Fui educada de forma conservadora. Não podia brincar na rua, usar mini-saia, sair para ir dar uma volta e muito menos ter amigos rapazes. Tudo estava programado ou pelo menos desejado por quem em mim mandava. Devia terminar os estudos e ir trabalhar para uma loja, talvez para um escritório pois tinha feito um curso de datilografia. Perante as minhas elevadas notas e o meu desejo de ir para a Universidade, lá segui esse caminho que acabou por ser permitido sem luta, acompanhada do discurso de terceiros sobre a etapa do casamento que deveria acontecer após o início dos namoros, finda a Universidade.
Perante a minha resistência à formação de uma futura boa esposa lá tive de ouvir os clássicos “o teu marido vai saber o que leva para casa pois não prestas para nada” ou “para mandar fazer, tens de saber como” e ainda “como é que podes ser boa nos estudos se em casa não fazes nada bem feito”. Com o passar dos anos fui refletindo sobre tudo o que me era dito, sem embora nunca o ter contestado. Tudo ia passando de forma fluida e sabia que um dia a sensação libertadora de uma independência plena iria chegar até mim. Pelo meio percebi que vivemos num mundo dominado por homens que têm incutido ao longo de milénios a ideia subliminar de que as mulheres são seres especiais, que almejam a proteção no interior do seu lar e a ocupação em tarefas pouco exigentes que mental quer fisicamente, e que a tomada de decisões é algo muito desgastante e por isso deverá ser evitado. Tudo isto não passa de uma artimanha muito bem urdida (tão bem urdida que muitas mulheres são levadas por ela) para disfarçar muitas das incompetências masculinas em que a falta de esforço salta logo à vista.
Felizmente vivo no mundo ocidental e muito do que já quis fazer foi-me permitido pela sociedade que me rodeia, embora reconheça que sendo nós animais sociais a plena liberdade é apenas uma mera utopia. É por essa razão que não consigo ficar indiferente às afirmações do vice primeiro-ministro turco, Bulent Arinc, de que uma mulher decente não ri de forma ruidosa em frente de terceiros. Cá para mim acho, e chego mesmo a acreditar, que esse senhor terá uma pilinha muito pequenina, muito pequenina mesmo e que desconhece totalmente o que fazer com ela, caso contrário não inibiria um comportamento tão saudável.
Em linguagem científica, ordem de grandeza é a potência inteira de 10 que melhor se aproxima de um determinado número. A ordem de grandeza de 0,3 é 10-1, a ordem de grandeza de 2 é 100, a ordem de grandeza de 69 é 102 e assim sucessivamente.
Apesar de tal definição ser praticamente inatingível para grande maioria das pessoas (muitas delas divorciadas da matemática), a sua correspondente em linguagem comum é amplamente utilizada quando se tentam estimar ou comparar quantidades. Também quando se comparam países, continentes ou regiões do nosso planeta, este conceito pode ser utilizado. A ordem de grandeza do território espanhol é muito superior à do território português ou como descobri nestes últimos dias, a ordem de grandeza do Japão é muito maior que a ordem de grandeza da Europa.
É precisamente nesta última ideia, que me vou centrar hoje. Desde há algum tempo que sei que se defende na Europa a ideia de um carregador universal de telemóveis. Pode parecer um assunto menor mas actualmente quase todos consideram que é impossível viver sem um telemóvel (mesmo aqueles, que como eu, viveram toda uma adolescência a correr para o telefone fixo lá de casa antes que as chamadas fossem atendidas pelos pais ou à espera de amigos atrasados para encontros). É por isso que é fácil perceber qual a dimensão real desta medida. As implicações sociais são enormes, mas as ambientais também não são de negligenciar, pois a partir do momento em que for implementada, a necessidade de adquirir um carregador quando se compra um novo aparelho deixa de existir.
Mas inovação é o que está a ser desenvolvido actualmente no Japão – um iluminador de dentadura! Dois designer’s japoneses - Motoi Ishibashi e Daito Manabe – desenvolveram um mecanismo que permite iluminar os dentes de qualquer um de nós utilizando um dispositivo LED. A iluminação pode ser feita recorrendo a várias cores e o dispositivo, que é activado quando se sorri, pode ser programado utilizando um computador. Do ponto vista ambiental o impacte desta invenção não será positivo e do ponto vista social também não sei se corresponderá a um marco histórico, mas lá que o Japão está “muito à frente”, está!
Ainda não estão à venda, mas eu quero muito ter um!
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