Muito se tem falado da sustentabilidade económica do nosso país e de como os nascimentos são absolutamente necessários para garantir a substituição das gerações. Por cá a coisa não está bem. As famílias debatem-se com extremas dificuldades, a vontade em ter filhos vai diminuindo e a ação de procriação torna-se cada vez mais reduzida. Mesmo quem os tem, faz questão de discursar no sentido de esperar um futuro brilhante para a sua prole mas fora do nosso país, incentivando os miúdos amorfos, sabe-se lá com que estratégias.
Por a taxa de natalidade ser tão reduzida medidas impõem-se. Recentemente o fulcro da questão centrou-se nos impostos. Quem tem filhos deveria ser beneficiado, quem não os tem seria consequentemente prejudicado. Tudo é explicado de forma tão intricada que duvido que algum cidadão, (e eu até tenho um curso superior), consiga perceber e quantificar exatamente o que poderá suceder num futuro próximo. Na realidade duvido que venha a existir algum benefício, embora tenha a certeza que prejuízos não irão faltar. Curiosamente, no Japão, falou-se em distribuir às famílias preservativos furados; essa sim uma medida controversa, embora no seu âmago fosse levar ao mesmo resultado que as medidas a aplicar em Portugal; até o grau de incompreensão sobre porque é que se ia ter um filho seria o mesmo.
Claro que há quem veja mais além. Quem queira trabalhar de uma forma proactiva em prol desta nação. Quem sinta que deva tentar a sua sorte num ambiente de loucura em que se calhar nem há preservativos e se foge aos deveres fiscais. Depois do desfile de motas da concentração de Faro (é verdade fui, ver), ao afastar-me em direção ao carro com o meu filho de 2 anos pela mão, fui abordada por um motociclista. Disse-me para ir com ele no desfile. Sorriu-me, convidou-me várias vezes e ainda me aliciou com o facto de ficar viciada na coisa se experimentasse com ele. Ah, o cheiro da gasolina deixa qualquer um em extâse!
Por muito que o exercício da liberdade e o direito a ela seja uma realidade inegável, aceito e até compreendo que em prol de um desenvolvimento mais harmonioso com a sociedade que almejamos, um controlo parental mais rigoroso no que respeita à tecnologia que nos rodeia deva ser mais intenso. Isto de deixar um miúdo sozinho num quarto com um computador durante horas intermináveis não é aconselhável.
Depois de alguns diálogos, que de fáceis têm tudo, com alguns jovens pré-adolescentes e adolescentes descobri que isto de ludibriar os pais é muito simples. Basta, por exemplo, apagar a luz do quarto enquanto se mantém o tablet ou o telefone debaixo dos lençóis ligado e esperar pelo momento em que o resto da família esteja dormir para então estar descontraído até de madrugada na sua vida virtual. Mesmo quem não tem acesso à informática no quarto me garante que é muito fácil ir para a cama, dormir um pouco, colocar o despertador para as 2 horas da manhã e depois ir para a sala entrar em chat´s e redes sociais, enquanto os pais dormem profundamente.
Estando eu ainda no início desta caminhada da parentalidade assumo que a posição radical que tomo de repudiar estes comportamentos de inatividade por parte dos pais, pode mudar a qualquer instante. Mas a ideia de que uma mãe ou um pai, mesmo que inebriados pelo cansaço diário que os leva a dormir um sono merecido, não consiga vislumbrar os sinais de cansaço, falta de concentração, isolamento e o discurso dos professores que os alertam para a situação, soa-me a indiferença. Uma espécie de “longe da vista, longe do coração”, ideia que afasta dos nossos pensamentos coisas menos felizes mas que a longo prazo retorna com uma força ainda maior.
Ora no Japão, este problema também existe e sendo essa uma nação tão centrada em valores (sejam eles bons ou maus) houve quem tomasse uma atitude “com tomates”. Em Kasuga decidiu-se que os adolescentes seriam proibidos de usar os seus smartphones entre as 22 horas e as 6 horas. Não sei como o controle desta imposição será feito, mas sei que de certeza situações de ciberbullying, de falta de empenho na concretização das tarefas escolares ou a privação de convívio em família irão diminuir.
Por cá esta medida seria também importante, já que não são só os jovens que sofrem desta adição. É na figura de um adulto, com responsabilidades políticas que o alerta surge. Narciso Miranda, antigo presidente da câmara de Matosinhos terá recorrido a um esquema ardiloso para conseguir um iPhone 4. Segundo a imprensa, o senhor em causa terá participado um furto de um iPhone 3GS a fim de conseguir o modelo seguinte, mais avançado tecnologicamente. Fosse ele alvo desta proibição noturna, constataria que não necessitaria de um modelo mais recente, não gastaria tempo a engendrar uma série de crimes e até conviveria mais com a filha sem necessidade de a arrastar para toda esta situação irregular.
