No outro dia perguntavam-me sobre o que era concretamente o Princípio da Incerteza de Heisenberg. Facilmente expliquei, que tudo não era mais do que algo que nos impedia de saber com igual certeza, a velocidade e a posição de uma partícula (leia-se eletrão). Se se conseguir medir com exatidão a sua velocidade, não saberei com exatidão a sua posição e se conhecer a posição não terei certezas sobre a velocidade. Apesar de tudo isto se aplicar a uma partícula sub-atómica não deixo de achar irónico, em que algumas situações, um rearranjo de escala possa levar a que o Princípio se aplique a corpos macroscópicos. Penso em concreto no dinheiro.
Desde há algum tempo a esta parte, que deixei de conhecer exatamente a posição do meu saldo bancário. Não sei se tenho mais ou menos dinheiro, mas sei com detalhe que logo após o crédito do meu ordenado ele sai da minha conta a uma velocidade supersónica (talvez mach 2). E mais, face aos últimos acontecimentos, verifiquei que a velocidade de saída do dinheiro do meu ordenado é tão grande, que deixei de perceber quanto é que aufiro mensalmente.
Claro que eu também contribuo ativamente para essa diminuição de rendimento mensal. Eu preciso de comer, de pagar despesas fixas como eletricidade, água e gás e até de recorrer a médicos e realizar exames de diagnóstico. Preciso também de me deslocar até ao meu local de trabalho e de sustentar o meu filho de dois anos. O que eu não precisava mesmo era de investir num portátil porque trabalho com computadores obsoletos ou pagar do meu bolso formação que obrigatoriamente tenho de frequentar…
Nestes dias de reflexão sobre o que aprendi na faculdade, comecei a deixar para trás o Princípio da Incerteza de Heisenberg e centrar-me no Efeito Borboleta. Talvez o meu leve bater de asas (que é a única coisa que faço desde que prescindi de ir ao cinema, ao teatro; de comprar livros, CD’s, roupas em lojas que não sejam a Primark ou com descontos superiores a 60%, detergentes que não estejam com descontos que permitam fazer stock para um ano, etc etc) possa provocar um tufão.
Na imprensa de hoje há um título que causou em mim uma descarga de adrenalina- “Armstrong fez parte do programa de doping mais sofisticado do mundo”. Sou uma grande fã de filmes que girem em torno da temática do terrorismo/espionagem e a ideia de que um atleta, que em tempos passou férias no Algarve, pudesse estar envolvido num esquema ilegal e que ainda por cima este se situaria no topo da sofisticação, devia ser por si só tema de uma série policial que eu iria devorar do primeiro ao último capítulo.
De acordo com a imprensa norte-americana, “os dados reunidos no extenso documento provam, "sem margem para dúvidas", que o antigo ciclista norte-americano e a US Postal "montaram o mais sofisticado, profissional e bem-sucedido programa de doping da história do desporto". E, pelos vistos há mesmo quem confesse o uso de substâncias ilícitas para melhorar o rendimento; Hincapie (um parceiro de Armstrong), afirma . "Cedo na minha carreira profissional tornou-se claro que, devido ao uso generalizado de substâncias proibidas, não era possível competir ao mais alto nível sem elas".
Por cá, é Miguel Relvas que protagoniza um caso com semelhanças ao do ciclista ex-campeão. Desde que veio a público a forma como Relvas se licenciou, que se intuía que este possuiria muitos dons impossíveis de explicar. Agora vem a público que ele presumivelmente estará envolvido num projeto que pretendia formar várias centenas de técnicos municipais para ocuparem os setes lugares existentes nas pistas de aviação municipais e heliportos portugueses. Não sei como é que ele consegue tais feitos, nem de quem se rodeia para levar a cabo os seus intentos, mas que existirá uma trama bem urdida que tem um fim em vista, lá isso existe.
Fosse ele ciclista e acredito que tivesse a determinação e perseverança de conseguir feitos que rivalizariam com os de Armstrong.
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