Se em 2009 pretendia que o meu Carnaval fosse um misto de consciencialização política e revivalismo, cinco anos depois já nada disto é importante. Neste ano de 2014, embebida na real essência da maternidade que me vai obrigando a aderir a todo o tipo de rito, comemoração ou mesmo cerimónias esquisitas que todos me garantem estarem relacionadas com a educação de um pequeno ser de 2 anos, lá tive de me preocupar com o disfarce do petiz.
Não sendo eu uma pessoa que tenha pachorra para procurar máscaras, pensar em disfarces ou improvisar fantasias decidi rapidamente que o melhor era o puto ir mascarado de Homem-Aranha pois neste momento é tudo aquilo em que ele pensa. Face à escassez de fatos desta personagem para crianças pequenas associado ao elevado custo que apresentavam, facilmente a estratégia se modificou em prol do objetivo “compra-se qualquer coisa desde que seja barata e lhe sirva, e depois logo se vê”.
Foi com isto em mente que lá apareceu em casa um fato perfeito do Bob, O Construtor, adquirindo a menos de 10 euros e no tamanho adequado para quem ainda não veste o small de criança chinesa. Conversa vai e conversa vem, e começa a instalar-se o receio (mais tarde confirmado) de que o petiz não se queira mascarar de Bob, O Construtor, personagem animada totalmente ausente da programação dos canais Panda ou Disney. Como de pensamento científico estou repleta, a abordagem seguida, próxima da modelagem, resultou num sucesso pleno originando uma satisfação total aos pais aqui de casa.
O método incluiu uma visita a um espaço comercial de bricolage a fim de envolver o petiz na compra de um capacete de proteção (que iria complementar o disfarce), visionamento de horas seguidas de animações do Bob, O Construtor e cantorias sucessivas de “Eu sou o Bob, O Construtor / Eu sou o Bob, trabalhador”. Em apenas 48 horas de trabalho intensivo e exaustivo por parte desta mãe de primeira e única viagem, lá o puto passou do “nãoooooooo” quando via o fato à recusa total de o despir, nem que fosse para mudar de fralda.
É por isso que compreendo o que Cavaco Silva estará a pensar neste momento (e que o levou a proibir a divulgação do cartaz da imagem). Também ele, pai e avó, deve ter usado estratégias semelhantes a estas para, não só encaminhar aqueles quem educou, mas também para liderar todos aqueles que dele dependeram ou dependem.
Ele sabe que se o virem, caricaturado em cima de um burro personificado de Zé Povinho que está a ser aliciado por uma cenoura, eu e todos os outros cidadãos deste Portugal acabaremos por considerar que o senhor afinal se dedica à agricultura e à pecuária e que não percebe nada de política.
Fonte: http://pedrinhodorio.blogspot.pt/2011/02/com-adevogados-destes-nao-se-vai-longe.html
À medida que andava ontem “para trás e para a frente” ocupada com a logística do início de noite ia tentando manter-me a par do que era noticiado nos telejornais televisivos. Aguardava-se a comunicação de Cavaco Silva ao país, e por incrível que pareça, a ansiedade por conhecer o desfecho da crise política das últimas semanas era totalmente inexistente.
Já não me interessava se o governo caía ou não, se Paulo Portas continuava a exercer funções de ministro ou se o tal acordo de salvação nacional iria existir. Mas entre conversas “di dá dá bebé”, descarte de fraldas nauseabundas e massagens em pés número 21, lá ia tentando perceber se o presidente falava ou não. Não sei quando se iniciou o discurso, nem quando terminou mas quando no corredor percebo que se dizia “é essencial salvaguardar o espírito de abertura ao compromisso manifestado ao longo de uma semana de negociações interpartidárias” percebi que nada tinha mudado e já nem me interessava ouvir os comentários subsequentes ou ler os jornais online com as análises “a quente”.
E hoje, menos de 24 horas volvidas sobre os dizeres impregnados se sapiência de Cavaco Silva, tudo está na mesma. Até voltei a encontrar uma barata em casa (depois de mais de 1 mês de ausência destes bichos). Como gosto de aprender com quem é mais douto do que eu, lembrei-me de manifestar “espírito de abertura” ao acreditar que podia matar uma barata com detergente para a louça e enfatizar o meu “compromisso” em lhe dar com um chinelo quando ela voltasse a aparecer, depois de ter fugido toda besuntada com o Ultra-Pro Clássico do Pingo Doce.
Até agora nada, nem do Cavaco Silva nem da barata. Quanto ao primeiro não sei o que pensar, quanto à segunda, estou na esperança que fique manietada após a secagem do detergente, que estrebuche e não faça vida cá em casa.
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