O meu fascínio pelo Japão começou em menina. Nessa altura, a cultura japonesa era praticamente uma incógnita para os portugueses acabadinhos de sair de um período de “cegueira”, mas não sei bem explicar porquê, a vontade de conhecer o que se passava por lá, ia crescendo devagarinho dentro de mim.
Não se tratava de uma paixão exacerbada mas sim de um amor construído de forma lenta e sólida. Queria andar pelas ruas de Tóquio, visitar templos, jogar pachinko e tentar compreender como é que aquele povo gostava tanto de Manga.
Depois vieram as leituras. Comecei com Yukio Mishima, seguiu-se Kenzaburo Oe e por fim o maior de todos, Haruki Murakami. Deste último já li quase tudo. Comecei com Sputnik, Meu Amor, escolhido de entre vários na prateleira porque estava mal de amores e precisava de carpir a minha dor…Seguiram-se muitos outros, Norwegian Wood, Em Busca do Carneiro Selvagem, Kafka À Beira-Mar (um dos livros do meu Top 3), Crónica do Pássaro de Corda, Auto-Retrato do Escritor Como Corredor de Fundo, etc., etc.
Neste momento estou prestes a acabar o 2º volume de 1Q84 e apesar de, para mim, nem tudo neste livro ser irrepreensível, é com alegria que me congratulo que o universo fantasioso de Murakami invadiu já a sociedade e a política portuguesas. Nesta obra, um dos protagonistas é um professor de Matemática que acumula com a profissão de ghostwriter escrevendo um livro que se torna num grande sucesso, ganhando um prémio e atingido vendas muito elevadas.
Em Portugal existe já pelo menos uma empresa a oferecer este serviço – a Culture Print. De acordo com esta notícia, a empresa oferece os seus préstimos de escrita de livros, blogues e discursos a quem tenha dificuldade em exprimir-se por palavras.
Julgo que o último cliente a solicitar este tipo de serviços terá sido o Serviço Nacional de Saúde, pedindo-lhes que redigissem a missiva que está a chegar a alguns laboratórios farmacêuticos, “exigindo perdões significativos da dívida em atraso, em troca do fornecimento de medicamentos e diagnósticos in vitro, para avançarem com o seu pagamento”.
Não há dúvida que o estilo de Murakami está lá (a “fantasia” da proposta encontrada para se resolverem as dívidas e a “solidão” intuída para quem não embarque nesta solução), embora fique um pouco aquém do original. Não sei se será um best-seller.
Em linguagem científica, ordem de grandeza é a potência inteira de 10 que melhor se aproxima de um determinado número. A ordem de grandeza de 0,3 é 10-1, a ordem de grandeza de 2 é 100, a ordem de grandeza de 69 é 102 e assim sucessivamente.
Apesar de tal definição ser praticamente inatingível para grande maioria das pessoas (muitas delas divorciadas da matemática), a sua correspondente em linguagem comum é amplamente utilizada quando se tentam estimar ou comparar quantidades. Também quando se comparam países, continentes ou regiões do nosso planeta, este conceito pode ser utilizado. A ordem de grandeza do território espanhol é muito superior à do território português ou como descobri nestes últimos dias, a ordem de grandeza do Japão é muito maior que a ordem de grandeza da Europa.
É precisamente nesta última ideia, que me vou centrar hoje. Desde há algum tempo que sei que se defende na Europa a ideia de um carregador universal de telemóveis. Pode parecer um assunto menor mas actualmente quase todos consideram que é impossível viver sem um telemóvel (mesmo aqueles, que como eu, viveram toda uma adolescência a correr para o telefone fixo lá de casa antes que as chamadas fossem atendidas pelos pais ou à espera de amigos atrasados para encontros). É por isso que é fácil perceber qual a dimensão real desta medida. As implicações sociais são enormes, mas as ambientais também não são de negligenciar, pois a partir do momento em que for implementada, a necessidade de adquirir um carregador quando se compra um novo aparelho deixa de existir.
Mas inovação é o que está a ser desenvolvido actualmente no Japão – um iluminador de dentadura! Dois designer’s japoneses - Motoi Ishibashi e Daito Manabe – desenvolveram um mecanismo que permite iluminar os dentes de qualquer um de nós utilizando um dispositivo LED. A iluminação pode ser feita recorrendo a várias cores e o dispositivo, que é activado quando se sorri, pode ser programado utilizando um computador. Do ponto vista ambiental o impacte desta invenção não será positivo e do ponto vista social também não sei se corresponderá a um marco histórico, mas lá que o Japão está “muito à frente”, está!
Ainda não estão à venda, mas eu quero muito ter um!
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