propriamente no aeroporto que a primeira fantasia sobre o Japão caiu por terra. Ao desembarcar naquela que é considerada uma grande metrópole fiquei desde logo pouco impressionada com o seu aeroporto – os painéis electrónicos informativos eram praticamente inexistentes, espalhados pelos corredores existiam vários cartazes escritos “à mão” e até o controlo policial parecia demasiado arcaico. Ora, não era essa a história que me tinham contado sobre o Japão; desde sempre que tinha a ideia que o Japão era o país mais avançado do mundo em termos tecnológicos…
 
            Claro que tudo isto não tinha passado de um susto de muito curta duração. Logo no controlo policial a comunicação foi possível através de um monitor que debitava as instruções necessárias para realizar o registo de dados biométricos em… português.
 
Ao longo dos 18 dias em que permaneci nas terras do Sol Nascente as minhas expectativas não saíram defraudadas pois todos os dias constatava que a tecnologia apesar de subtil estava lá para ficar, sendo um dos casos mais clássicos as fantásticas casas-de-banho estilo ocidental. Nestes espaços quase tudo é electrónico - a descarga do autoclismo desencadeada por um movimento de mão, o bidé incorporado nas sanitas de tampo aquecido e o som de descarga também activado por sensores com o objectivo de impedir que se oiçam os verdadeiros barulhos quando se utilizam as instalações sanitárias.            
 
 
2º) Assustando as criancinhas
 
Sendo um Japão um país com uma das maiores economias mundiais e pertencendo a várias organizações internacionais esperava que a comunicação não fosse um problema tão presente nestas semanas passadas por lá.
 
O primeiro problema real surgiu no segundo dia em plena estação de Osaka (metro e comboios) quando nos deparamos com inscrições praticamente só em caracteres japoneses, dezenas de corredores e centenas ou milhares de pessoas em passo apressado. Várias foram as tentativas frustradas de comunicação. Rapidamente constatei que o inglês não é uma língua compreendida ou falada pelos japoneses (houve mesmo sensação de que alguns recepcionistas dos hotéis por onde passei, não percebiam uma palavra de inglês). A par de tudo isto, rapidamente percebi que o meu aspecto ocidental era também um entrave à aproximação dos autóctones.
 
Quando os interpelava alguns afastavam-se, outros riam de forma disfarçada e algumas criancinhas choravam e fugiam. Fui alvo de fotografias tiradas de forma discreta e utilizando algumas das mesmas estratégias que eu própria usava quando queria fotografar meninas vestidas com iucata ou rapazes de penteados estranhos, unhas pintadas e sobrancelhas rapadas.
 
Tal como nos explicaram e apesar dos japoneses serem um povo muito simpático, cortês e prestável, as relações com os ocidentais não são uma coisa desejável. E quanto à aprendizagem do inglês esta é praticamente inexistente e facilmente relegada para segundo plano.
 
3º) Os malucos dos japoneses
 
O Japão é um país de contrastes. A par da tradição sempre presente nos templos e santuários espalhados por todas as cidades existe também a sensação de que o Japão e mais concretamente Tóquio, não é real e que não deve ser mais do que vários hologramas  que projectam uma realidade virtual saída de um qualquer livro de banda desenhada.
 
Nas ruas coexistem pessoas de quase todas as tribos urbanas que se possam imaginar e de mais algumas que eu nem imaginava que existiam. De todas, aquelas que mais me impressionaram foram as “Lolitas” (raparigas que vestem roupas de inspiração vitoriana ou rococó tentando imitar bonecas de porcelana). Dos rapazes também muito se poderia dizer, especialmente daqueles que só vestem roupa de designers conceituados, usam maquilhagem, pintam as unhas e arranjam o cabelo de uma forma impossível de explicar.
 
A vida nocturna também merece aqui um parágrafo específico. Num primeiro olhar quase se poderia dizer que ela era inexistente, mas depois de alguns dias compreendi que ela existe, só que de uma forma totalmente diferente da existente em Portugal. Até por volta das 22 horas os restaurantes estão cheios e as ruas intensamente iluminadas pelos néons, fervilham de vida. À medida que os restaurantes vão fechando (e eles fecham pouco depois das 22 horas) algumas pessoas vão para as salas de jogo jogar pachinko e a maioria delas vai não se sabe para onde. Nas ruas ficam apenas os proxenetas que, de tão bem vestidos, conseguem ofuscar qualquer pessoa. No Japão há prostitutas para todos os gostos, desde as “european cats” até às senhoras vestidas com trajes tradicionais japoneses.
 
O consumismo é uma realidade japonesa e o poder de compra dos japoneses faz com que a loja mais frequente no Japão seja, quase de certeza, a Chanel seguida de muito perto pela Louis Vuitton. Os homens usam malas de senhora e as senhoras calçam botas de borracha Hermès ou de qualquer outra marca do género. Para os que têm menor poder económico também existem boutiques e sapatarias sendo estas últimas caracterizadas pelo peculiar sistema de catalogação dos sapatos – os tamanhos existentes são o S, o M ou o L.
 
Nos espaços fechados não se fala ao telemóvel e nem se fuma. Nos espaços ao ar livre também não. Quem quer fumar vai para um smoking point e quem quer falar ao telemóvel não sei como faz. Durante este tempo todo não devo ter visto mais de três pessoas a falar ao telemóvel. Não cheguei a perceber o que fazem eles com este aparelho para o qual olham constantemente, teclando como se não houvesse dia de amanhã.
 
 
Em suma, é uma viagem que recomendo vivamente a todos.

 

publicado por Veruska às 21:41

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